Ciro Gomes cresce nas pesquisas, nas redes sociais, e principalmente nos bastidores

Ciro Gomes cresce nas pesquisas, nas redes sociais, e principalmente nos bastidores facebook youtube tiktok instagram pdt
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Nesta quinta-feira sai a primeira pesquisa Datafolha de 2022 sobre as eleições presidenciais. Na última, divulgada em dezembro de 2021, Lula aparentava caminhar para vencer no primeiro turno marcando 48%, Bolsonaro estava em queda em torno de 22%, e Sergio Moro empatava tecnicamente com leve vantagem sobre Ciro Gomes respectivamente com 9% e 7%. Porém, todo mundo sabe que o quadro mudou.

Em todas as pesquisas, Lula parou de subir e oscilou para baixo, Bolsonaro parou de cair e provavelmente roubou alguns votos de Moro, e Ciro Gomes já ultrapassou o ex-juiz suspeito. O Datafolha deve apresentar mais ou menos a mesma tendência das pesquisas recentes de institutos mais sérios como CNT/MDA, FSB/BTG e IPESPE, mas também inclusive de organizações de menor objetividade e metodologias mais frágeis como o lulista PoderData ou mesmo o lavajatista Paraná Pesquisas, que têm apontado a consolidação prevista pela pré-campanha de Ciro Gomes como única alternativa a Lula e Bolsonaro.

A pré-campanha de Ciro Gomes já é a mais moderna do Brasil com investimento massivo nas redes sociais e nas mais sofisticadas técnicas de gerenciamento de dados. Atualmente, o Youtube é a rede social que atinge o maior percentual da população e é a mais usada para se informar sobre as eleições. É justamente nesse meio que Ciro tem o seu melhor desempenho, sem deixar os outros de lado.

Ciro Gomes cresce nas pesquisas, nas redes sociais, e principalmente nos bastidores

Pesquisa BTG FSB Ciro ultrapassa Moro e tem mais potencial de voto que Bolsonaro 2

Enquanto Lula e Bolsonaro já são amplamente conhecidos e por isso possuem muitos seguidores, Ciro investe no engajamento que cria militantes. Como se diz no mercado em ascensão da comunicação política digital: “like não é voto”. Os conteúdos e a frequência da produção de Ciro tem gerado um impacto muito maior do que os de Lula e Bolsonaro, que apesar dos muitos likes, geram pouco engajamento de seu público já estagnado. Ciro tem atingido milhões de visualizações apesar de seus canais terem muito menos seguidores que seus concorrentes. Com dados extraídos via API (Application Programming Interface), a pré-campanha de Ciro tem obtido resultados muito expressivos em comparação aos demais.

Volume de seguidores totais nas redes sociais (Youtube, Instagram, Facebook, Tiktok e Twitter)

Jair Bolsonaro: 46.343.762
Lula: 12.895.008
Sérgio Moro: 6.048.498
João Doria: 5.476.721
Ciro Gomes: 3.989.826

Bolsonaro tem 62% de toda audiência das redes sociais dos políticos, enquanto Ciro tem a menor parcela: 5%. No entanto, apesar do canal oficial de Ciro ter apenas 11% do volume de seguidores de Bolsonaro e ter quase a mesma quantidade do canal de Lula, o candidato do PDT, em 2022, teve um volume de views 96% e 266% maior que Bolsonaro e Lula, respectivamente.

Youtube – volume de views

Ciro Gomes: 10.936.705 views
Bolsonaro: 5.589.019 views
Lula: 2.981.953 views
Moro: 90.824 views
Doria: 18.167 views

Instagram – volume de likes

Bolsonaro: 46.574.731 likes
Lula: 13.662.722 likes
Moro: 6.951.189 likes
Ciro: 2.275.703 likes
Doria: 1.334.415 likes

O engajamento do Instagram segue mais à risca o volume de seguidores de cada candidato, já que o feed da plataforma não mostra conteúdos virais recomendados por algorítmo como faz o Youtube. Ciro foge dessa proporção em relação a Doria que, mesmo com 1,3% a mais de seguidores que pedetista em 2022, o tucano teve um volume de likes nas publicações 41,4% menor.

No Facebook, Jair Bolsonaro é a figura mais popular, com maior volume de compartilhamentos, comentários e reações. Mas Ciro Gomes tem maior volume de compartilhamento na rede quando comparado a Moro e Doria, apesar do governador de São Paulo ter uma soma maior no conjunto dos engajamentos e um volume de seguidores 183% maior que o ex-governador do Ceará.

Facebook – engajamento (reações, comentários e compartilhamentos)

Bolsonaro: 17.650.605
Lula: 6.436.601
Doria: 2.656.069
Ciro: 1.096.319
Moro: 411.811

Os números impressionantes no youtube são fruto do desempenho de sucesso do pré-candidato do PDT como apresentador do podcast Ciro Games que conta com entrevistas e reacts. Agora, Ciro entra em uma nova fase apelidada de “BBB”, na qual ele vai entrar ao vivo para mostrar suas atividades e cotidiano. Enquanto Bolsonaro e Lula repetem suas fórmulas batidas, Ciro agarra com entusiasmo os formatos da fronteira das inovações na produção de conteúdos digitais. Esse acelerado crescimento indica que daqui alguns meses, no auge da campanha, Ciro estará em outro patamar comunicacional deixando para trás em alcance digital tanto o isolado e rejeitado Bolsonaro como o semianalógico Lula.

Essa ascensão de Ciro nas pesquisas e nas redes impactou a percepção pública de forma inequívoca. Os petistas achavam que poderiam “matar” a candidatura de Ciro e engolir o PDT incentivando divisões internas. Não aconteceu. Depois de alguns conflitos fabricados externamente, a bancada do PDT se unificou sob Ciro, e o partido segue ampliando suas fileiras a exemplo do palanque de São Paulo que está atraindo prefeitos e deputados estaduais que estão abandonando a coalizão liderada pelo PSDB paulista que entrou em crise após quase três décadas de hegemonia tucana. Além disso, União Brasil e PSD já indicam abertura de palanques para Ciro na Bahia de ACM Neto, nas Minas Gerais de Alexandre Kalil e no Rio de Janeiro de Eduardo Paes.

Essa resiliência de intenções de voto, campanha moderna e capacidade política de ampliar para o centro de Ciro, incomoda os setores que não querem ceder a ele a liderança de uma aliança alternativa a Lula e Bolsonaro. Na Bahia, por exemplo, foi feita uma pesquisa atrelando o nome de Ciro Gomes ao de ACM Neto, porém, este pediu a suspensão da divulgação porque considera que ainda não é o timing para embarcar de vez na campanha nacional do pedetista devido a popularidade de Lula no estado e das dificuldades de diálogo com a ala bolsonarista do União Brasil. O Antagonista, assessoria de imprensa de Moro, comemorou a proibição da divulgação da pesquisa, pois querem que ACM Neto apoie o ex-chefe da Lava-Jato. Mas mesmo os mais fanáticos lavajateiros já admitem que Moro não vai ter apoio de mais ninguém e deve continuar caindo nas pesquisas até se submeter a ser candidato a senador ou deputado federal.

Contra o peso do orçamento federal nas mãos de Bolsonaro e a memória afetiva somada à organização partidária do PT em torno de Lula, os grandes partidos da centro-direita buscaram a todo custo uma alternativa que pudessem chamar de sua. João Doria se impôs como a “nova política” que tomou de assalto a velha estrutura do PSDB, mas na verdade, o partido histórico de FHC e Mario Covas acabou, e boa parte dele foi submetida a Lula como o exemplo mais emblemático de Geraldo Alckmin. Além do fracasso do neotucano Doria em todas as pesquisas e tentativas de alianças, o PSD tentou lançar Rodrigo Pacheco sem sucesso, ainda tem pouca esperança no derrotado quase ex-tucano Eduardo Leite, o MDB forçou a barra com Simone Tebet que não empolga nem seus colegas de partido, e o União Brasil já nasceu rachado e não tem ilusão de viabilizar um candidato próprio apesar das tentativas de seu presidente, Luciano Bivar. O fato é que a tal ‘terceira via’, expressão criada pela grande mídia e o sistema financeiro para impor sua agenda econômica neoliberal, fracassou tanto na articulação política como eleitoralmente.

A entrada de Sergio Moro na disputa eleitoral gerou esperança nos lavajatistas e em setores da burguesia financeira e seus sicofantas na imprensa. Porém, muito rapidamente ficou claro o despreparo do ex-juiz suspeito, e a sua brutal rejeição tanto no mundo político como no eleitorado. Portanto, na “semi-final” por uma vaga no segundo turno, o anti-político Moro levou uma surra do experiente e bem sucedido político Ciro Gomes que agora é o único postulante na corrida para tirar Bolsonaro da disputa com Lula, que, por sua vez, justamente morre de medo de ter que enfrentar outro candidato que não o desastrado e rejeitadíssimo atual presidente. É por essa conjunção de fatores que PSD e União Brasil agora buscam Ciro para dialogar não apenas sobre palanques duplos estaduais, e sim sobre a unificação da tal ‘terceira via’ sob a liderança dele.

Os neoliberais que sustentavam a ‘terceira via’ tem dificuldade de aceitar o projeto nacionalista e desenvolvimentista de Ciro, mas muitos já admitem que o mundo inteiro está mudando com o neoprotecionismo nos EUA, a crise na Europa, e a ascensão da China. Os conservadores admitem que Bolsonaro não é capaz de liderar um projeto nacionalista para o Brasil profundo e real do interior que rejeita a agenda identitária do PT ligada ao Partido Democrata norte-americano. Até mesmo os setores lavajatistas, que tem como pauta central os escândalos de corrupção tanto de Lula como de Bolsonaro, vão ter que engolir Ciro, que é o único candidato realmente sem nenhuma acusação contra ele. Os políticos do Centrão também vão ter que escolher se vão continuar abraçados no naufrágio do governo Bolsonaro, se vão voltar para o colo de Lula e enfrentar a rejeição ao PT em suas bases eleitorais no interior do país, ou se vão apoiar um candidato que tem biografia, projeto, e partido para rodar o Brasil com uma novidade de fato e não como “nova-política”, que nada mais é do que “anti-política”.

Até as convenções partidárias que definirão nominatas, candidaturas e os efetivos registros de chapas, muita água vai rolar. Me parece, que o Ciro Gomes cresce.