Bolsonaro repete o estelionato eleitoral de Dilma em 2014

Bolsonaro faz o mesmo estelionato eleitoral de Dilma em 2014
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O presidente Jair Bolsonaro busca a reeleição em 2022 praticando o mesmo tipo de estelionato eleitoral que a petista Dilma Rousseff praticou em 2014.

As dificuldades eleitorais do presidente em exercício se dão pelo catastrófico primeiro mandato sob qualquer prisma; econômico, social ou político.

Diante da pior pandemia desde o a Gripe Espanhola no começo do século passado, Bolsonaro conduziu de forma desastrosa a política sanitária brasileira com negacionismo, corrupção e incompetência; bem como agravou a crise econômica e social do Brasil com o colapso das contas públicas, aceleração da inflação, desemprego, e destruição de direitos sociais.

Assim como Bolsonaro, Dilma também teve um primeiro mandato turbulento com crises políticas e econômico-sociais graves.

A sucessora-poste de Lula se viu diante da massiva insatisfação popular em 2013 causada pelos empregos de baixa remuneração, dos precários serviços públicos essenciais prestados pelo Estado e pela corrupção normalizada pelos governos do PT que antes se dizia o arauto da moralidade. Ao invés de enfrentar os problemas estruturais com investimentos públicos e políticas macroeconômicas desenvolvimentistas, Dilma aprofundou a política econômica neoliberal de Lula e a aposta na radicalização da anti-política como solução para a demanda da sociedade de combate à corrupção.

A “Nova Matriz” nada mais era do que brutais desonerações fiscais para que grandes empresas pudessem exportar seus lucros ao invés de investir e o represamento de preços administrados como energia elétrica e combustíveis para diminuir custos do setor privado. O “intervencionismo” de Dilma na economia servia apenas à maximização de rendas financeiras de oligopólios importadores e exportadores.

Já a “Faxina Ética” nada mais era do que a demissão sumária de ministros e funcionários sem processos ou julgamentos para estimular o avanço das corporações judiciais contra os políticos eleitos, e até mesmo de inimigos internos de Dilma em seu próprio governo e no PT. Assim como Bolsonaro, Dilma também odiava o Congresso Nacional e não gostava de receber parlamentares para ouvir suas demandas. Tampouco a ex-presidente gostava da sombra de Lula sobre seu governo, o que a fazia estimular as investigações persecutórias contra o antecessor. Ela pensava que o lavajatismo não a atingiria. Faltou combinar com o “russo” (codinome do ex-juiz Sergio Moro nas mensagens dos procuradores da Lava-Jato reveladas pela Vaza-Jat0). O áudio vazado por Moro no qual Dilma aparece enviando um termo de posse para Lula ficar protegido pelo foro privilegiado enterrou o mandato da petista.

Essa combinação de economia antissocial e subdesenvolvida com uma anti-política reacionária culminou no impeachment melancólico de Dilma. Mas antes disso, ela conseguiu se reeleger com minúscula vantagem sobre o candidato tucano em 2014, Aécio Neves. A reeleição foi garantida com uma incrível campanha que prometia o céu na terra para os mais pobres. É bom lembrar que a campanha de Dilma foi realizada pelo atual marqueteiro de Ciro Gomes, João Santana, o talentoso baiano que conseguiu fazer uma candidata totalmente inexpressiva ser reeleita com um slogan de mudança. Vou repetir. João Santana reelegeu a presidente que já estava sentada na cadeira há 4 anos por um partido que já governava há 12 anos, com um discurso de mudança. Pois bem, o povo brasileiro acreditou naquela mensagem de que viria a gloriosa “guinada à esquerda” para uma política econômica e social realmente reformista, que transformasse as estruturas subdesenvolvidas do Brasil.

Nada disso. Imediatamente após a vitória, Dilma trai sua própria campanha e seu eleitorado. Sem reformas, sem investimentos públicos, sem direitos sociais. Dilma finalmente mostra a que veio: aumento colossal no preço da energia e dos combustíveis para incendiar a inflação e um brutal ajuste fiscal para retirar direitos sociais e trabalhistas e remunerar o capital financeiro com o orçamento público. Ao desrespeitar tão flagrantemente a vontade expressa nas urnas, Dilma decretou sua morte política.

Bolsonaro quer ser a repetição farsesca do trágica Dilma Rousseff. Se reeleito, Bolsonaro vai pelo mesmo caminho do estelionato eleitoral para tornar-se “Dilmo” ao trair seu eleitorado. Desesperado pelo desastre que foi seu primeiro mandato e cercado por inúmeros escândalos de corrupção, inclusive envolvendo roubo nos contratos das vacinas, o atual presidente precisa de um fato positivo a qualquer custo. É disso que se trata a revogação do Bolsa Família e a PEC do Calote que vai suspender o pagamento de precatórios para viabilizar provisoriamente um novo auxílio que não cabe no Teto de Gastos. Para isso, ele pretende entregar todo o orçamento público nas mãos das facções mais corruptas do Congresso Nacional em troca de um Auxílio Brasil provisório para tremular durante as eleições e em seguida, imediatamente após a reeleição, cortar o benefício assistencial que é essencial para a sobrevivência física de milhões de brasileiros.

Já Lula, animado com o derretimento de Bolsonaro, também busca repetir uma farsa, a de sua primeira eleição. Contra Bolsonaro, de um lado, Lula estimula as facções identitárias da classe média contra o eleitorado conservador, e de outro, o ex-presidente tenta repetir a Carta ao Povo Brasileiro destinada aos banqueiros com a promessa de manter a política econômica vigente desde os anos 1990 que sustenta o subdesenvolvimento do Brasil e suas sucessivas crises econômico-sociais e políticas.

2022 vai ser um ano importante. O Brasil pode romper com seus estelionatários e repetir 1930, ou pode continuar com eles e 2023 é o novo 2015.