O cartel cultural da produtora Paula Lavigne e do cantor Caetano Veloso organizou uma ofensiva final contra seus amigos de longa data, o presidenciável Ciro Gomes e o marqueteiro João Santana.
Conterrâneo de João Santana e de Roberto Mangabeira Unger, o baiano Caetano sempre apoiou Ciro e seu Projeto Nacional de Desenvolvimento. Ocorre que Paula, sua esposa carioca, sedia em seu apartamento no Leblon o comitê de controle econômico da cultura nacional. É na espaçosa sala de estar com vista para o mar do casal que são decididos que artistas devem fazer sucesso nos grandes meios de comunicação ou não. Em 2018, apoiaram pra valer Ciro Gomes, e ajudaram a expandir o eleitorado dele para fora do Ceará na classe média progressista do sudeste, mas dessa vez redirecionaram toda sua máquina em favor de Lula reprimindo qualquer dissidência cirista, a exemplo de gente como Tico Santa Cruz, que já é bastante pouco relevante culturalmente e não pode se dar ao luxo de desobedecer a capo di tutti capi Paulinha.
Apesar da brutal influência no Ministério da Cultura em todos os governos petistas, Paula e Caetano cultivavam algum antipetismo meio lavajatista e apostaram também em Marina Silva em outras ocasiões. Ocorre que com a derrota do poste de Lula em 2018, os tropicalistas perderam o controle sobre os órgãos públicos federais, mas mantiveram a influência nas gravadoras musicais e nas rádios, nos estúdios de cinema e televisão, e, é claro, na Globo, onde impera o neoliberalismo progressista pós-moderno e identitário.
Dessa vez, com a dianteira de Lula nas pesquisas e sua poderosa frente ampla com Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e a Globo, o casalzão leblonzista não pode abrir mão de retomar o poder sobre o primeiro escalão cultural do governo. Assim, os marqueteiros do PT convenceram Caetano a gravar um vídeo para a campanha de voto útil dizendo que “artista não dá voto, mas tira voto! #TiraGomes.”. Evidente que é uma aposta bastante simbólica, tendo em vista, o histórico cirista sincero do cantor baiano. Mas é uma tática arriscada que termina por explodir pontes, não apenas políticas entre PT e PDT, mas também pessoais entre amigos de décadas da alta cultura baiana.
Diante disso, João Santana dobrou a aposta e assumiu para Ciro a hashtag #TiraGomes que não tira votos dele, como a militância apaixonada do líder trabalhista já demonstrou, mas sim aumenta a disposição para tirar Bolsonaro do segundo turno e tirar qualquer chance do PT voltar. O baiano guardou suas maiores cartas para a última semana. Capricha, João. Capricha.