Muito interessante a pesquisa Ipespe desta sexta-feira. Em meio a um número alto de pesquisas, com resultados para todos os fregueses, o Ipespe tem se mostrado um instituto sério e com dados bastante consistentes. Os dados de novembro trazem algumas ideias sobre o cenário.
O gráfico mais importante de todos a meu ver é este pois é o que explica todos os demais. Atualmente, somente 22% dos brasileiros apoiam a política econômica do governo, e 69% a reprovam. Isso traz implicações importantes para o cenário eleitoral.
Primeiro, a alta e consistente rejeição do governo. O driver central dela é a economia. Pandemia, Amazônia, pauta anti-ciência, ataque às minorias, discurso antidemocrático… Todas as pautas ficam menores diante de dores como desemprego, perda do poder de compra e fome.
Ele também dita que, mais uma vez, essa será uma eleição de mudança. 56% dos brasileiros defendem mudanças radicais em relação ao que está sendo realizado pelo governo. Isso é uma má notícia para o establishment econômico e midiático, e todas as candidaturas de centro-direita.
Isso significa, que caso não haja uma alteração muito radical de Bolsonaro em sua política econômica, sua reeleição será uma tarefa impossível. O assistencialismo ajudará, mas será insuficiente. O problema é mais profundo e a população entende isso.
Isso explica também a alta popularidade de Lula. Na memória atual do povo, seu governo foi aquele que obteve maior êxito. O país viveu crescimento, desemprego baixo, inflação baixo e aumento de crédito. A população não sabe exatamente as explicações disso ou como isso ocorreu.
Lula fará de tudo para forçar essa nostalgia, e trará a promessa de volta segura ao passado. Seus adversários terão que mostrar que o momento global que Lula viveu não volta mais, e que suas escolhas políticas e econômicas levaram ao colapso econômico vivido atualmente.
A candidatura Moro, apesar de todo o barulho na imprensa, terá sérias dificuldades. Primeiro porque, como visto antes, todo o discurso de centro-direita terá dificuldades para obter apoio. Segundo que Moro não conseguiu crescer tanto em votos, e possui alta rejeição.
Ciro está bem posicionado. Manteve o mesmo patamar de votos, tem rejeição baixa entre os grandes candidatos, e traz uma proposta econômica nova. Cabe ao candidato e seus militantes simplificar as propostas e descobrir quais de suas ideias ecoam mais na população.
