O debate presidencial ocorrido hoje no SBT foi marcado pela hashtag #LulaArregão, pelos pitis de Bolsonaro que ficou gritando “direito de resposta”, e pela calma e serenidade do “destemperado” Ciro Gomes que evitou armadilhas identitárias, apresentou suas propostas, e brilhou ao desmascarar as mentiras dos dois favoritos nas pesquisas.
Já Simone Tebet teve a proeza ter a sua carteirinha de feminista cassada por um padre reacionário bancado pelo mensaleiro Roberto Jefferson para fazer escada para Bolsonaro. Soraya Thronicke, a Mulher Que Vira Onça, apostou nas lacradas para virar meme falando de viagra e pediu para Bolsonaro não cutucar ela. Felipe Dávila foi irrelevante, sequer conseguiu repetir o desempenho excêntrico razoavelmente cômico do debate da Bandeirantes.
De maneira geral, o debate foi chato. Todos os candidatos desgastaram Lula por fugir do debate, e Bolsonaro pelos escândalos de corrupção, principalmente sobre o Orçamento Secreto. Porém, o Presidente da República conseguiu acertar algumas pancadas nas hipocrisias das senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke que votam todas as pautas fisiológicas do Centrão no Congresso. Além disso, Bolsonaro também mostrou que não brinca em serviço em brutalizar Lula com os tabus religiosos e morais que o PT tenta fugir.
Já Lula foi o que saiu mais chamuscado pela covardia simbolizada pela cadeira vazia no estúdio do SBT, porém efetivamente conseguiu escapar de ser humilhado em rede nacional com a voz cada vez mais fraca, mentalmente confuso, e fisicamente frágil. Os marqueteiros do PT vão penar para preparar ele para o debate da Globo.
Por outro lado, Ciro Gomes teve alguns momentos brilhantes quando conseguiu se diferenciar do lulismo e do bolsonarismo. Vale destacar a resposta para a Mulher Que Vira Onça quando defendeu a agropecuária da agenda esquerdista do PT contra o desenvolvimento produtivo no campo, e também quando foi claro no assunto sobre o aborto ao não se submeter nem à patrulha identitária do PSOL e nem ao reacionarismo caricato do padre bolsonarista/mensaleiro.
Outro grande momento do candidato do PDT foi o seu direito de resposta contra uma difamação rasteira de Bolsonaro sobre a busca e apreensão ilegal em sua casa. Mas o auge de Ciro no debate foi a sua elegância com a quarta colocada nas pesquisas, Simone Tebet, que disputa os mesmos votos “nem, nem” na perseguição ao terceiro colocado.
Ciro demonstrou frieza calculada para disputar com empatia os votos de Simone, herdados de Sergio Moro diga-se, para se aproximar de Bolsonaro como única alternativa de vencer o PT no segundo turno. Depois do fracasso em tirar Ciro Gomes do jogo na tentativa de transferir os votos dele para Lula, o PT e a Globo certamente vão aumentar a violência contra ele. O medo deles não é o fantasioso ‘golpe do fascismo malvadão’, mas sim a efetiva migração de voto útil que deve ocorrer de Simone para Ciro nos últimos dias da campanha na esperança do eleitorado em não ser submetido a um desastroso segundo turno de rejeições.
