18 anos atrás, o Brasil perdia Leonel de Moura Brizola, a maior figura antissistema na política brasileira nos últimos cinquenta anos e legítimo continuador do getulismo.
Brizola era a encarnação do nacionalismo comprometido com a democracia social e as causas populares. O verdadeiro temor da elite brasileira, cuja voz era a grande mídia, principalmente a Rede Globo.
Tanto à direita quanto à esquerda, as forças que forjaram o pacto republicano dos últimos trinta anos, e que vem afundando o país na submissão às finanças, ao cosmopolitismo e aos interesses ianques, percebiam o brizolismo como a principal ameaça, a alternativa que deveria ser descartada se quisessem ser bem sucedidos na construção de um país liberal e atrelado ao Ocidente.
Assim como a maior parte dos marxistas, a nova esquerda nunca entendeu a dimensão de Brizola como expressão do Trabalhismo getulista. E Leonel nunca se enganou com a aparência de radicalismo dos líderes dessa nova esquerda, a quem acusou desde sempre de superficialidade e adesão ao sistema.
Seguindo os passos aprendidos com Vargas, o fundador do PDT nunca perdeu de vista o conflito que se escondia por trás de nossas instituições e da dinâmica de nossa história, que opunha um povo ainda a construir as expressões de sua verdadeira liberdade, e uma elite que despreza tudo o que cheirasse a brasileiro e que prefere se identificar com grandes capitais europeias e norte-americanas.
Nos tristes momentos atuais, de escuridão e pseudo-heroísmos, a liderança de Brizola faz falta às forças populares. Ele, que descortinava tão bem o futuro e que sempre esteve disposto a pagar o preço por sua capacidade inaudita de ler os rumos da luta política.
Que possamos honrá-lo por meio do espírito que ele nos legou: o do inconformismo, da indignação e do irredentismo, fundidos em uma arma letal e temível com a qual vamos acuar e abater os inimigos da Pátria.
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Leonel Brizola partiu há 18 anos. Sua trajetória é lembrada e celebrada por muitos: fundador do PDT, único governador com mandato em dois estados diferentes e a brava luta por igualdade.
Ainda mais importante do que tudo isso, é enxergar Brizola como uma elo na continuidade do trabalhismo. O gaúcho de Passo Fundo pertencia à linhagem de Getúlio Vargas e João Goulart, nomes que amaram profundamente o Brasil e buscaram um caminho político genuinamente brasileiro, sem amarras aos poderes hegemônicos da época. Esta é a grande lição que Brizola nos legou, a possibilidade, ainda hoje, de uma ideologia política pensada, nascida e aplicada no Brasil. Seu companheiro de luta, o também imortal Darcy Ribeiro, é uma grande prova de que nossa pátria pode e deve ser um grande útero da teoria e da prática política. O pensamento de Brizola, nascido da carta tratamento de Getúlio Vargas, continua atual.
O gaúcho nos ensinou que o grande problema do Brasil era a espoliação perpetuada pelas potências estrangeiras que sempre contou com a conivência e mediação das elites nacionais, traidores da própria terra. Brizola acreditava no eventual conflito entre as massas e os traidores do Brasil, que apenas pode ser vencido pelas primeiras caso aconteça a organização do povo, preparado para o desfecho desse conflito anti-imperialista. O pensamento desse grande patriota era um grito de batalha pela liberdade do Brasil! Se tal liberdade não fosse possível pela via reformista, nasceria pela revolução verdadeiramente nacionalista, sem os grilhões de Washington, de Moscou ou de qualquer outro lugar.
Brizola, mantendo acesa a chama de Vargas e do trabalhismo, pavimentaram a estrada da árdua luta nacionalista. Cabe a todos nós, apaixonados pelo maior e mais belo recanto do mundo, a continuidade dessa luta, adaptada aos desafios da atualidade.
Publicado pela Frente Sol da Pátria