Cúpula da Amazônia e a Soberania Nacional

Cúpula da Amazônia
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Por Túlio Aramont.

Cúpula da Amazônia, um importante encontro dos oito países amazônicos, está marcada para os dias 8 e 9 de agosto em Belém, Pará. O objetivo do encontro é elaborar um documento para a COP-28, a fim de discutir globalmente a importância da preservação ambiental, a transição energética e o desenvolvimento econômico sustentável. Esta será a primeira reunião entre os chefes de Estado do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela para debater o papel da Amazônia no mundo. Desde a assinatura da formação da OTCA em 1978, não houve nenhuma reunião conjunta para definir políticas comuns. A cúpula será organizada pela OTCA.

A grande reserva econômica e ambiental do país exige defesa e exploração sustentável, especialmente em vista da próxima COP 30 que também será sediada em Belém, o evento máximo das discussões climáticas. Mas é importante lembrar sempre que sempre que sem um projeto nacional adequado, o Brasil está desatento ao que ocorre nas vastidões de florestas, águas, biogenética e riquezas minerais, como denunciam estudiosos, administradores e militares.

A população mundial ultrapassou a marca de oito bilhões de pessoas, e a cada segundo o rio Amazonas despeja no oceano Atlântico seis bilhões de litros de água doce. Em um minuto e meio, são 90 litros de água por pessoa, uma quantidade mais do que suficiente para suprir as necessidades básicas diárias. No entanto, a escassez de água doce potável já é uma realidade em algumas partes do planeta, e sua disputa promete ser acirrada neste milênio.

A Amazônia, por sua vez, é detentora de um quinto da água doce do planeta, além de abrigar riquezas minerais incalculáveis. Desde a década de 70, o avanço da tecnologia espacial permitiu que esses recursos passassem a ser conhecidos e mapeados pelos países mais desenvolvidos, que, infelizmente, já destruíram sua própria biodiversidade em busca do progresso.

Hoje, os países ricos, representados pelo grupo do G-7 (formado por Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Japão), exercem uma imensa pressão pela internacionalização dos recursos naturais da Amazônia. Argumentam que esses recursos pertencem à humanidade, não apenas aos nove países sul-americanos que abrigam a floresta amazônica em seus territórios. Essa ofensiva pela internacionalização da última grande área disponível no planeta para ocupação humana e exploração econômica está se tornando cada vez mais agressiva, exigindo uma reação conjunta dos países pan-amazônicos.

É importante ressaltar que, em 1995, o governo dos EUA decidiu que ameaças aos direitos humanos e ao meio ambiente em qualquer parte do mundo são passíveis de intervenção militar por parte de suas Forças Armadas. O general norte-americano Patrick Hughes afirmou publicamente na época: “Se o Brasil quiser fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos Estados Unidos, precisamos interromper esse processo imediatamente”. Essa declaração se somou à afirmação do então vice-presidente Al Gore: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”. A secretária de Estado, Madeleine Albright, também argumentou que “quando o meio ambiente está em perigo, não existem fronteiras”. Os norte-americanos interpretam que o desmatamento na Amazônia afeta o clima mundial e, especialmente, o meio ambiente no sul dos Estados Unidos.

Com a próxima COP 30 se aproximando, é fundamental que o Brasil desperte para a necessidade de um projeto nacional que promova a defesa e exploração sustentável da sua grande reserva econômica e ambiental. A participação e liderança do país nesse evento são essenciais para manter a soberania sobre seus recursos naturais e garantir que a Amazônia seja preservada para as futuras gerações. É importante que os países pan-amazônicos se unam e resistam à pressão dos países mais desenvolvidos, defendendo seus direitos e interesses, baseados em princípios de sustentabilidade e proteção do meio ambiente. A COP 30 será uma oportunidade crucial para discutir soluções conjuntas e buscar um desenvolvimento equilibrado, que leve em consideração tanto as necessidades humanas quanto os limites da natureza. A proteção da Amazônia e suas riquezas é uma responsabilidade conjunta de todos os países que compõem em seus territórios a floresta nativa amazônica. Todo apoio é bem vindo, desde que não se estabeleça a quebra da soberania territorial e dos povos.

Por Túlio Aramont.
Caboclo amazônida que se interessa em escrever sobre geopolítica à luz do trabalhismo.