O estranho caminho de Bolsonaro

Não é difícil entender a lógica de Bolsonaro nesse episódio de escolha do novo ministro da saúde. Ele está pouco ligando para o governo e a administração, e por isso a terceiriza. Exceto nas áreas sensíveis para sua base radical.
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Por Christian Lynch – Não é difícil entender a lógica de Bolsonaro nesse episódio de escolha do novo ministro da saúde. Ele está pouco ligando para o governo e a administração, e por isso a terceiriza. Exceto nas áreas sensíveis para sua base radical.

Essas áreas são: direitos humanos, relações internacionais, educação e cultura, meio ambiente e comunicação. Por causa da pandemia, a saúde entrou na roda por causa da importância da “liberdade” de não vacinar, de não ficar trancado em cada etc.

Quem decide naquelas áreas sensíveis não são os militares, nem o centrão. É o núcleo radical familiar, cujo projeto de poder é a única coisa que interessa Bolsonaro. Por isso Eduardo estava presente na entrevista com a Ludmila.

Foi por isso também que ele desprezou indicação de meio mundo político – STF, centrão, militares – para preferir uma escolha de outro filho seu, Flávio Bolsonaro. Precisava também sinalizar às bases, para quem ele é o fortão do Bairro Peixoto, que “a caneta é minha”.

Bolsonaro prefere sempre nesses assuntos pagar pra ver se vão tentar fazer algo com ele; se terão medo de suas milícias neofascistas ou da ameaça de golpe. Mas a verdade é que ninguém mais acredita nisso.

Bolsonaro sempre gostou de blefar, bravatear, e apostar em lances ousados. Mas, para usar uma metáfora sua, esse pode ter sido o último tiro de seu revólver. Porque ele já aborreceu gente demais numa única noite.

Por: Christian Edward Cyril Lynch.