Bolsonaro tornou-se disfuncional

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Por Bresser-Pereira – Jamais o Brasil teve um presidente tão incapaz quanto o que está aí. Mas ele era “funcional” para uma elite econômica de centro-direita, ainda neoliberal, porque colocou no ministério da Economia um economista disposto a tudo liberalizar e privatizar.

Era igualmente funcional para uma classe média conservadora que se deixou convencer pela dupla Moro Dallagnol que o PT era mais corrupto que os outros partidos e fora Lula o líder dessa corrupção.

Mas, dada a incapacidade da área econômica enfrentar os problemas da economia brasileira e levá-la a novamente crescer, esse senhor perdeu o apoio dos empresários de centro-direita. A jornalista Maria Cristina Fernandes mostrou isso no Valor de ontem, disponível no meu site.

Dada sua incompetência e loucura no enfrentamento da pandemia e na compra de vacinas, ele perdeu o apoio da classe média conservadora também de centro-direita. Perda que se aprofundou com a desmoralização da Lava Jato.

Agora, com a devolução de seus direitos e o notável discurso que pronunciou, Lula se tornou candidato natural da centro-esquerda à presidência da República no próximo ano e o provável vencedor.

Ainda que a centro-direita continue opositora a Lula, ela percebeu que precisa dramaticamente de um candidato para enfrentá-lo nas urnas que não seja Bolsonaro.

Não está claro quem será esse candidato, mas Bolsonaro, que já devia ter sido impichado pelos crismes que cometeu e cuja popularidade cai dia a dia, é ainda quem tem mais probabilidade de chegar ao segundo turno e enfrentar Lula.

Isto é inaceitável para a centro-direita. Bolsonaro se tornou disfuncional também para ela, ou seja, para os empresários e a classe média conservadora.

Ele não tem, portanto, apoio em qualquer setor importante da sociedade civil. E está começando a ser disfuncional também para o Centrão. A probabilidade que ele, ainda neste ano, seja afastado por um impeachment aumentou muito. Uma boa notícia para todos.

Por: Luiz Carlos Bresser-Pereira.

  1. Me parece que essa análise não alcança os currais eleitorais controlados ideologicamente pelas seitas fundamentalistas evangélicas e milícias. Todas as pesquisas revelam ser o peso desses grupos de apoio a Bolsonaro bastante expressivo, suficiente para assegurar a ida de Bolsonaro ao 2° turno. Um elenco de medidas populistas e eleitoreiras adotadas a partir de outubro/novembro poderá fortalecer ainda mais essa tendência. É um grande equívoco subestimar a força política do bolsonarismo enquanto estiver contando com o apoio das milícias, fundamentalistas religiosos, militares do 2° e 3° escalões, parte expressiva dos ruralistas e de seu “braço armado” caminhoneiro. Sem contar com a extensão do apoio do Centrão à candidatura do miliciano, o que não seria surpresa, com Bolsonaro associando seu nome a candidatos desse grupo político fisiológico em cada estado da federação. Somente uma Frente Ampla, atuando desde de 2021 para combater a influência desses setores sobre expressivos segmentos dos trabalhadores e do povo, poderá impedir a reeleição de Jair Bolsonaro. Quem controla as organizações de base da nossa sociedade, exercendo grande influência politica e ideológica sobre milhões de brasileiros (setores da população que esquerda não alcança através das redes sociais) são os fundamentalistas religiosos, Para chegar até essas parcelas do povo, as forças progressistas terão que se unir e colocar o pé no barro, como faziam no passado, nas décadas de 1980 e 1990 principalmente.

  2. Boa notícia! Triste é saber que a classe média quer impicha ló não pelo seus erros e corrupções mas sim pq esta empobrecendo

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