Lancei um vídeo no canal onde faço uma diferenciação entre políticas industriais que promovem ciclos de pequeno crescimento no setor e industrialização (ou reindustrialização) e digo que o Governo Lula-Alckmin vai produzir o primeiro e não o segundo fenômeno.
No instagram, surgiu comentários raivosos sobre essa afirmação que sem arrogância nenhuma, digo que é óbvia, considerando a história moderna. Pode ser uma afirmação dura de constatar, mas não existe industrialização sem antes uma radical reorganização do poder político.
Essa reorganização pode ser resultado de uma guerra civil (EUA), revoluções (China, Inglaterra, França, União Soviética etc.), guerras e golpe de estado (Coreia do Sul, Japão etc.) ou rebeliões populares.
É triste, mas é isso. E o motivo, em última instância, é simples.
Industrialização significa, dentre outras coisas, uma mudança radical nos padrões de propriedade, produção, consumo e circulação da riqueza. E todo sistema político-econômico tende, no geral, a se reproduzir com poucas mudanças.
Não aconteceu e nunca vai acontecer, por exemplo, uma oligarquia que ganha rios de dinheiro com exploração primário-exportadora abrir mão de sua renda em nome da destinação dessa riqueza à um processo planejado de industrialização.
Também nunca aconteceu – e não vai acontecer – que os setores rentistas de uma sociedade abram mão de seus lucros para destinar essa renda para atividades de geração de complexidade produtiva. Tudo isso necessita de imposição de força política.
Infelizmente, é isso. Nesse modelo econômico podemos fazer mais ou menos política industrial. Podemos sim ter crescimento de nichos industriais. Mas sem ruptura política com esse modelo, ao final, estaremos quase no mesmo lugar.
