Enquanto o gado bolsonarista muge “mensalão chinês”, o BTG Pactual, patrocinador oficial do governo (e oficioso da oposição) opera como intermediador de uma gestora de ativos dos EUA para investir em empresas chinesas.

O saudoso Leonel Brizola chamava esse tipo de coisa, bem mais aperfeiçoado hoje do que na época dele, de “perdas internacionais“. Em vez do capital brasileiro ser aplicado no Brasil para gerar empregos, renda e tecnologia aqui dentro, é desviado para os EUA e a China via BTG. O BTG ganha, os EUA ganham, a China ganha, e quem perde é o Brasil.
Aí em vez de se discutir uma reestruturação profunda do sistema financeiro para impedir esse tipo de transação funesta e manter o capital brasileiro dentro do Brasil, o gado acha que vai resolver o problema se descabelando em palavras de ordem babacas e prédicas moralistas contra a China, requentando todo um rosário de preconceitos anacrônicos da Guerra Fria que não faziam sentido nem contra a URSS e muito menos hoje contra a China. Ao mesmo tempo, desfila na rua com as bandeiras dos EUA e de Israel atochadas no traseiro e aplica seu dinheiro do FGTS no BTG esperando ficar rico sem trabalhar e sem merecer mas só se empobrecendo para enriquecer a mesma China que ele diz ser malvadona.
E nem falo da oposição, cuja maior parte está completamente alheia a esse tipo de questão, achando que está “resistindo ao fascismo” e “lutando pela democracia” publicando foto tomando injeção, tendo ainda uma parte minoritária que acredita piamente na China altruísta e boazinha que, com a sua capa vermelha de super-herói, vai libertar os frascos e comprimidos do 3º Mundo da opressão imperialista.
Se tem mensalão chinês? Deve ter. Num país tão rico e tão grande onde os dirigentes se vendem e por muito pouco, até Serra Leoa deve fazer um “mensalão” aqui dentro. Não tiro a razão dos outros países não, quem de fora não meteria a mão nessa mina de ouro que é o Brasil? Nem chamo isso de “imperialismo”, não chega a ter toda essa sofisticação, é apenas a velha questão de que só existe o espertalhão porque existe o otário.