Ciro vetou Moro em manifesto do Centro, e Mandetta indica que abre mão de ser candidato

Ciro vetou Moro em manifesto do Centro, e Mandetta indica que abre mão de ser candidato
Botão Siga o Disparada no Google News

Não gosto de ser chato e ficar repetindo por aí “eu estava certo desde o começo”. Mas como apontei em “Lulinha Paz e Amor voltou, mas vai ser difícil tirar o PT do isolamento” e “Doria desiste, e Ciro-Mandetta cresce nos bastidores da centro-direita“, a cada rodada de balões de ensaio, sondagens e articulações, Ciro Gomes é que está cada vez mais fortalecido para liderar o centro em um projeto eleitoral de união nacional contra o bolsonarismo, enquanto o lulismo permanece isolado, e o lavajatismo descendo a ladeira.

Os petistas, que comemoram quando Rodrigo Maia, Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e Renan Calheiros, defendem Lula para atacar Sergio Moro e o Partido da Lava-Jato, agora estão cinicamente ultrajados com o manifesto em defesa da democracia assinado pelos presidenciáveis da centro-direita com Ciro Gomes chamando todos de golpistas, reacionários ou qualquer coisa do tipo. O discurso dos braços comunicacionais do petismo, como Breno Altman ou Leonardo Attuch, para a militância de esquerda, é acusar Ciro de ser da direita, enquanto nos bastidores Lula, José Dirceu, Jaques Wagner, Wellington Dias, telefonam desesperadamente oferecendo perdões e renovadas juras de amor aos líderes partidários do Centrão e até mesmo para generais.

Porém, esse tipo de acusação contra Ciro é meio ridícula para qualquer interlocutor razoavelmente bem informado ou que realmente atue na política concreta e não apenas nas bolhas histéricas das redes sociais. Ao contrário de petistas importantes como ninguém menos que o poste de Lula, Fernando Haddad, que disse que “golpe é uma palavra um pouco dura”, o ex-governador do Ceará foi um dos aliados que mais combateu o golpe contra Dilma em 2016 e lutou contra o lavajatismo. Se na época a imprensa liberal atacava Ciro chamando-o de destemperado por chamar Sergio Moro de bandido que deveria ser recebido na bala pelo Estado Democrático de Direito e que Lula deveria ser protegido fisicamente em uma Embaixada de uma ordem de prisão ilegal, hoje ninguém mais lembra disso por conveniência, pois demonstra que o “temperamental” cearense estava coberto de razão e era muito mais corajoso que a tropa de covardes do PT. Em relação ao bolsonarismo nem se fale. O também ex-governador e senador Cid Gomes, irmão de Ciro, levou dois tiros no peito enquanto debelava um motim de milicanos bolsonaristas com uma retroescavadeira. Se tem uma coisa de que os Ferreira Gomes não podem ser acusados é de covardes ou omissos na defesa da democracia, tanto contra o lavajatismo quanto contra o bolsonarismo.

Evidentemente, figuras como João Doria e Luciano Huck eram as alternativas principais da aliança entre capital financeiro e o Partido da Lava-Jato para tomar o poder na onda da anti-política (mesmo que de forma hipócrita) como substitutos do populismo reacionário de Bolsonaro. Porém, eles foram sendo cada vez mais inviabilizados tanto pela rejeição na população, no caso de Doria, ou na falta de articulação com a política partidária real do Brasil profundo que dá sustentação aos partidos do Centrão. Já Eduardo Leite é um tucano novato tentando renovar o neoliberalismo por dentro da política em seu partido contra o hegemonismo dos paulistas, João Amoêdo é um almofadinha que construiu um partido ultraneoliberal que ou fica isolado no eleitorado do terraplanismo econômico dos fãs de Ludwig Von Mises na internet ou se submete completamente ao bolsonarismo como no governo de Romeu Zema em Minas Gerais. Já Luiz Henrique Mandetta é um quadro do DEM que ascendeu como representante da “racionalidade médica”, ainda que com certa hipocrisia por se tratar de um defensor de privatização do SUS, mas que cumpriu papel republicano durante a pandemia como Ministro da Saúde de Bolsonaro no frágil arranjo entre o governo e o Centrão. Tanto é assim que foi demitido por não se submeter ao negacionismo radical do presidente, e hoje é uma figura de autoridade no noticiário político-sanitário.

Pois bem. Como unir essas figuras todas, aderentes ao neoliberalismo, e até mesmo à anti-política lavajatista, ao maior inimigo da política macroeconômica neoliberal (inclusive dos governos petistas) e do autoritarismo das corporações judiciais e das milícias reacionárias da extrema-direita? É fácil. Chama-se “Frente Ampla”. Um conceito muito mais simples do que parece, quando forças políticas se unem conjunturalmente em torno de uma questão fundamental contra um inimigo comum e mais forte. É claro que nesse tipo de diálogo existem limites, e um deles foi muito bem colocado por Ciro Gomes: Moro não faz parte nem do Centro e muito menos democrático. A jornalista Vera Magalhães informa no Globo que a iniciativa do manifesto foi de Mandetta e que Moro foi convidado, porém Ciro expressou sua discordância com a presença do chefe do Partido da Lava-Jato. Já os outros assinantes não se incomodam com a presença do ex-juiz declarado suspeito pelo STF, porque ele está totalmente inviabilizado eleitoralmente e não atrapalha mais os planos da direita que precisa do Centrão tão perseguido pelo lavajatismo.

O veto de Ciro ao chefe da Lava-Jato mostra não apenas de que lado ele está e as linhas do chão que ele não cruza para fazer alianças, ainda que totalmente conjunturais e de pouco efeito imediato em termos de articulação eleitoral. O pré-candidato do PDT sabe que a conversa sobre 2022 é muito mais complexa e passa pelos líderes partidários e os arranjos regionais, e não de um encontro entre os possíveis presidenciáveis: “Trata-se apenas de um gesto, concreto, objetivo, no sentido de que, colocadas de lado nossas divergências, algumas inconciliáveis, temos o consenso posível a favor da democracia, da Constituição e contra um claro surto autoritário de Bolsonaro“, ele disse para coluna de Vera Magalhães.

O que esse manifesto demonstra, mais do que uma possível aliança para 2022, é o isolamento de Lula que não consegue atrair ninguém além dos nanicos PSOL e PCdoB como polo aglutinador da oposição. E é contra esse isolamento que os petistas esperneiam acusando Ciro de ser direita, enquanto ele consegue dialogar com os atores políticos da centro-direita que Lula está desesperado para voltar a conversar.

Por outro lado, Mandetta, a exemplo de Doria como vimos há algumas semanas, indica que abre mão de sua pretensa pré-candidatura a presidente em prol de uma chapa de unidade do centro contra Lula e Bolsonaro. Essa sim é uma notícia que tem efeitos nas conversas sobre 2022. “Se a gente conseguir construir um polo de pessoas que têm como ponto comum a democracia, o meio ambiente, a educação, enfim – e que estejam dispostas a se modernizar, a se reciclar, a se repaginar -, é a única coisa que posso oferecer. Inclusive o meu não oferecimento. Inclusive a minha não candidatura para que haja uma unificação do país. É o que ofereço hoje: tudo de mim ou nada de mim”, afirmou Mandetta, em entrevista ao Valor.

Sinais, fortes sinais, como diz o Democrata Cristão.

***
PS: Acabei de receber um vídeo hilário de cair da cadeira. O ‘consultor’ petista Alberto Carlos Almeida perdendo a linha desesperadamente diante da aproximação de Ciro Gomes com Mandetta e a centro-direita:

  1. Ciro Gomes não prestou nem pra ser governador do Ceará que e o segundo estado menor do Brasil ele só fala e um verdadeiro oportunista echa que vai ser fácil pode ver ele atira pra todos os lados depois que bolsonaro processou ele ficou de boquinha calada não falou mais nada sobre bolsonaro .

    1. Deusimar Rocha, Ele foi simplesmente o governador mais bem avaliado de sua época. Além disso, você está equivocado. Ele continua falando do Bolsonaro e inclusive o processou de volta.

  2. Petista fanático é exatamente um bolsominion de sinal trocado, não enxergam um palmo a sua frente…

  3. Ciro Gomes terá meu apoio e farei campanha com certeza. Ele foi muito competente como Governador, Ministro e Deputado Federal. Teria direito a aposentadorias e renunciou a todas. O cara tem posição, não fica em cima do muro e fará muito o papel da terceira via, para acabar com os radicalismo de esquerda e da direita. Ciro com certeza, um trabalhista convicto e representante do BRIZOLA.

  4. #Ciro2022
    Os petistas se desesperam pois estão cada vez mais isolados e prestes a perder a hegemonia da esquerda. Quem diria que seria tão benéfico ao próprio Ciro, que o Lula fosse solto, hein? Kkkkkkkkkkkk

  5. Ciro mostra-se a melhor via diante das polarizações que acreditam que são únicos! Ambos estão todos enganados e não serão mais protagonistas na gestão do nosso país sofrido.

  6. Ciro tem como comprovar tudo q falou do presidente. Com o feito ajuizado, as partes ñ devem se.manifestar. Ciro prestou sim como gov do Ceará. Saiu com aprovaçao altissima

  7. Esse cara do video lembra muito o comediante Steve Martin, tem tudo a ver, esse é a comédia. Lembrar que Cid bateu de frente com quem recebeu o pedido de impeachment isso ele não lembrar. Lembrar que Ciro chegava cedo na época do mensalão e defendeu o Lulinha, pois o povo tava indo pra cima dele, isso não lembro. E o trabalho com afinco pra minar as alianças de Ciro em 2018, eles fingem demência

  8. Os petistas se acham os donos da esquerda , o PT entregou o governo ao Bolsonaro ao insistir na ignorância dos eleitores ao insistir na candidatura de Lula , apostando na transferência de votos , quando fosse confirmado a impugnação da candidatura do molusco . Eles já sabiam que Lula não BB poderia ser candidato … Ciro neles…

  9. Esqueceu de citar um ministro no vídeo, o querido Palocci. Ou ele causa arrepio demais para ser lembrado? ? Gosto muita dessa reação, é sinal de que estamos no caminho certo!

  10. Fui petista por quase 20 anos acreditando no ideal des partido. Ao longo do tempo, entretanto, fui percebendo como a manipulação neste partido. Este Almeida mostra que é só mais um. Deve estar ganhando uma nota preta pra flar essas bobagens. Os bons quadros do PT já saíram faz tempo de lá.
    O PT me lembra o stalinismo soviético: quando alguém começa a questionar muito de bom moço vira bandido lá. Ciro contribuiu muito no Governo Petista como Ministro lembro bem. Quanta mentira pelo poder petistas. Aqui em Embú das Artes -SP nem Geraldo Cruz, quadro petista aguentou saiu do PT e veio para o PDT.

  11. Aqui em Embu da Artes – SP nem Geraldo Cruz, grande quadro do PT aguentou essa gente. Migrou para o PDT E JÁ APARECEU em terceiro nas eleições. E tem tudo pra crescer. Este Almeida representa bem a prática petista de queimação. Quando fazem “sombra” neles eles não poupam nem os outros quadros e partidos de esquerda!

  12. A candidatura de Ciro Gomes é uma grande oportunidade que o Brasil tem de refazer o quadro partidário indefinido e fragmentado que temos.

    Os partidos políticos no Brasil não são definidos pela defesa das ideias de uma matriz de pensamento, por uma filosofia social, como devia ser. E os partidos que surgiram com a promessa de cumprir esse papel de defesa das idéias de uma matriz de pensamento, o PSDB, como partido de centro-esquerda e o PT, como partido de esquerda, perderam a definição ideológica que possuíam originalmente.

    Hoje, com maior definição ideológica, dignos de serem considerados realmente Partidos Políticos, temos o PSOL, bem definido como Partido Político de Esquerda, e o Partido Novo, bem definido como Partido Político de Direita, mas são partidos ainda em formação. Espero que o Partido Novo e o PSOL se consolidem e cresçam.

    Falta ao Brasil um Partido forte para representar o sabor de Centro-Esquerda do espectro político e, igualmente, um partido forte para representar o sabor político de Centro-Direita.

    Temos hoje, na Centro-Esquerda, o PSB, de Renato Casagrande, o Rede, de Marina Silva, o PV, de Eduardo Jorge, o PDT, de Ciro Gomes, e o Partido Cidadania, de Roberto Freire. Percebo também um deslocamento crescente do PCdoB no sentido da Centro-Esquerda, fruto do amadurecimento político dos seus quadros, que por sinal são muito bons operadores políticos. Mas eu considero que estes partidos todos são fragmentos de uma mesma força política de Centro-Esquerda e espero que a candidatura de Ciro Gomes sirva para juntar estas forças em uma frente de emfrentamento em resposta ao momento político nefastamente polarizado pelos dois populismos, um com discurso que oscila entre o Centro e a Ultra-Esquerda, o petismo, e o outro com discurso de ultra-direita, o bolsonarismo.

    Produzir um entendimento entre os fragmentos partidários de Centro-Esquerda, PV, Rede, PDT, Cidadania, PSB, e, se possível, o PCdB, para a fusão desses partidos em uma única força política importante que se torne o grande partido da social-democracia brasileira, se acontecer, será já, por si só, um grande legado da candidatura de Ciro Gomes à presidência da república. E assim passaremos a ter um forte partido de Centro-Esquerda no Brasil.

    Como o momento de ameaça à democracia é muito delicado, exigindo, na minha opinião, uma composição mais ampla, que agregue outras forças políticas dos sabores Centro-Direita e Direita para responder às ameaças à democracia, eu espero que também os políticos Luiz Henrique Mandeta, Luciano Huck, Paulo Hartung, Rodrigo Maia e outros operadores de Centro-Direita se juntem à Candidatura Ciro Gomes e que a candidatura Ciro sirva também como embrião para o surgimento de um partido importante de Centro-Direita no Brasil.

    O Brasil precisa e merece ter um quadro partidário completo e bem definido, em substituição ao quadro partidário fragmentado e indefinido atual. Ter partidos políticos fortes, coerentes e ideologicamente bem definidos é um dos fatores mais importantes para fortalecermos e aprimorarmos nossa democracia.

    Ciro Presidente!

    [email protected]

Deixe uma resposta