A pequena burguesia radicalizada e a China

Multidão de jovens vestidos de vermelho balançam uma grande bandeira da China
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Sempre converso com meu eterno orientador (Armen Mamigonian) sobre esse assunto. Existe um fascínio de intelectuais europeus, norte-americanos e brasileiros pelas experiências bolivarianas, pelo movimento de Chiapas e agora pela esquerda do Partido Democrata dos EUA. Todas essas experiências e tendências advogam o socialismo. E esses intelectuais não somente menosprezam, mas sentem ódio da experiência chinesa, responsável por retirar da linha da pobreza 840 milhões de pessoas nos últimos 40 anos, e sua força política dirigente, o Partido Comunista da China.

É muito contraditório. De todas essas experiências, a única revolucionária, de fato, é a China. E TODAS as experiências progressista no mundo hoje dependem do mercado chinês, dos empréstimos de bancos chineses (a fundo perdido em 80% dos casos). Se esquecem do que Fidel disse em 1995: “se querem saber o que é socialismo, perguntem aos chineses”.

A raiz do preconceito é clara. Muitos reivindicam o marxismo e se inspiraram numa péssima leitura do jovem Marx. Outros acreditam que o socialismo é a utopia a ser perseguida, o que é em essência antimarxista. Engels já nos alertava sobre a necessidade de observar o socialismo como ciência. Tem gente aqui no Brasil que fala tranquilamente que os chineses não conhecem Marx.

O problema é que o socialismo é um projeto, desde o surgimento do imperialismo, anti-imperialista e anticolonial. A única chance de sobrevivência deste projeto é o pleno e rápido desenvolvimento das forças produtivas. O que ao marxismo ocidental é feio (desenvolvimento econômico), aos marxistas orientais é estratégico. Vejam como Che, Patrice Lumumba, Yasser Arafat, Gaddafi e outros foram assassinados.

Só compreende um projeto anticolonial quem se libertou da colonização mental. Os marxistas ocidentais e acadêmicos em sua maioria provêm da pequena burguesia. Assim se justifica o ódio à China e o amor pelos “progressistas” dos EUA. Lá e cá acham que devem ocorrer “eleições livres” na Venezuela. Coincidência?

Por Elias Jabbour