Oito de Setembro: o dia em que a eleição começou

Oito de Setembro o dia em que a eleicao comecou
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Até ontem, 07 de setembro, uma narrativa fantástica predominou no país. A de que nossa democracia estava ameaçada por um presidente que queria um golpe de Estado.

É claro que o fantástico não era achar que o Bolsonaro queria um golpe de Estado.

O fantástico era achar que a democracia estava ameaçada, não pela fome, miséria e destruição do nosso tecido produtivo, mas por uma micareta de lunáticos liderada por um oligofrênico picareta.

Isolado na banca, na mídia, na classe empresarial, no Congresso e no mundo, o que poderia fazer um presidente lunático caminhando para uma derrota eleitoral?

Nada.

Só dois tipos de gente apostavam em golpe sete de setembro ou depois: o tiozão bolsonarista do zap e o militonto petista.

Assistimos dia 7 de setembro um espetáculo grotesco, de um presidente se apropriando do Bicentenário da Independência para fazer atos de campanha, humilhando as Forças Armadas colocadas em segundo plano em camarotes oficiais e misturando sua micareta bolsonarista com as solenidades oficiais.

Assistimos um espetáculo grotesco de um presidente que não citou o legado de nossa história e construção civilizatória uma única vez, mas enalteceu sua suposta potência sexual.

Isso foi grotesco não porque foi popular, muito menos porque os homens com disfunção erétil podiam se sentir ofendidos pela declaração de “imbroxável”, como disse Eliane Catanhede na GloboNews.

Isso foi grotesco porque mostra o tamanho a que foi reduzido o amor e respeito à nossa nação e nossa história.

Mas fora os crimes de todo dia de Bolsonaro, de uso da máquina pública para fazer campanha, outros crimes mais graves não estiveram presentes.

Não houve discurso golpista, não houve adesão (muito pelo contrário, houve constrangimento) das Forças Armadas, não houve ameaça às instituições e não houve apoio sequer de sua própria base política parlamentar ou candidata ao parlamento.

A GloboNews ficou perdidinha com sua narrativa de golpe de Estado e atentado à democracia.

Assim, ontem, 7 de setembro, morreu definitivamente a narrativa do golpe e de que precisamos derrotar o fascismo através de eleições livres e democráticas.

Hoje, oito de setembro, acordamos num outro cenário eleitoral.

Grandes mudanças podem acontecer agora no cenário de polarização que perdeu sua narrativa central.

O fantasma morreu.

Ninguém, nem a Globo, nem o PT, nem o Lula que não assinou um único pedido de impeachment estão lutando contra o fascismo ou o golpe.

Eles estão lutando pelo poder, pela continuação do modelo econômico que destruiu nosso país nos últimos trinta anos.

A dependência dos petistas dessa narrativa é tão incrível que quando você diz que a narrativa de golpe perdeu o sentido e que agora quem vota em Lula é porque quer votar em ladrão neoliberal, eles não desmentem o ladrão nem o neoliberal, mas sim a crença de que não terá golpe.

O discurso agora vai mudar radicalmente.

Essa eleição deixou de ter duas alternativas: democracia ou fascismo.

E passou a ter outras duas alternativas: ladrões ou honestos, e neoliberais ou desenvolvimentistas.

Ou você vota no modelo que desgraçou o país nos últimos 30 anos ou você vota no modelo que fez do Brasil o país que mais cresceu no mundo entre 30 e 80.

Ou você vota em petrolão, mensalão e bolsolão, ou você vota em candidato honesto com projeto para o país.

Na primeira opção, você ensina a seus filhos que o crime compensa e o roubo é relativo, mas o neoliberalismo não.

Na segunda, você ensina a seus filhos que o roubo não compensa, que o voto é coisa séria e que futuro se constrói com projeto, trabalho e desenvolvimento.

Acabou a escolha entre 51 imóveis em dinheiro vivo e 51 malas de dinheiro vivo.

Entre o imbroxável e o tesão de 30.

A eleição agora vai mudar. Se venceremos não sei, só sei que não perderemos nossa dignidade. E você, vai perder a sua votando em ladrão sem projeto?