Sem o PSD de Kassab, Lula quer Alckmin no PV de Penna

Sem o PSD de Kassab, Lula quer Alckmin no PV josé luiz penna geraldo alckmin
O então Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin, oficializa a posse do Secretário da Cultura Jose Luiz de França Penna. Local: São Paulo/SP. Data: 30/03/2017. Foto: Luis Blanco /A2img
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Lula ainda não desistiu da aliança com o PSD de Gilberto Kassab para consolidar o apoio da centro-direita para sua chapa. Porém, diante dos sucessivos nãos de Kassab, Lula já tem um plano B para concretizar a aliança com o ex-tucano Geraldo Alckmin, colocá-lo no PV.

Como todos sabem, Kassab queria que Alckmin fosse candidato a governador de São Paulo devido sua liderança nas pesquisas eleitorais. Mas o ex-tucano que governou os paulistas por mais de uma década sabe que os votos não pertencem exatamente a ele, e sim ao orçamento do governo estadual que ele tão bem comandava.

Alckmin teve a proeza de visitar 100% dos mais de 600 municípios do Estado de São Paulo, mas os vereadores, prefeitos e deputados estaduais gostavam mesmo é da caneta de governador que ele trazia junto, e não de seu sorriso caipira de Pindamonhangaba.

Hoje, a caneta de governador está com João Doria, e foi com ela que ele tomou conta do PSDB vencendo os cabeças brancas fundadores do partido nas prévias. Os veteranos desafetos do atual governador de São Paulo queriam lançar a presidente o seu novato de estimação, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Portanto, o candidato de Doria para a sucessão paulista é o vice neotucano, Rodrigo Garcia, que hoje aparece bem atrás nas pesquisas eleitorais, mas com certeza é o favorito a ocupar o Palácio dos Bandeirantes a partir de primeiro de janeiro de 2023.

O realismo de Alckmin perante a força da caneta estadual o fez apostar no canto de sereia de Lula para compor a chapa presidencial do petista. Esse arranjo é bom para Alckmin, e parecia bom para Márcio França que queria filiar o ex-governador no PSB e em troca ser o candidato estadual de Lula. Mas o acordo na verdade é ótimo mesmo para Fernando Haddad, que foi expulso da prefeitura de São Paulo no primeiro turno em 2016 e perdeu a eleição nacional para Bolsonaro em 2018, e agora vê Lula impor o seu nome ao PSB como candidato da “esquerda” ao governo estadual.

Além disso, Lula quer Alckmin no PSD idealmente, pois além da simbologia de submeter o ex-tucano que foi derrotado pelo petista em 2006, garantiria a força gravitacional de Kassab para atrair toda a centro-direita para apoiar o PT já no primeiro turno.

Ocorre que Kassab não tem interesse nenhum nessa brincadeira. Ele queria Alckmin como puxador de votos para a bancada do PSD em São Paulo, e oferecer o apoio a Lula somente no segundo turno a um preço bastante alto. Diante da jogada de atrair Alckmin para a chapa presidencial de Lula, Kassab não pretende ser dobrado pelo lulismo no primeiro turno sendo que até as pedras sabem que ele vai fazer parte de um eventual governo petista de qualquer jeito. O espaço do PSD no governo será tanto maior quanto for o tamanho de sua bancada, e não depende da indicação de um vice recém-filiado ao partido. Desse modo, por enquanto, o sempre evasivo presidente do PSD bateu o pé e não aceita mais filiar o ex-governador.

Já o PSB alimentava o sonho de uma noite de verão de filiar Alckmin para fornecer o vice de Lula e em troca obter o apoio ao governo paulista. Nesse caso, é Lula que não tem nenhum interesse. Alckmin no PSB não acrescenta um único voto a Lula, pois não abre uma porta de prefeito no interior do Brasil ou nos partidos da centro-direita.

Portanto, Lula quer filiar o ex-governador no PV presidido por José Luiz Penna juntamente com outros tucanos paulistas, como José Aníbal e Aloysio Nunes, que foram derrotados internamente e isolados por Doria. Essa saída seria boa para Lula, pois o PV transita bem com os partidos da centro-direita, e poderia abrir diálogos para o petista nesse campo, a começar pelo próprio PSDB e inclusive no PSD de Kassab. Já Penna, que já foi secretário estadual sob Alckmin, é entusiasta até mesmo de fazer uma federação com o PT para se salvar da cláusula de barreira que está ceifando todos esses partidos pequenos.

Como se pode ver, os altos índices nas pesquisas eleitorais de Lula são uma força centrípeta que atraem e destroem partidos pequenos como o PCdoB, PSOL, e, agora, até o PV, além de submeter partidos médios como o PSB. Já Kassab é pragmático e mantém ótima relação política com Lula, mas não pretende se tornar uma força subsidiária do lulismo, e muito menos uma sublegenda do PT.

Aliás, pelo contrário, no Rio de Janeiro, o partido de Kassab que conta com a liderança do prefeito da capital, Eduardo Paes, acaba de fechar um acordo estadual com o PDT de Ciro Gomes. Os dois pré-candidatos a governador de PSD e PDT, respectivamente Felipe Santa Cruz e Rodrigo Neves, reuniram-se e decidiram caminhar juntos em uma chapa ainda a ser definida, na qual um dos dois deve ser candidato a senador, e o partido deste ocuparia a vaga de vice-governador.

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O presidente do PDT, Carlos Lupi; o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves; o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes do PSD; e o presidente da OAB Federal, Felipe Santa Cruz.

Na disputa nacional, Kassab insiste em ter um candidato próprio no primeiro turno. O Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já manifestou sua vontade de retirar logo sua pré-candidatura, mas foi convencido a aguentar pelo menos até março, e enquanto isso o PSD tenta filiar e lançar Eduardo Leite como presidenciável. Assim, o tucano governador do Rio Grande do Sul, que foi derrotado por Doria nas prévias do PSDB, poderia seguir o mesmo caminho de outros ex-tucanos que não querem se submeter a Lula como Alckmin e buscam sobrevida sob a liderança de Kassab.