Requião, o Velho MDB de Guerra, e o PDT de Brizola

roberto requião e o pdt de brizola
Brasília - O senador Roberto Requião, fala durante o quinto dia de julgamento final do processo de impeachment da presidenta afastada, Dilma Rousseff, no Senado (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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Requião é o filiado número 1 do PMDB do Paraná. Isso quando o PMDB ainda era o “Velho MDB de Guerra”. Com o passar do tempo virou o MDB do Jucá e Requião tornou-se um estrangeiro na sua própria Pátria.

Pelo PMDB, seu primeiro e único partido, Requião foi eleito deputado estadual e prefeito de Curitiba, derrotando o ícone do urbanismo sem povo, Jaime Lerner, numa campanha histórica marcada por um debate ainda mais histórico, em que Requião fez pó do “ícone”. O bordão da sua campanha marcou época e pautou sua vida política futura: “Requião fala, faz e sustenta!”

Pelo PMDB, Requião foi eleito três vezes governador do Paraná e duas vezes senador. Nas eleições de 2018, primeiro lugar até as últimas pesquisas, buscava o terceiro mandato de senador, liderava as pesquisas e deu entrevista na frente da seção eleitoral como senador “eleito. Foi para casa para um demorado almoço com familiares e correligionários. Depois, foi dormir senador “eleito”. Logo depois das 17h00 foi acordado por sua filha comunicando-lhe que não havia sido eleito.

Quem não se emocionou com a longa e limpa história de Requião retratadas nos oito episódios nas publicações de comemoração dos seus 80 anos recentemente celebrados, que podem ser vistos aqui: https://youtube.com/playlist?list=PLsGPpNosC7jTpII6vYXIgXX-Ej4uJBfDR?

Depois de quase quatro décadas de vida pública destemida e honrada, o velho guerreiro fora abatido em 2018 pelo tsunami das fake news em massa por Whats App nos dois dias que antecederam a eleição. O movimento perverso e covarde não foi captado pelas pesquisas, nem pelo tracking diário do partido. Há quem diga que o velho nacionalista teria sido atingido também por traquinagens das velhas e inauditáveis urnas de primeira geração ainda em uso pelo TSE. Requião ele mesmo diz publicamente que não acredita nisso. Não acredita que foi objeto de ataque cibernético, mas não esconde o que pensa das ultrapassadas urnas eleitorais em uso pelo TSE, como se pode ver nesta entrevista que deu ao Disparada:

Mas estejam certos os que apostam na manipulação algorítmica ou esteja certo Requião, que não crê que uma Proconsult (né, Brizola?) paranaense o tenha tirado do Senado, o fato é que não saberemos jamais o que ocorreu, pois o sistema eletrônico brasileiro (legítima jabuticaba eletrônica) é ainda inauditável. Somos párias tecnológicos. Só deixaremos de sê-lo quando for aprovada a PEC 135/2019, que aperfeiçoa as urnas brasileiras nos melhores padrões mundiais para que imprima um registro físico do voto eletrônico, a ser depositado automaticamente pela máquina de votação numa urna indevassável.

O fato é que Requião está fora do Senado. E que falta faz, né Brasil?

Fora do Senado e talvez, como se vê neste vídeo, fora do MDB:

E para onde irá Requião caso acompanhe as “bases revoltosas” para fora daquele que foi o seu primeiro e é o seu único partido? O PDT estende-lhe o mesmo tapete vermelho que nunca foi recolhido. Os velhos brizolistas não esquecem que, ao apresentar à imprensa o seu projeto para a impressão do voto como contra-prova do voto eletrônico, no longínquo ano 1999 do século passado, Requião fez questão de ter Brizola ao seu lado no gabinete no Senado. E os mais novos pedetistas assentam o entusiasmo com a possibilidade do ingresso de Requião no partido na lembrança de que ele votou em Ciro no primeiro turno das eleições de 2018.

Mas, cá entre nós, caso Requião pique a mula, não terá saído do seu quimérico “Velho MDB de Guerra”, mas de um velho sonho desfeito na poeira do tempo. E saindo Requião, o que restará do MDB do Paraná? Poeira, poeira, nada mais que poeira?