Lula fecha com PSB pernambucano, mas frustra Flávio Dino e Márcio França

Lula fecha com PSB pernambucano, mas frustra Flávio Dino e Márcio França
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A presidente do PT, Gleisi Hoffman, cravou que o PSB vai apoiar Lula na eleição presidencial de 2022. Gleisi vai se reunir amanhã com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, para acertar pequenos detalhes e sacramentar o acordo. Ainda é preciso avaliar se será possível fazer uma federação ou se será apenas uma coligação. Isso porque a federação amarra os dois partidos por 4 anos que terão que disputar todas as eleições estaduais juntos em 2022 e todas as municipais em 2024, o que é muito irrealista. Já a coligação é negociada caso a caso.

De qualquer forma, o fato é que as cúpulas decisórias do partido, o entorno de Lula no caso do PT, e o governo de Pernambuco no caso do PSB, já se acertaram, ainda que haja indefinição em outros estados.

Em Pernambuco, a sede dos sócios majoritários do PSB, o PT vai apoiar qualquer sucessor indicado pelo governador Paulo Câmara. Essa é a principal barganha do PSB.

No Espírito Santo, o PT filiou o senador Fábio Contarato para pressionar o governador Renato Casagrande do PSB. Com isso, Lula conseguiu evitar que Contarato fosse para o PDT apoiar Ciro Gomes, e o senador que está em meio de mandato valorizou seu passe para apoiar a reeleição do governador. Mais um estado que o PT cede ao PSB.

No Rio de Janeiro, o PT faz um jogo mais complexo com o André Ceciliano que é influente na Assembleia Legislativa estadual, mas sinalizou apoio a Marcelo Freixo que abandonou o esquerdismo do PSOL e busca ampliar seus apoios ao centro no PSB. O PT deve apoiar Freixo, ainda que mantenha pontes com Eduardo Paes e Felipe Santa Cruz no PSD, com o ex-petista e ex-prefeito de Niterói atualmente no PDT Rodrigo Neves, e até mesmo com o governador neobolsonarista Claudio Castro.

No Rio Grande do Sul, Lula faz jogo de cena dizendo que “precisa ver as pesquisas”, mas sinalizou que o PT retira a candidatura de Edegar Pretto para apoiar Beto Albuquerque do PSB.

Foi em São Paulo e no Maranhão que Lula deu um empurrão no PSB e impôs limites.

O PT até pode ser um partido muito nacionalizado, mas não deixa de ser um partido “paulistocêntrico”. A sede histórica do sindicalismo petista e do lulismo é o ABC Paulista. Mas não só isso. O governo de São Paulo é o único que efetivamente é autônomo do governo federal. O PSDB só continua existindo por governar São Paulo na oposição aos governos federais do PT. Além disso, o partido de Lula já governou a maior capital do país por três vezes, a última delas com o designado para disputar o segundo turno como poste de Lula contra Bolsonaro em 2018. Lula deixou claro que não abre mão da candidatura estadual de Fernando Haddad, principalmente diante da decadência cada vez maior da força eleitoral de Márcio França do PSB que sequer foi ao segundo turno da eleição municipal de 2020.

Pois bem. Cedendo em Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, e talvez até no Rio Grande do Sul, Lula riscou a linha no chão em São Paulo. Márcio França que aceite ser candidato a senador se quiser algum espacinho no possível futuro governo Lula.

Mas o maior derrotado no arranjo do PT com o PSB foi Flávio Dino. O governador do Maranhão, recém-desfiliado do PCdoB para disputar o senado pelo PSB e tentar fazer o sucessor no Palácio dos Leões em São Luís, escolheu seu vice, Carlos Brandão, como candidato ao governo. Só tem um problema, Brandão é do PSDB, e Lula não precisa apoiar um candidato tucano apenas em troca do apoio de Flávio Dino no PSB em um estado de apenas 6 milhões de habitantes. Até porque, Flávio Dino vai apoiar Lula de qualquer jeito, portanto, o PT não precisa ceder nada para ele em troca. Sendo assim, Lula prefere um palanque duplo com Ciro Gomes na candidatura do popular senador Weverton Rocha pelo PDT, partido que tem tradição de sucesso no Maranhão, do que apoiar um tucano só pra agradar alguém que já é lulista fanático como Flávio Dino.

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Em relação ao vice, Lula diz que “não teria problema nenhum em fazer chapa com Alckmin”, porém ele quer que o ex-tucano filie-se ao PSD, pois o petista quer uma chapa com o partido de Gilberto Kassab para sacramentar o apoio da centro-direita. No PSB, Alckmin não agrega praticamente nada a Lula. Mas por enquanto Kassab não pretende se amarrar com Lula no primeiro turno e manter independência para que seu partido possa apoiar quem for melhor em cada região, e vender seu apoio muito mais caro no segundo turno e posteriormente no Congresso Nacional.