O Talibã brasileiro espreita na esquina do golpismo

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Sim. Pode parecer exagero. Eu queria muito que fosse. Mas não é ‘delírio comunista’ nem histeria burguesa. O fundamentalismo político, religioso e moral está espreitando a democracia brasileira e não é de hoje.

O movimento chamado ‘bolsonarismo’ tem como pilares fundamentais esses mesmos preceitos desprezíveis e autoritários. Essa visão estreita de mundo onde o diferente é inimigo e o discordante, perigoso e traidor.

O nome já indica: embora independa e já exista no tecido social brasileiro antes da chegada do débil mental à ‘liderança’ da turba, Jair Bolsonaro hoje funciona como uma espécie de símbolo, uma alegoria grotesca de tudo que não presta e que sempre esteve, ora transparente, ora escondido, mas presente na sociedade brasileira.

Nunca gostei de Bolsonaro. Nem dos filhos dele. Cresci na mesma Tijuca do Rio de Janeiro que essa turma. Frequentei alguns dos mesmos lugares, na mesma época, que alguns dos aprendizes de meliantes, herdeiros da truculência, da mitomania e da asquerosidade que emana do chefe da família tradicional brasileira. Tradicional e criminosa, registre-se.

O ponto é que nunca gostei desses caras. Mas isso importa muito pouco ou quase nada para o Brasil e para você, leitor. Digo isso para deixar firmado que independente do que eu acho e/ou sempre achei da família Bolsonaro, as pessoas devem ser julgadas pelos seus atos.

E os atos da ‘familícia’, como chamam alguns, após a entrada do pai na liderança política nacional são um desastre. São imorais, infames e brutalmente ilegais. Queiroz que o diga. Moro, o herói sem capa dos iludidos, que o diga. A Polícia Federal que o diga. O meio ambiente que o diga. As propinas negociadas nas compras de vacinas que o digam.

O governo que ia ‘acabar com a mamata’ é o governo em que, como se investiga, teve gente roubando dinheiro de vacina, uma corrupção tão desgraçada que, assim como Ciro Gomes disse outro dia, eu chego a considerar a pena de morte para esse tipo de gente que nem gente é. Rapidamente volto atrás, claro. É só o impulso da revolta.

Bandido bom é bandido julgado, condenado e preso por muitos anos. É o que desejo do fundo do meu coração para o ser humano mais vil que já se sentou na cadeira presidencial dessa pátria-mãe-nada-gentil. E também para a sua cria trambiqueira.

Se eu, você, as instituições e o Brasil deixarmos, essa claque não pestaneja em (de volta ao início) se aliar ao pior que há nas pessoas: o fundamentalismo político, religioso e moral. Eu não tenho dúvida alguma de que Bolsonaro nem acredita na maioria desses ‘valores’ sem valor humano algum, tirando, claro, o autoritarismo boçal que ele encarna como figura.

Mas é só isso mesmo. Casou-se duzentas vezes. Teve filho fora do casamento. Os filhos viviam envolvidos em coisas suspeitas na juventude. Pra ficar no mínimo, é amigo e parceiro de todo tipo de trambiqueiro, criminoso e vagabundo. Até assassino declarado andou por ali entre afagos, abraços e rachadas – de bico e de salário de assessores.

Então, que ninguém se engane por conta do tipo patético que é o presidente da República. A turma que anda atrás dele nas sombras é inteligente, perigosa e se articula a cada dia, seja em igrejas, seja em reuniões neonazistas sigilosas, seja em almoços da terceira idade de viúvas da Ditadura que não aceitam o fim da liberdade de torturar e matar brasileiros.

Jair Bolsonaro deveria estar preso. Não poderia estar ainda na presidência. E jamais, jamais, as instituições podem permitir que continue a ‘esticar a corda’ (como ele mesmo diz), afrontando e debochando de instituições democráticas construídas a base de muita luta, muito sangue e muito suor, daqui até as eleições do ano que vem.

Já é nítido, óbvio ululante: diante dos crimes escancarados, Bolsonaro sabe que seu destino final é a cadeia e a lata de lixo da história. A não ser que ele consiga golpear a democracia e passe a contar a ‘sua’ história nas escolas e a colocar apenas seus ‘inimigos’ na cadeia.

Bolsonaro ‘vai pro pau’. Quem não vê, tá cego. E se ele vai pro pau, é fundamental e urgente que seja impedido. Agora. Não é amanhã. Não é em 2022. Ontem. Urgente. Crucial.

A cada dia que se permite que ele continue a recrutar lunáticos e bandidos em sua sanha golpista, aumenta a chance de termos um banho de sangue no Brasil na hora que o país se cansar desse marginal na cadeira presidencial.

Está dado o alerta. Quem tiver olhos, que veja. Quem tiver ouvidos, que ouça. Aqueles que têm permitido e aqueles que permitirem que o fascista chegue às eleições dentro do jogo terão sangue em suas mãos quando a gente ver as cenas do Capitólio americano se repetirem em Brasília e nas capitais do país.

Que ninguém se faça der surpreso. Que ninguém se diga ‘chocado’.

O que foi chocado foi o ovo da serpente, e por muitas mãos. Ela saiu do ovo, cresceu e virou cobra adulta e perigosa.

E quanto mais tempo levar até que alguém ‘mate a cobra e mostre o pau’ (politicamente para que não tentem me imputar algum tipo de estímulo à violência), mais vítimas essa serpente diabólica irá fazer quando for encurralada, ao melhor estilo Anaconda com Jon Voight.

Ou o Brasil acaba com Bolsonaro. Ou Bolsonaro vai acabar com o Brasil.