Esqueça o neoliberalismo, 2021 inaugura o neofeudalismo

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Ainda é cedo para dizermos que a literatura, a arquitetura e arte já retratam o neofeudalismo, mas a concentração do poder que caracterizou o feudalismo na sua versão pioneira volta a produzir a discrepância entre o topo e a base da pirâmide social. A cultura da propriedade já começa a ser substituída pelo inquilinato e sequer os “velhos discos” são seus.

Volto ao Portal Disparada neste ano que promete ser marcado por uma transição pós-pandemia. Nele os hábitos e costumes deverão ser adaptados ao novo modo de vida e de consumo. Este 2021, mesmo sabendo que a história não é escrita com cortes bruscos, abre um caminho que varre para as valas à direita ou à esquerda o dualismo que produziu o debate político concentrado nos pensamentos opostos comunismo x capitalismo.

Estamos prontos para aceitar como uma nova realidade a atual impraticabilidade do capitalismo e do comunismo? É possível redirecionarmos as energias para a inovação de novos códigos de produção e vida comunitária? Como se darão as novas alianças entre as classes? Quem são os novos senhores feudais e como dominam as estruturas de poder globais distribuídas que abrigam vários estratos de trabalhadores precários?

Os seus DVDs, CDs, LPs e K7s já não são seus. Tudo agora é alugado. Se você deixar de pagar uma única prestação, todas aquelas opções tentadoras somem do seu controle. Ou seja, você não é dono de nada. Vive para pagar impostos, aluguéis, estacionamento, pedágio, etc. Você é a base de uma pirâmide em cujo topo não há um endereço, bandeira ou fronteiras. Bem-vindo ao neofeudalismo.

Como o papel de quem entrevista é buscar boas respostas, reuni para debater este tema alguns nomes com os quais procuro trocar ideias, entre eles o líder político Roberto Requião, o especialista em direito oriental e geopolítica Egas Moniz Bandeira, o cientista político Felipe Quintas e para entendermos as consequências da invasão da justiça na política em diversos países, o renomado advogado, Dr. Cristiano Zanin.

Antes de cada uma destas entrevistas, irei acrescentar elementos da minha pesquisa sobre o tema (em forma de texto) e publicarei o vídeo para ouvirmos as opiniões dos convidados.

Hoje os temas que irei abordar com o cientista político Felipe Quintas são:

1 – As dificuldades de adaptação das esquerdas e da classe média, em todo o mundo, estariam na não aceitação de que o capitalismo e os modelos de produção mudaram e hoje vivemos um neofeudalismo que cobra “aluguel” de tudo o que usamos ou fazemos?

2 – Há algum sentido em lutarmos por um sentimento nacionalista neste contexto de degradação das democracias e destruição das soberanias?

3 – A uberização das sociedades é um caminho sem volta?

4 – A fuga de cérebros dos países periféricos para as grandes potenciais econômicas é uma realidade hoje. Chegaremos a um ponto de segregação em que até para sermos nômades teremos que apresentar currículo?