Mesmo que vença, Lula já é o maior derrotado

lula o maior derrotado das eleições bolsonaro bolsonarismo-min
Botão Siga o Disparada no Google News

Ganhando ou perdendo a eleição, Lula já é o maior derrotado desse pleito. A expectativa de que ele ganharia em 1º turno, alimentada pela grande mídia desde a sua soltura, não se concretizou, levando frustração à campanha no seu momento decisivo. Para piorar, a tão esperada “onda vermelha” no Congresso e nos estados não aconteceu, deixando vulnerável um eventual terceiro mandato de Lula.

O oba-oba petista foi tão contraproducente que Bolsonaro, que em princípio seria o maior derrotado, pois nunca antes o candidato à reeleição, com toda a máquina na mão, ficou em 2º lugar ao final do 1º turno, acabou se consagrando pois mostrou ter força eleitoral e social muito maior do que o “consenso” jornalístico apontava. Com o resultado final sendo decidido nos últimos minutos, como tudo indica que será, qualquer vitória de Bolsonaro, mesmo por um voto de diferença, seria sua apoteose, mesmo sendo um resultado tecnicamente muito abaixo de qualquer outro candidato à reeleição que já existiu e mesmo essa apoteose sendo efêmera, pois não resistirá à dura realidade de subida cavalar de preços e retirada de auxílios que inevitavelmente se sucederá ao período de demagogia eleitoral.

De todo modo, as boquinhas do bolsonarismo já estariam garantidas, e é só por elas que ele está se empenhando. Por outro lado, a vitória de Lula seria como o Real Madrid ganhar do XV de Piracicaba nos pênaltis, uma vitória com atestado de fraqueza. Fraqueza essa potencializada pela pressão do sistema financeiro transnacional, que, tendo garantido o controle da agenda do segundo governo Bolsonaro, já iniciou uma operação de captura do eventual governo Lula sem que ele tenha forças para se opor, pois tem como vice Geraldo Alckmin, que assumiria de pronto caso o Congresso queira.

A The Economist, revista dos Rothschild, já fez duas matérias, a segunda ainda mais explícita que a primeira, exigindo que Lula se desloque para o “centro”, isto é, que ele entregue a condução do governo para o PSDB e MDB. Eles não são de avisar pela terceira vez. A notícia de hoje que “o mercado aposta em anúncio de Meirelles como ministro nos próximos dias“, e que já teria precificado essa nomeação nas bolsas, por sua vez, é uma grande armadilha para Lula, pois, se ele, na última semana de eleição, de fato nomear Meirelles, assinará embaixo da política econômica de Bolsonaro e Paulo Guedes, que é exatamente a mesma que Meirelles construiu no governo Temer, que assumiu após um “golpe” contra o PT.

Lula se desmoralizaria completamente sem garantia nenhuma de vitória. Em caso de derrota, absolveria Bolsonaro do desastre que será um eventual segundo governo dele, pois qualquer pessoa com um mínimo de senso de objetividade seria levada a crer que Lula “faria tudo igual”. Mas, se Lula não nomear Meirelles, provocará uma queda na bolsa que custará milhões aos controladores da política brasileira no momento crucial do pleito, virando ainda mais a Faria Lima e tudo que ela representa a favor de Bolsonaro.

Se Lula perder, sairá da política de cabeça baixa mas pelo menos deixando a esperança de que poderia ser um governo melhor que o do Bolsonaro, que será uma tragédia. Mas, se Lula ganhar contra a Faria Lima, o seu terceiro governo não o capacitaria a combatê-la, pois, como já dito, o vice de Lula é Alckmin e o Congresso, que pode impichar Lula e empossar Alckmin, é em sua maior parte alinhado à Faria Lima. Bolsonaro, se perder, certamente sofrerá uma derrota severa, pois é humilhante perder para um “descondenado”, mas de qualquer forma terá superado expectativas, fortalecendo o bolsonarismo, que encontrará, na oposição, campo mais propício para sua atuação “antissistêmica”, devidamente institucionalizada e representada em vários cargos parlamentares, sobretudo no Senado.

Não há nada no cenário de hoje que indique que os próximos 4 anos serão melhores. Sem orientação e sem direção, o Brasil continuará à deriva no mar turbulento e caótico do capitalismo financista global americanizado em decadência.

Faço um adendo à frase que iniciou esse texto: não será Lula o maior derrotado dessa eleição. Será o Brasil, qualquer que seja o resultado.