O LGBTQIA+ no mercado de trabalho e um PND para chamar de nosso

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O mês de junho cria uma atmosfera colorida nas redes sociais e durante 30 dias rigorosamente contados o público recebe publicações de empresas adornando o arco-íris em seus logos, cada uma de uma forma sempre diferente e criativa das demais. Mas o que um logo com arco-íris efetivamente faz em benefício da comunidade LGBTQIA+?

O sucateamento do mercado de trabalho iniciado com a minimização da indústria nacional desde o final dos anos 90, agravado por governos ditos de esquerda ao priorizar políticas para beneficiar grandes bancos em detrimento da criação de postos de trabalho e investimento em pequenas empresas, e finalmente afundado pelo atual governo genocida com a reforma trabalhista e previdenciária criou uma triste realidade de 14 milhões de desempregados no nosso país. É uma situação terrível que expõe mais de 50% das famílias do país ao risco de fome.

A população LGBTQIA+ é uma vítima do preconceito institucionalizado no mercado de trabalho, a dificuldade de ingresso ou de recolocação no mercado de trabalho é maior entre membros da comunidade do que para pessoas que não fazem parte dela. Pesquisa do Center for Talent Innovation mostra que, por exemplo, 61% dos funcionários gays ou lésbicas escondem a sexualidade pelo receio da perda de emprego, e que 41% dos funcionários afirmam terem sofrido algum tipo de repreensão ou discriminação em razão da sexualidade ou identidade de gênero. Além disso, a pesquisa apontou que um terço das empresas não contratariam LGBTQIA+ para cargos de chefia e, o dado mais preocupante, 90% das travestis e transexuais vão para prostituição por falta de oportunidade em empregos formais, mesmo que tenham qualificação comprovada para tal.

Ao se pensar em como o PND (Projeto Nacional de Desenvolvimento) é capaz de superar essas marcas tão preocupantes, é necessário olhar amplamente e perceber, inicialmente, os impactos de uma educação de qualidade, como mencionado no texto “A educação como formadora de (boa) opinião”. Além dos pontos mencionados no texto, que frisam sobre educação como diminuição do preconceito desde a primeira infância, a educação é essencial para formação técnica de um bom trabalhador, e é aqui onde é possível virar a chave para dar mais oportunidades para a comunidade LGBTQIA+ dentro desse contexto de revolução trabalhista.

O PND planeja abastecer o país com polos industriais em diferentes áreas, criando milhões de postos de emprego em todo país, recrutando a população desempregada com novas oportunidades para os brasileiros. Novos postos de trabalho necessitam de cursos de capacitação, oferecidos pelas próprias empresas e indústrias para qualificação dos futuros funcionários. E se existe um planejamento detalhado sobre a retomada dos empregos, por que não discutir nesse projeto um espaço para políticas públicas de apoio à diversidade?

Um caminho a se tomar de início é programas de qualificação específicos para pessoas LGBTQIA+, principalmente as travestis, a fim de fornecer uma alternativa rápida para essas mulheres, com oportunidade para sair das ruas e da prostituição, cuja atividade as expõe a extrema violência, fazendo sua expectativa de vida não ultrapassar os 35 anos, segundo a ANTRA (Associação Nacional das Travestis e Transexuais). Além disso, um programa de qualificação visando criar centros de formação técnica exclusiva para pessoas LGBTQIA+ deve ser somado a uma meta com percentual fixo de funcionários provenientes desses programas, o que aceleraria a retomada dos empregos, ao passo que tiraria essa população de vulnerabilidade, gerando oportunidades, ocupando postos de trabalho, garantindo uma economia forte e pungente para o país. E mais importante do que pensar na colocação de pessoas em postos de trabalho, é necessário também se preocupar com a manutenção desse funcionário em sua função, promovendo políticas internas de apoio à diversidade e incentivo ao respeito.

Uma problemática ampla como a questão LGBTQIA+ no mercado de trabalho precisa de uma solução ampla, por isso um programa que vise formação, ingresso e manutenção das pessoas da comunidade precisa ser construído com muita responsabilidade e deve ser institucionalizado com seriedade, tanto pelas indústrias e empresas dos polos previstos no PND, como por empresas que já existam, afinal, é necessário que essas empresas tomem atitudes firmes a fim de combater o preconceito, e ir muito mais além que os discursos pela diversidade e os arco-íris em suas fotos de perfil no mês de junho.