Temporada de caça ao Kalil

Temporada de caça ao Kalil
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Nas últimas semanas, o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tem estado com frequência entre os assuntos mais comentados da internet. O motivo mais recente seriam reclamações de torcedores do Cruzeiro Esporte Clube a respeito de um suposto favorecimento por parte da prefeitura ao Clube Atlético Mineiro – o qual já foi presidido por Kalil – em relação aos limites de lotação dos estádios durante a pandemia. A cada jogo de um dos clubes, o nome “Kalil” logo surge nos trendings topics. Segundo as mensagens, feitas às milhares de forma quase simultânea nas redes sociais, o prefeito teria sido o responsável pela ocupação máxima permitida nos jogos do Atlético no Mineirão estar sendo maior que a permitida nos do Cruzeiro.

A polêmica, já esclarecida pela Minas Arena, concessionária que explora comercialmente o estádio, não teria relação com a prefeitura de BH, mas com os tipos de contrato que cada clube resolveu fazer com a empresa. O Atlético tem um contrato anual e o Cruzeiro faz acordos pontuais, por jogo. Esse fato atrapalharia a logística da empresa, especialmente no período de pandemia, que precisa ser informada com certo prazo para organizar a escala de trabalho dos 600 funcionários e colaboradores necessários para realização de jogos no Mineirão em plena capacidade. [1]

Acusar o adversário de receber algum tipo de favorecimento escuso é algo tão típico do futebol quanto comemorar um gol do seu time. Porém, o que tem chamado a atenção nessa polêmica são as semelhanças e o volume das acusações, em mensagens muito parecidas, que dizem algo como ‘cruzeirenses deviam ter vergonha de votar nesse cara’ ou ‘ao invés de governar a cidade, Kalil está usando a prefeitura para ajudar o Atlético’.

Outro fato curioso, que me fez ligar o alerta, ocorreu no grupo de Whatsapp do bairro onde moro no interior de Minas. Os assuntos do grupo, normalmente, giram em torno de obras da prefeitura local, quedas de internet, cães fujões, avisos de segurança, indicação de serviços na cidade etc. No entanto, semana passada, logo após uma vitória do Atlético no Campeonato Brasileiro, apareceu no grupo um vídeo com uma imagem de Kalil, marcado como “encaminhado com frequência”, em que o prefeito assumia no áudio todas as acusações de proteção ao seu time de coração.

Eu já conhecia o vídeo e sabia que não era recente, diferentemente do que insinuava a postagem. A mesma gravação já havia sido usada na última eleição contra o Kalil e sido denunciada como trecho de uma entrevista de 2013, tirada de contexto. [2] No mesmo dia em que recebi esse vídeo no grupo do bairro, um amigo que mora em outra cidade do interior de Minas, a 300 km da minha, me informou que também o havia recebido em um grupo da associação comercial de lá. Mais tarde, um primo, que nem mora no estado, me encaminhou o mesmo vídeo.

É interessante que essa associação entre a atuação de Kalil como político e como dirigente de futebol não o prejudicou nas eleições de 2020. Na verdade, as pesquisas feitas com esse recorte indicaram justamente o contrário. Tanto entre atleticanos, quanto entre cruzeirenses, ou entre torcedores do América Mineiro, ou ainda entre aqueles que não torcem para time nenhum, Kalil tinha proporções similares de intenções de votos, suficientes para a folgada vitória em primeiro turno que acabou ocorrendo. [3]

Mas a conjuntura parece estar mudando rapidamente e desgastar o adversário, ou o recém-inimigo, por esse viés, pode ter entrado na pauta de alguma obscura estratégia de marketing. Nesse sentido, explorar o ressentimento que muitos cruzeirenses estão tendo com a temporada ruim do time, que disputa a série B do Campeonato Brasileiro, canalizando a revolta em uma figura tão identificada com o rival histórico do clube, se torna um caminho mais que óbvio na disputa política.

Também é óbvio que essa conclusão baseada apenas em observações pessoais e, não, em uma pesquisa sistemática de dados na internet, é falha. Mas não deixa de ser uma hipótese interessante, sobretudo após nossa última eleição presidencial.

Essa percepção sobre ataques coordenados contra o Kalil já vem de bem antes. Após ter sido reeleito no primeiro turno com 63% dos votos, o que mostrou o respaldo da população às medidas tomadas pelo prefeito durante a pandemia – gestão reconhecida internacionalmente como referência do Brasil na crise sanitária –, Kalil se tornou um nome forte para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2022 (na verdade, passou a ser cogitado até mesmo como candidato à presidência da República) [4].

Temporada de caça ao Kalil
https://twitter.com/alexandrekalil/status/1449045172562628608

O número expressivo de votos o projetou nacionalmente e o levou à cadeira do programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura, onde Kalil não só se saiu muito bem, como fez uma importante autocrítica em relação ao discurso da antipolítica que pautou sua primeira eleição, mostrando que sua filiação ao PSD, intermediada pelo ex-deputado e atual prefeito de Betim, Vittorio Medioli, fazia parte de um projeto maior. Em 2016, filiado ao PHS, Kalil conseguiu se eleger como outsider, surfando na onda da antipolítica, com sua campanha sendo coordenada por Gabriel Azevedo, fundador da Turma do Chapéu – uma espécie de MBL mineiro surgido em 2010 no seio da juventude do PSDB local. [5] Azevedo se elegeu vereador e parte da Turma do Chapéu passou a trabalhar na área de comunicação da prefeitura e a ocupar cargos importantes na administração, até a recente ruptura com Kalil, que culminou com o vazamento de um áudio gravado às escondidas no gabinete do prefeito à CPI da Covid, instaurada na Câmara Municipal. [6]

Acossado atualmente por duas CPIs, Kalil, que governou com maioria na Câmara de Vereadores em seu primeiro mandato, também parecia estar em situação confortável nesse segundo na relação com o legislativo municipal. Alexandre Kalil não só tinha uma base de apoio com mais da metade dos parlamentares da Câmara, com a perspectiva de ainda aumentar esse número no início da legislatura, quanto apoiou a reeleição da vereadora Nely Aquino (Podemos) para presidência da casa, que obteve o voto de 34 dos 41 vereadores de Belo Horizonte. [7]

Tudo indicava que, na política, o ano de 2021 seria para Kalil o que 2013 foi no futebol, quando sua gestão como dirigente conseguiu equacionar as dívidas do Atlético Mineiro (que poucos anos antes tinha sido rebaixado para a série B do Brasileirão), montar uma equipe competitiva e levar o time ao inédito título da Libertadores da América. Porém, a turma da antipolítica se mostrou bem mais hábil em dar chapéu que o Ronaldinho Gaúcho, além do time do udenismo mineiro ser muito mais forte que o Olimpia do Paraguai.

Diferentemente de São Victor, o arqueiro da política, Adalclever Lopes, secretário de governo da prefeitura, não conseguiu defender o pênalti e a partida terminou em quebra-pau. A ruptura de Kalil com a antipolítica foi mais traumática do que se podia calcular.

A ascensão de Adalclever, ex-deputado estadual por quatro mandatos e presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais por duas vezes, dentro do núcleo político de Kalil, substituindo a Turma do Chapéu na coordenação da campanha de reeleição, é um indicativo dessa virada. Na entrevista para o Roda Viva, perguntado se tinha acabado a história de “outsider” e se ele havia passado a “respeitar a política com P maiúsculo”, Kalil respondeu:

“Eu não tenho compromisso com o erro. (…) Hoje eu sou um homem que respeita a boa política. (…) Nós sabemos o que é a vida e a história do Tancredo e do Juscelino… eu estou falando dos mineiros. Então, negar a política hoje seria uma cretinice da minha parte. Eu tive que formar uma base na Câmara. Esses votos [da reeleição] não vieram para mim a toa. Eu tive uma base na Câmara me ajudando. Eu tenho que ser grato a eles. Então eu formei uma base, mas eu formei uma base falando que eu não ia dar emprego para nenhum vereador, para uma indicação, mas que eu faria todas as obras que eles me pedissem. Foi o que foi feito. (…) Eu converso muito, ao contrário do que todo mundo acha. Eu sou um cara que não faz inimigos.” [8]

Em outra entrevista emblemática, concedida ao historiador Marco Antonio Villa, perguntado como lidava com a Câmara de Vereadores, visto que, segundo Villa, o prefeito “foge um pouco da tradição da política mineira”, Kalil disse:

“Eu lidei com a Câmara Municipal, eu fiz a minha base, usando a velha política. Que é entregando o serviço na ponta. Quer dizer, o vereador se reelegeu da minha base, porque ele entregou a obra lá na ponta. Eu não dei cargo, nenhum cargo para nenhum vereador. Entendeu? Você sabe muito bem que é assim que funcionava antigamente. (…) Então eles falam de nova política ou daquele negócio de entupir de cargo, fazer aquela bobajada, que não funciona, não dá voto e que… sendo que cada vereador tinha sua entrega para mostrar no final do mandato. Então, eu tive uma base tranquila, sólida, sem nenhum problema, simplesmente usando o que se usava antigamente. O vereador solicita, quer dizer, ele trabalha para o povo da região dele, ele trabalha para o prefeito, que está atendendo a região dele, e para ele que está atendendo a região dele.” [9]

A nova filosofia política exigiu uma reorganização administrativa e, entre ciúmes e empurrões, os jovens udenistas da velha ordem perderam espaço. E reagiram.

Um dos motes da campanha de 2016 de Kalil foi “abrir a caixa preta da BHTrans”, que é a empresa responsável pelo gerenciamento e fiscalização do trânsito e do sistema de transporte público de Belo Horizonte. A denúncia dos altos preços das passagens e a falta de transparência nas planilhas de custos deu a Kalil uma bandeira popular na eleição, que ele seguiu empunhando depois de eleito.

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A relação conflituosa de Kalil com as empresas de ônibus foi uma constante durante todo o primeiro mandato. O novo prefeito barrou aumentos e contratou uma empresa para realizar auditoria nas concessionárias e seus contratos. Os trabalhos terminaram em dezembro de 2018, quase dois anos após a posse de Kalil, período em que a passagem não foi reajustada, ficando congelada em R$ 4,05. O problema foi que, considerando os custos encontrados e a taxa de retorno prevista no contrato firmado em administrações anteriores, a auditoria constatou que o preço da passagem deveria ser de… R$ 6,35! [10] Kalil ofereceu um reajuste para R$ 4,50 no ano seguinte, sob protesto das empresas, que depois cederam e aceitaram o valor. Em 2020, as empresas entraram na justiça pedindo um reajuste para R$ 4,75, mas a prefeitura recorreu e a passagem continuou em R$ 4,50, valor que permanece inalterado até hoje.

O surpreendente resultado da auditoria, indicando um valor muito mais alto que o esperado, gerou questionamentos em relação aos métodos e à lisura das investigações. De imediato, um diretor da BHTrans foi afastado e o Ministério Público abriu um inquérito [11]. Na Câmara, desde 2018, o vereador Gabriel Azevedo vinha tentando instaurar uma CPI da BHTrans, mas só foi conseguir na legislatura seguinte, em maio de 2021, quando os ventos da nova correlação de forças começaram a soprar, gerando também, no mesmo sopro, a CPI da Covid, aberta para analisar a utilização de recursos pela prefeitura no enfrentamento da pandemia. [12]

Em ambas as CPIs, os efeitos do rompimento da Turma do Chapéu causado pela perda de espaço para o secretário Adalclever Lopes e o modus operandi da antipolítica estiveram presentes. O ex-membro da Turma e ex-chefe de gabinete de Kalil, exonerado do cargo em agosto, Alberto Lage, saiu atirando acusações na imprensa, especialmente contra seu desafeto, Adalclever.

Além da perda de espaço, outro conflito entre os dois seria em relação à regulamentação do Buser, aplicativo de viagens usado para intermediar o fretamento coletivo de ônibus. Segundo alguns críticos da ferramenta, parte dos ataques à BHTrans teria como foco, não a redução das passagens, mas o enfraquecimento das empresas de ônibus para acabar com as restrições ao aplicativo, que opera sem os custos e obrigações legais a que as empresas são submetidas. Segundo Lage, Adalclever estaria trabalhando para inviabilizar a atividade do Buser no estado em favor das empresas. [13]

A denúncia mais ruidosa de Alberto Lage se deu em seu depoimento à CPI da Covid, quando apresentou um áudio de uma conversa entre ele e Kalil gravada no gabinete do prefeito. A investigação em curso era sobre uma antecipação de créditos em vales-transporte feita pela prefeitura às empresas de ônibus, no início da pandemia. A justificativa para a antecipação foi que o fechamento da cidade provocou uma interrupção súbita do faturamento das empresas, o que exigia alguma ação para evitar a falência delas.

No áudio, Kalil diz ter sido informado por um vereador de que o advogado de defesa do ex-presidente da BHTrans investigado pela CPI, Célio Bouzada, seria o renomado jurista e diretor da Faculdade de Direito da UFMG, Hermes Guerrero, que poderia estar sendo pago pelas empresas de ônibus. Por isso, Kalil aconselhava o então assessor a tomar cuidado com as acusações à Bouzada, pois ele poderia ser interpelado judicialmente:

“O que você ganha se você for lá e esculachar? Você foi mal assessorado. Vai chegar para ele: vem cá amigo, vem cá no tribunal e fala como você foi mal assessorado. E o cara tá preparando uma peça dessa desse tamanho, para pagar R$ 1 milhão para advogado. Aí eles rateiam lá, dá cem mil para cada um”, diz o prefeito no áudio. [14]

Kalil afirmou à imprensa que iria à CPI dar quaisquer esclarecimentos sobre o caso, mas que o áudio apresentado foi algo “clandestino, irregular e criminoso” e que não poderia ter sido divulgado.

“O problema do áudio é que ele é distorcido. Quando ele for transcrito na Justiça, como será, todos vão ver que eu disse, que eu pensava, que eu achava, que podia ser, podia não ser, que um advogado do nível do doutor Hermes poderia estar sendo financiado por alguém. Uma conversa particular com quem eu achava que era de confiança e fazendo o meu valor de juízo de tudo que estava acontecendo”, disse Kalil. [15]

Na última semana, foi divulgado que o relatório final da CPI da Covid vai solicitar ao Ministério Público que investigue o prefeito por compra de vales-transporte de empresas de ônibus e vai pedir o indiciamento dos médicos infectologistas Carlos Starling e Estevão Urbano. Os dois foram membros, junto ao também infectologista Unaí Tupinambás, do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 ligado à Prefeitura de Belo Horizonte, órgão que se reunia periodicamente para avaliar os indicadores da crise sanitária e sugerir medidas ao executivo municipal no enfrentamento da pandemia. [16]

Quanto à outra CPI, essa sim focada na BHTrans, acreditava-se que o ex-aliado, ex-membro da Turma do Chapéu e presidente da CPI, Gabriel Azevedo, concentraria as investigações nas empresas de ônibus e, não, na prefeitura. A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito era pauta antiga do vereador e seus trabalhos poderiam projetá-lo para concorrer à prefeitura em 2024. Inclusive a parceria com a atual presidente da Câmara, Nely Aquino, que também rompeu com Kalil [17], já vinha sendo aventada na imprensa como a formação de uma possível chapa. [18]

Contudo, diferentemente do que se esperava, o foco das investigações da CPI da BHTrans foi justamente a atual gestão da prefeitura e o relatório final, aprovado dia 8 de novembro, sugeriu o indiciamento de 31 pessoas, entre funcionários e ex-funcionários da BHTrans, empresários ligados a empresas de ônibus e… do prefeito Alexandre Kalil. Curioso, pois, apesar de ter concluído que grande parte das distorções tarifárias no transporte público da cidade se deve aos contratos firmados em 2008 entre as empresas de ônibus e a prefeitura, não houve o indiciamento de nenhum prefeito anterior à Kalil, que assumiu em 2016. Segundo a colunista da Rádio Itatiaia, Edilene Lopes, “interlocutores do prefeito afirmam que toda essa investida contra Kalil tem dois motivos. Um dos motivos seria a frustração do vereador Gabriel Azevedo de não ter conseguido uma virada efetiva contra as empresas de ônibus, o que o credenciaria para ser candidato a prefeito em 2024. E o segundo motivo seria a atuação interessada da base de Romeu Zema em destruir a candidatura de Kalil.” [19]

E aqui encontramos um jogador aparentemente ausente dessa partida, fazendo a função daquele atacante banheirista e perna de pau, que fica esperando a zaga dar uma bobeira para cavar um pênalti e justificar seu salário. Romeu Zema Neto, do Partido NOVO, entra em campo.

Domingos Zema, fundador do grupo Zema, hoje composto por empresas que operam em diversas áreas, especialmente na rede de varejo de eletrodomésticos e móveis espalhada por toda Minas Gerais e mais 4 estados, gerou Romeu Zema vô, que gerou Ricardo Zema, que gerou Romeu Zema Neto, herdeiro do bisavô. Dessa corrente de prosperidade e meritocracia, o Romeu Neto trouxe de herança não apenas a fortuna da família, mas a habilidade em conseguir ganhos apenas por estar no lugar certo, na hora certa – seja no útero materno, seja no palácio do governador.

O discreto governador, que pouco apareceu nos dois primeiros anos de mandato, a não ser para validar a visão bolsonarista do combate à pandemia, parecia candidato certo à derrota, caso se aventurasse a tentar a reeleição. Mas o herdeiro de Domingos Zema é um cara de sorte e hoje lidera com folga todas as pesquisas para a sucessão no estado.

Falando em herança, Romeu Zema deve ter estranhado essa, pois herdou um estado com as contas totalmente destruídas por seu antecessor, Fernando Pimentel, do Partido dos Trabalhadores. Mas o experiente e precavido administrador de empresas feito governador tinha três planos para resolver o grave problema:

O primeiro consistia em desligar quatro elevadores do palácio de governo, para economizar energia elétrica, continuar vivendo em seu apartamento, ao invés de ir morar na residência oficial, [20] vender os aviões do governo (o que permitiu uma arrecadação de 2,2 milhões de reais, mas que obrigou o governo a gastar 1,9 milhão com fretamento de aeronaves) [21] e se recusar a receber o salário de governador, de R$7.964,87, enquanto o estado não colocasse em dia o 13º dos servidores públicos. Medidas importantes, mas que se mostraram insuficientes para corrigir as finanças de um estado que tem uma dívida pública de 143 bilhões de reais, com 30 bilhões destes tendo sido adicionados durante o curto governo de Romeu Zema. [22]

O segundo plano consistia em vender todo o patrimônio público do estado que fosse possível ser vendido. Durante a campanha, essa era uma de suas propostas principais: vender todas as estatais. Porém, sempre aberto a novos conhecimentos, Zema aprendeu que vender uma estatal não é como vender uma geladeira nas Lojas Zema, pois traz consequências econômicas e jurídicas profundas, além de ter descoberto que o cargo de governador exige algo que ele não estava acostumado: articulação política.

Seu principal desejo era privatizar a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) – a qual seus funcionários acusam Zema de estar sucateando a empresa para causar insatisfação na população e vencer as resistências à sua privatização [23]. Mesmo assim, o governador não conseguiu realizar a venda e já anunciou que precisará de outro mandato para concluir a privatização. Por enquanto, iria apenas vender as subsidiárias que davam prejuízo (o curioso é que ele só conseguiu se desfazer da participação da Cemig na Taesa, que dava lucro). [24]

Fracassada a tentativa de privatizar a Companhia de Energia, Zema voltou suas baterias para a Codemig, empresa de capital misto que dedica-se à exploração de nióbio em Araxá, em parceria com a CBMM [25]. O Brasil possui 98% das reservas de nióbio do mundo [26] e, em Araxá, mantido os atuais níveis de exploração, ainda há nióbio para mais 400 anos de extração, que rendem hoje ao estado em torno de 1 bilhão de reais anuais. Assim, usando seus vastos conhecimentos administrativos, Zema apresentou um projeto de lei à Assembleia Legislativa mineira para se desfazer da participação estatal, “mesmo sem saber quanto ela vale.” [27]

Já o terceiro plano do governador para consertar as contas do estado de Minas Gerais era o mais ousado e exigiu todo o seu preparo como gestor. Consistia em vender o almoço para comprar a janta.

Desde o início do governo Zema, o STF concedeu uma série de liminares para suspensão do pagamento das dívidas do estado com a União. Ao todo, o governo já deixou de pagar mais de R$ 30 bilhões de dívidas e R$ 4,5 bilhões de encargos [28]. Mas, com a janta garantida, chega novamente a hora do almoço no dia seguinte: o Supremo deu um ultimato ao estado em outubro último para que Minas Gerais aprove, em 6 meses, um Regime de Recuperação Fiscal, o que significa submeter o povo mineiro, tão afeito às guloseimas típicas de seu estado, a um jejum intermitente de 9 anos, com a esperança de que sobreviva ao fim. [29]

Todavia, poder administrar o estado sem pagar dívidas por 3 anos deu alguma folga ao governo Zema. Aliado a isso, outro fato em que o governador teve tanto mérito quando nascer bisneto de Domingos Zema, foi o pequeno boom de commodities ocorrido durante a pandemia. O minério de ferro, principal produto de exportação do estado, apesar de estar em U$ 90 agora, teve pico de preço de U$ 219 na pandemia, o que, aliado à alta do dólar, trouxe divisas a Minas e fez a arrecadação do estado subir em 130% no primeiro quadrimestre de 2021. [30]

Por último, em fevereiro de 2021, para receber os recursos imediatamente, o governo aceitou reduzir em 32% a indenização devida pela Vale ao estado, por causa do acidente do rompimento da barragem em Brumadinho, que causou grandes impactos ambientais e matou 272 pessoas. Com isso, o acordo foi fechado em R$ 37,7 bilhões ao invés dos R$ 55 bi que pedia o governo.

Todos esses fatores somados, medidas judiciais que adiaram pagamentos de dívidas, um inesperado boom de commodities e a perda de R$ 17 bilhões no acordo com a Vale para receber o dinheiro da indenização mais rápido, permitiram à Zema regularizar momentaneamente as contas do estado, transferir recursos aos municípios, colocar em dia o 13º dos funcionários e subir nas pesquisas eleitorais.

E o primeiro lugar em que os efeitos políticos desse cenário foram sentidos foi na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O antipolítico Zema, missionário do Partido NOVO, também fez a sua transição para a nova conjuntura.

Assim como ocorreu no plano nacional, a Assembleia de Minas aprovou recentemente um auxílio emergencial de 600 reais, infelizmente em dose única, para 1 milhão de famílias carentes, que foi já devidamente incorporado à propaganda do governo [31]. E do político que não recebia deputados, prefeitos, vereadores e lideranças do estado, e cujos aliados de outrora não conseguiram vencer as eleições municipais de 2020 em nenhuma das 853 cidades mineiras – nem mesmo na sua cidade natal, Araxá – o neobolsonarista Zema também encontrou um Centrão, ainda Centrinho, para chamar de seu. O início da investida do governador contra Kalil se deu num campo onde Zema tem uma ampla experiência ancestral: a relação com clãs familiares.

Até então aliado de Kalil, o deputado federal e diretor de relações institucionais da CBF, Marcelo Aro (PP), se indispôs com o prefeito, em fevereiro desse ano, por causa da indicação de seu pai, o deputado estadual Zé Guilherme (PP), para liderança do governo Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O líder do governo acabou sendo o deputado estadual Gustavo Valares, do PSDB, que trabalha para que seu partido esteja com Zema na reeleição [32]. Mas a aproximação de Aro e Zema teve significativos efeitos políticos: seu pai, Zé Guilherme, acabou se tornando vice-líder do governo na Assembleia, sua mãe, Professora Marli (PP), é vereadora em Belo Horizonte e faz parte de um bloco formado por 6 vereadores na Câmara Municipal controlado por Marcelo Aro, que passou a fazer oposição ao prefeito. Em agosto, Romeu Zema indicou Aro como líder do governo de Minas no Congresso, em Brasília [33], e nomeou o primo do deputado, Cássio Guilherme Coutinho Ferreira, como diretor de uma subsidiária da Cemig [34]. É a nova política mostrando a que veio.

O primeiro efeito desse movimento foi visto já em março desse ano, quando Kalil sofreu uma derrota no plenário da Câmara, em um projeto que pretendia captar recursos para a solução dos alagamentos na cidade. Kalil precisava de 28 votos para a aprovação, mas só obteve 27, com a estranhíssima abstenção de um vereador do seu próprio partido, Cláudio do Mundo Novo (PSD) [35]. Essa foi a primeira gota de sangue na água que atraiu os tubarões, agora embalados pela recuperação da popularidade de Zema. [36]

A solução provisória (e insustentável) encontrada por Zema para reequilibrar as contas do estado e o contraste com a memória do desastroso governo anterior, de Fernando Pimentel, têm levado o atual governador a ultrapassar os 40% de intenções de votos para a reeleição em todas as regiões de Minas, exceto, a região metropolitana, onde Kalil está na frente. E aqui se põe o dilema do atual prefeito de Belo Horizonte.

Além de ser conhecido em todo o estado, estar com a máquina do governo na mão e ser recém-convertido ao jogo político real, Zema também tem o apoio federal, já que se mostrou na pandemia o mais bolsonarista dos governadores.

Foi o único a não condenar as investidas de Bolsonaro contra as instituições, dizendo que “há pessoas adotando totalitarismo contra o presidente” [37], que a classe política bate em Bolsonaro porque “perdeu seus privilégios” [38] e que o presidente “acabou com a corrupção” [39]. Além disso, no início da pandemia, Zema também defendia a ‘imunização de rebanho’ propalada pelo presidente, ao criticar prefeitos que fechavam suas cidades dizendo que “o vírus precisa viajar um pouco”. Segundo ele, “se nós impedirmos ele totalmente, ele acaba deixando algumas regiões sem estar infectadas, e amanhã nós vamos ter uma onda gigantesca nessa região. Então, o ideal é que ele se propague, mas devagar, e a ausência total de propagação é ruim”. [40]

Por esses posicionamentos e por ter se alinhado ao governo federal desde o início da pandemia, rapidamente, apareceram rusgas entre o governador e o prefeito da capital na gestão da crise sanitária. A primeira tentativa de articulação de Kalil com Zema, em março de 2020, para realizarem um trabalho conjunto no combate à pandemia, falhou. [41] Na data, o governador disse que Kalil estaria usando o surto da doença como “palanque” [42] e que havia prefeitos seguindo “caminhos extremos para chamar a atenção” [43].

Em um primeiro momento, os números na pandemia em Minas Gerais ficaram baixos, se comparados aos de outros estados que viveram logo de cara o colapso do seu sistema de saúde. Mas, passados alguns meses, descobriu-se o segredo do sucesso de Minas nessa primeira fase.

O estado possuía pouco menos de 3 mil leitos de UTI, com quase um terço desse total em Belo Horizonte, que atende a diversas cidades do interior. Como Kalil tomou medidas rigorosas logo no começo da pandemia, o ritmo de crescimento do contágio foi minorado na maior cidade do estado, fazendo com que a rede de saúde conseguisse atender os casos de contaminação de forma mais espaçada. O outro motivo, esse um avesso de estratégia por obra do governo do estado, foi a subnotificação de casos que maquiou os números de mortes e contaminação, o que foi admitido pela própria Secretaria de Estado de Saúde (SES), no fim de maio de 2020. [44]

A postura do governador, somada à do presidente (fora as trocas de ministros da saúde no meio da pandemia, a incompetência do governo central em distribuir os auxílios emergenciais e viabilizar o financiamento de empresas e prefeituras), minou o respaldo oficial de prefeitos do interior que acabaram cedendo à pressão de comerciantes pelo fim do isolamento. Um exemplo do efeito desse conflito gerado nos municípios ocorreu em Varginha, importante cidade da região sul do estado, onde o prefeito autorizou a reabertura do comércio e, diante do protesto de autoridades locais e de parte da população, ao invés de revogar o decreto, renunciou ao cargo. [45]

Com o afrouxamento prematuro do isolamento, o resultado foi previsível: os casos explodiram. Por isso, em junho de 2020, em entrevista à TV Globo, Zema já admitia até mesmo decretar lockdown em todo o estado [46]. Hoje, Minas Gerais contabiliza quase 56 mil mortos, só tendo menos vítimas que São Paulo (153 mil) e Rio de Janeiro (68 mil).

Apesar desses números, e de ter sido obrigado a ceder em alguns pontos de sua estratégia para a pandemia, inspirada nas orientações do governo central, Zema seguiu alinhado a Bolsonaro, afirmando, em abril desse ano, que o presidente sofria “certa perseguição” e “críticas exageradas” [47] e, em maio, que a CPI da Covid, no Senado Federal, estava “atrasando reformas importantes para o país” [48]. Além disso, recentemente, Zema vetou, com grande estardalhaço, um projeto ligado à pauta LGBT [49], mostrando que está disposto a se inserir também na guerra cultural do bolsonarismo, nesse momento em que “esquerda” e “direita” resolveram virar porteiros de banheiro.

Contudo, curiosamente, mesmo com o derretimento de Bolsonaro nas pesquisas e o aumento de sua rejeição, Zema pode seguir imune, pois há chance da próxima eleição em Minas ser orientada também pelo voto “Luzema”, em que eleitores de Lula votem em Zema para governador. [50]

Isso não seria uma novidade. Nas eleições de 2002, 2006 e 2010, a estratégia do PT em Minas Gerais foi justamente lançar algum candidato inviável do partido para o governo, em acordo com o candidato local com mais chances, permitindo a composição informal de uma chapa híbrida para presidente e governador. Em 2002, o PT, mesmo com as pesquisas indicando que o ex-prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias, tinha grandes chances de ser eleito, resolveu lançar o desconhecido deputado Nilmário Miranda para o governo e fazer, informalmente, campanha para a chapa “Lulécio”. Com isso, Lula foi o candidato mais votado em Minas, Aécio Neves venceu a eleição para governador no primeiro turno e Patrus Ananias foi eleito deputado federal, com grande votação, recebendo votos em todas as cidades do estado.

Em 2006, o modelo se repetiu com sucesso e com os mesmo nomes. A dobradinha garantiu a reeleição de Aécio e de Lula, que trabalharam tão engrenados que o PT e o PSDB locais fecharam acordo na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, em 2008, e Lula cogitou trazer Aécio para o PMDB e lançá-lo à sua sucessão, em 2010. [51] Como a articulação não vingou, na eleição seguinte foi lançada a chapa “Dilmasia”, em que os eleitores votavam em Dilma Rousseff para presidente e Antonio Anastasia para governador. O esquema eleitoral só foi rompido quando Aécio foi candidato a presidente pelo PSDB, em 2014, mas nada impede que, em 2022, Luzema se torne uma atualização do modelo.

Diante dessa possibilidade, o PT tenta pressionar Kalil, que apoiou Ciro Gomes na eleição presidencial de 2018, a fechar apoio a Lula nessa próxima, que segue sem candidato no estado e teria grande interesse em se coligar com o PSD. Lula, inclusive, já mandou um recado pela imprensa, dizendo que se Kalil quiser subir nas pesquisas precisa viajar pelo estado, concluindo que “o Zema não tem uma padaria que ele não pare para tomar um cafezinho. Não tem um lugar que ele não entre pra comer um pão de queijo, sabe?”. [52] Recado claro: “viajar o estado” seria aproveitar a capilaridade que uma chapa com Lula daria a Kalil nos grotões de Minas, mas, se ele não quiser, Luzema entra em campo sem maiores constrangimentos para comer o pão de queijo onde for preciso.

Em junho último, em entrevista à Revista Piauí [53], Kalil criticou o “radicalismo de Bolsonaro”, disse que “Lula está cansado” e fez elogios a Ciro Gomes, que, em 2018, com seu apoio no primeiro turno, ficou na frente de Haddad em Belo Horizonte (região em que Kalil lidera as pesquisas para o governo do estado, mas onde o PT tem grande rejeição). De acordo com outras declarações de Kalil e Ciro, a dobradinha entre eles parece ser o sonho de ambos para 2022, mas a realização vai depender dos ventos da conjuntura, que segue dinâmica e imprevisível.

A própria eleição de 2018 em Minas foi pródiga em acontecimentos desse tipo, como, por exemplo, na retirada abrupta da candidatura de Márcio Lacerda, pelo acordo do PT com o PSB de Pernambuco para isolar Ciro na campanha nacional, ou nos prejuízos causados à campanha de Pimentel pela vinda de Dilma para a disputa do senado, por orientação de Lula, evitando que ela concorresse pelo Ceará, para onde já tinha transferido seu domicílio eleitoral. E é claro, o vácuo produzido pelo colapso do aecismo e a derrocada do PT no estado, que deixou um espaço vazio ainda a ser ocupado. Em 2018, poderia ter sido preenchido por Lacerda, mas acabou sendo tomado pelo azarão, Romeu Zema, inclusive com ajuda da campanha de Fernando Pimentel, que produziu a inacreditável manchete do jornal O Tempo: “Por 2º turno, petistas compraram pacotes de SMS pedindo voto em Zema: Estratégia se mostrou equivocada, uma vez que o empresário tirou Pimentel da disputa e ainda ultrapassou Anastasia”. [54]

Por isso, a um ano das eleições, muitas mudanças podem ocorrer, como o surgimento de novos nomes na corrida eleitoral. O PSD filiou recentemente o senador mineiro, Rodrigo Pacheco, e o lançou à presidência da república, mas, em uma desistência de Kalil, poderia lançá-lo ao governo do estado. Seria um nome tradicional da política a fazer frente ao ex-antipolítico em recuperação, Romeu Zema. Há também rumores de que Kalil poderia sair para o senado.

Contudo, numa conjuntura tão movimentada, em que um nome como Kalil que em janeiro estava sendo cogitado para a presidência e poucos meses depois está enfrentando dificuldades com a Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, tudo pode ocorrer, inclusive mudanças nos números de pesquisa e nomes que hoje constroem a atual “polarização” de projetos muito parecidos. Buscar pelo histórico de pesquisas eleitorais a um ano do pleito mostra como realmente o mundo dá voltas e, cada vez mais, em menos tempo.

 

[1] https://www.lance.com.br/cruzeiro/gestora-mineirao-explica-porque-nao-liberou-mais-ingressos-para-jogo-com-brusque.html

[2] https://www.otempo.com.br/hotsites/eleicoes-2020/o-tempo-checagem/lafayette-andrada-usa-audio-de-kalil-sobre-ajuda-ao-atletico-fora-de-contexto-1.2404478

[3] https://www.otempo.com.br/hotsites/eleicoes-2020/eleicoes-em-bh-kalil-tem-68-entre-atleticanos-e-54-entre-cruzeirenses-1.2404063

[4] https://www.otempo.com.br/politica/roda-viva-kalil-nao-descarta-ser-candidato-a-presidente-1.2419686

[5] https://bhaz.com.br/colunas/embaralhos/turma-do-cartola-ex-tucanos-da-turma-do-chapeu-coordenam-campanha-de-kalil/

[6] https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2021/10/04/quem-sao-alberto-lage-gabriel-azevedo-e-vitor-colares-que-estao-no-holofote-politico-de-bh.ghtml

[7] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2020/12/22/interna_politica,1222873/kalil-fortalece-base-de-apoio-na-camara-de-bh-e-pode-atrair-ate-opositores.shtml

[8] https://youtu.be/CoY9LZ5XeBE

[9] https://youtu.be/YUSrjsbakgo

[10] https://diariodocomercio.com.br/economia/diagnostico-da-pbh-aponta-que-tarifa-ideal-seria-r-635/

[11] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2019/01/10/interna_politica,1020293/mp-de-contas-vai-investigar-auditoria-de-kalil-sobre-bhtrans.shtml

[12] https://www.itatiaia.com.br/noticia/kalil-vem-perdendo-apoio-na-camara-municipal-apos-rixa-com-deputado-federal

[13] https://veja.abril.com.br/blog/radar/ex-chefe-de-gabinete-de-kalil-revela-perseguicao-contra-buser-em-mg/

[14] https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/em-%C3%A1udios-divulgados-em-cpi-kalil-sugere-que-empres%C3%A1rios-de-%C3%B4nibus-pagam-defesa-de-c%C3%A9lio-bouzada-1.859424

[15] https://www.otempo.com.br/politica/kalil-diz-que-audio-divulgado-e-clandestino-e-distorcido-1.2558932

[16] https://noticias.r7.com/minas-gerais/cpi-da-covid-de-bh-pede-indiciamento-de-infectologistas-10112021

[17] https://nortelivre.com.br/kalil-critica-nely-e-diz-que-o-troco-vem-do-povo-de-venda-nova/

[18] https://www.otempo.com.br/politica/aparte/de-olho-na-prefeitura-gabriel-azevedo-projeta-parceria-com-nely-aquino-1.2512480

[19] https://www.itatiaia.com.br/blog/edilene-lopes/entenda-o-conflito-entre-vereadores-e-o-secre

[20] https://www.facebook.com/402073747333548

[21] https://alemdofato.uai.com.br/politica/zema-contrata-taxi-aereo-por-r-19-mi-apos-vender-aviao-por-r-22-mi/

[22] https://www.brasildefatomg.com.br/2021/09/02/artigo-bomba-relogio-divida-de-minas-explode-com-zema-r-30-bilhoes-em-dois-anos

[23] https://www.portalabcf.com.br/governo-zema-promove-sucateamento-planejado-da-cemig-para-criar-insatisfacao-entre-os-consumidores-e-facilitar-privatizacao/

[24] https://www.otempo.com.br/politica/zema-quer-segundo-mandato-para-concluir-privatizacoes-na-cemig-1.2492993

[25] https://diariodocomercio.com.br/politica/romeu-zema-quer-vender-participacao-na-codemig/

[26] https://www.fiepr.org.br/boletins-setoriais/6/especial/brasil-tem-a-maior-reserva-ativa-de-niobio-sao-cerca-de-984-do-total-mundial-2-32022-413487.shtml

[27] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/01/31/zema-quer-vender-maior-mina-do-niobio-do-mundo-sem-saber-quanto-ela-vale.htm

[28] https://noticias.r7.com/minas-gerais/stf-da-6-meses-para-mg-aprovar-regime-de-recuperacao-fiscal-16102021

[29] https://www.otempo.com.br/politica/minas-tera-que-pagar-r-710-milhoes-por-mes-se-liminar-no-stf-cair-1.2309293

[30] https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/06/arrecadacao-em-mg-cresce-130-com-alta-das-commodities.shtml

[31] https://noticias.r7.com/minas-gerais/auxilio-de-r-600-em-mg-sera-pago-neste-mes-anuncia-zema-04102021

[32] https://www.almg.gov.br/acompanhe/radio_assembleia/podcasts/index.html?idAudio=1605029&cat=5232

[33] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/08/19/interna_politica,1297359/zema-indica-marcelo-aro-como-lider-do-governo-de-minas-no-congresso.shtml

[34] https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2021/08/25/sobrinho-de-vice-lider-de-zema-na-almg-e-diretor-de-subsidiaria-da-cemig-desde-o-ano-passado.ghtml

[35] https://bhaz.com.br/noticias/politica/vereador-decisivo-para-barrar-solucao-na-vilarinho-fez-promessa-oposta/

[36] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/03/16/interna_politica,1247369/kalil-apos-veto-a-credito-enchentes-agora-a-populacao-trata-com-a-camara.shtml

[37] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/zema-defende-bolsonaro-diz-que-ha-pessoas-adotando-totalitarismo-contra-o-presidente.shtml

[38] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/classe-politica-bate-em-bolsonaro-porque-perdeu-privilegios-diz-zema.shtml

[39] https://twitter.com/otempo/status/1253295499186241536

[40] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/11/zema-critica-prefeitos-e-diz-que-coronavirus-tem-que-viajar-um-pouco.htm

[41] https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/03/18/em-minas-gerais-kalil-e-zema-nao-se-entendem-sobre-como-combater-o-virus.ghtml

[42] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2020/03/19/interna_politica,1130437/kalil-rebate-zema-e-reacende-polemica-criada-por-conta-do-coronavirus.shtml

[43] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2020/05/21/interna_politica,1149428/zema-kalil-e-fora-da-curva-e-prefeitos-tomam-caminhos-extremos-par.shtml

[44] https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2020/05/26/interna_gerais,1150777/governo-admite-subnotificacao-de-1-para-cada-10-casos-de-coronavirus.shtml

[45] https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/04/06/prefeito-de-varginha-mg-renuncia-apos-vaivem-sobre-reabertura-do-comercio.ghtml

[46] https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/06/24/pm-vai-abordar-pessoas-que-estiverem-sem-mascara-em-mg-a-partir-desta-quinta-diz-zema.ghtml

[47] https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/04/11/interna_politica,1255880/zema-bolsonaro-sofre-certa-perseguicao-e-criticas-exageradas.shtml

[48] https://www.cnnbrasil.com.br/politica/cpi-da-pandemia-esta-atrasando-reformas-importantes-para-o-pais-diz-zema-a-cnn/

[49] https://www.hojeemdia.com.br/primeiro-plano/zema-anuncia-veto-a-projeto-que-penaliza-discrimina%C3%A7%C3%A3o-por-identidade-de-g%C3%AAnero-1.854805

[50] https://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/pt-usa-voto-luzema-para-pressionar-kalil-descer-do-muro.html

[51] https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u91939.shtml

[52] https://www.itatiaia.com.br/noticia/lula-parece-que-zema-esta-bem-nas-pesquisas-e-kalil-precisa-de-muito-arrojo-pra-acompanhar

[53] https://piaui.folha.uol.com.br/materia/chega-de-pa-pa-pa/

[54] https://www.otempo.com.br/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2018/por-2-turno-petistas-compraram-pacotes-de-sms-pedindo-voto-em-zema-1.2052213