A educação como formadora de (boa) opinião

Com educação, sobretudo educação de qualidade, pautada em formação de cidadão e não em construção de uma máquina, podemos alcançar mais respeito, mais diversidade e, consequentemente, mais oportunidades à comunidade LGBTQIA+ do futuro.
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Junho, o Mês do Orgulho LGBTQIA+, começou – quase poeticamente – com uma polêmica que tomou as redes sociais nos últimos dias, e levantou o questionamento sobre o que é opinião e o que é preconceito e lgbtfobia. Após uma participação de um pastor que, num programa de televisão, defendeu que é possível não aceitar pessoas LGBT+ e seus relacionamentos homoafetivos, e teve o conteúdo viralizado por influenciadores, surgiu o embate de até que ponto o preconceito se disfarça de opinião.

Acredito que não vem ao caso debater se o discurso do pastor, propagado pelos influenciadores e difundido pela esposa de um ministro de Estado, é ou não preconceito. É um entendimento óbvio que a defesa das liberdades individuais devem ser garantidas, e entre elas, a existência de relacionamentos entre pessoas de mesmo sexo com os mesmos direitos adquiridos aos relacionamentos de pessoas de sexos distintos, com casamento civil, direito a herança, adoção, e todos os privilégios já garantidos pelo Supremo Tribunal Federal à comunidade.

A questão que fica é: Como evitar que discursos como esses se repitam?

Esse tema, assim como racismo e machismo, são acompanhados por máximas como “ainda estamos aprendendo sobre isso”, e começamos a moldar uma sociedade verdadeiramente inclusiva a partir desse ponto: Educação!

A educação nacional é extremamente defasada, peca em formar cidadãos na ânsia de formar máquinas que repetem fatos e fórmulas. Hoje, crianças e jovens de todo país estão fadados a viver um sistema onde decorar trás mais resultado do que aprender. E esse problema é generalizado, vai das grandes cidades ao distante sertão. Uma política pública baseada num projeto de desenvolvimento que explore o investimento da educação e construção de planos de ensino de qualidade contribuem diretamente para a agenda da comunidade LGBT+ que busca a construção de uma sociedade que respeite a diversidade e combata o preconceito.

A partir do momento que a grade curricular aborda temáticas do cotidiano do jovem, explora o desenvolvimento de suas capacidades analíticas, e possibilita que ele possa compreender os conceitos e teorias de forma crítica, com conteúdo abordando a realidade e preparando para o “mundo lá fora”, é possível mostrar de forma construtiva os valores de respeito, cidadania, e a necessidade de diminuir diferenças sociais e preconceitos.

Ao ser educado ainda nos primeiros anos sobre respeito, o jovem cresce sabendo respeitar, sabendo que a sociedade é diversa e não há privilégios do LGBT+ ter os mesmos direitos que ele. Mas sobretudo, essa educação básica sobre a diversidade mostra para uma criança que não é errado ser diferente, que não é preciso ter medo da “opinião” dos outros, e nem motivos para reprimir quem e nem como ela é.

Com educação, sobretudo educação de qualidade, pautada em formação de cidadão e não em construção de uma máquina, podemos alcançar mais respeito, mais diversidade e, consequentemente, mais oportunidades à comunidade LGBTQIA+ do futuro.