A pesquisa IPESPE de fevereiro divulgada hoje praticamente repete o cenário anterior medido em janeiro. Lula segue na frente, mas parado com oscilação para baixo inclusive. Bolsonaro parou de cair e oscilou para cima. Já Sérgio Moro que era a aposta do lavajatismo com apoio da Globo e setores do mercado financeiro segue estagnado e empatado com Ciro Gomes que apresenta tendência de crescimento devido ter a menor rejeição e menor conhecimento entre os eleitores perante o ex-juiz suspeito ou Bolsonaro na disputa por uma vaga no segundo turno.
Esse resultado eleitoral pífio do ex-juiz suspeito que conta com uma campanha quase explícita dos grandes meios de comunicação brasileiro já é tida como morta no meio partidário. O Podemos filiou Moro na esperança que sua pré-candidatura pudesse impulsionar as chapas proporcionais e fazer crescer a fatia do partido no Congresso Nacional e no fundo partidário. Ainda assim, até as pedras sabem que o que Moro realmente quer é um mandato eletivo qualquer para sobreviver durante um possível governo de seu maior inimigo, o ex-presidente Lula, e a tendência mais provável sempre foi a de que o ex-juiz iria com sua pré-candidatura presidencial até onde desse e depois recuaria para um pleito ao Senado Federal, como apontei em “Moro será candidato a senador pelo Distrito Federal“.
Diante do desempenho ruim nas pesquisas, o Podemos de Moro já vinha procurando uma alternativa que passava até mesmo por transferir a filiação do candidato ao União Brasil para garantir o apoio de um partido grande. Ocorre que o União Brasil, apesar de ser presidido por Luciano Bivar que faz qualquer negócio, tem uma base muito mais relevante no ex-DEM do secretário geral ACM Neto. Os políticos do nordeste, principalmente os que transitam no Centrão, não podem sequer respirar o mesmo oxigênio que o ex-juiz da Lava-Jato que tentou destruir o sistema partidário brasileiro, e muito menos apoiar ele para Presidente da República.
Por todas essas razões, a pré-candidatura de Moro vinha definhando, e essa semana atingiu um provável ponto de não-retorno. Além da incapacidade de fazer alianças devido ao isolamento radioativo que a Lava-Jato causa a exemplo do fracasso da aproximação com o União Brasil e do fraco desempenho da pré-campanha do ex-juiz em si, a situação regional do coronel que é o verdadeiro dono do Podemos, o senador pelo Paraná, Álvaro Dias, se deteriorou gravemente.
O cacique paranaense do Podemos disputa a reeleição à vaga ao Senado em 2022, porém, caso hajam muitos candidatos fortes, seu gabinete pode estar em risco. Por isso, apesar da aposta em Moro, Álvaro Dias precisa de um equilíbrio político tanto com o governador Ratinho Jr. como com o presidente Jair Bolsonaro. Ao sentir que poderia ser traído tanto pelo governador como pelo presidente que cogitam lançar candidatos próprios apoiados por suas máquinas públicas ao Senado, Álvaro ameaça sair candidato a governador para atrapalhar a reeleição de Rainho Jr. e usar Deltan Dallagnol para disputar sua vaga senatorial. O jogo do experiente senador do Podemos, na verdade, é chantagear Bolsonaro com a candidatura de Moro que pode ser vendida ao presidente facilmente, basta garantir a reeleição de Álvaro. Moro topa, desde que seja garantida sua eleição ao Senado em outro estado, mas do jeito que vai, ele pode acabar colega de Deltan Dallagnol na Câmara dos Deputados.
