As eleições de 2022 e as estratégias de autoconstrução

lula-e-boulos As eleições de 2022 e as estratégias de autoconstrução
Botão Siga o Disparada no Google News

Por José Luís Fevereiro – Bolsonaro governa há 3 anos com consequências desastrosas e uma polêmica atravessa a esquerda: apoiar Lula ou lançar candidatura(s) demarcatórias à esquerda nas eleições de 2022.

Enquanto o PSOL caminha para apoiar Lula, PSTU, PCB e UP caminham para lançar candidaturas auto proclamatórias de demarcação com Lula. Candidaturas desta natureza não têm por objetivo disputar base social mas tão somente reforçar a coluna militante do partido. É legitimo que partidos ajam desta forma e em alguma medida PT e PSOL já o fizeram na sua história.

Tendencialmente à medida que um partido cresce e consolida base social de massas o recurso a candidaturas desta natureza se torna mais custoso e contraproducente . O objetivo de um partido de esquerda deve ser formar uma coluna militante e consolidar base social .

As eleições de 2022 têm como centro Bolsonaro. A esquerda, e inclusive setores da esquerda do PT, tem um balanço crítico em relação aos 13 anos de lulismo. Fazer essa demarcação para a militância não é difícil. Com nuances e diferenças há balanços críticos de todo tipo . Mas para uma base social mais ampla esse debate não está na pauta e não há perspectivas que possa estar.

Para partidos de vanguarda como PSTU, PCB e UP , com uma coluna militante respeitável mas com escassa expressão de massa , o caminho de uma candidatura demarcatória focada em disputar base militante é factível. Não necessariamente recomendável .

Para o PSOL que tem base social bastante razoável em particular nos grandes centros, dirige a maior capital do Norte, disputou o 2 turno em S Paulo , tem representação na maioria das câmaras de vereadores das capitais, elegeu mais que o próprio PT nas capitais do Sul e Sudeste , uma candidatura demarcatória seria desastrosa.

Bolsonaro é presidente. Este é o centro do debate . Por fim a isto é o centro das atenções das parcelas mais esclarecidas das classes trabalhadoras.

Nas periferias das nossas cidades a disputa é entre Bolsonarismo e antiBolsonarismo. E quem se apresenta com condições de derrotar Bolsonaro é Lula. Sobre as nossas diferenças com o PT ninguém está ou estará prestando atenção.

Ter base social implica responsabilidades de natureza distinta. Candidaturas auto proclamatórias podem servir à construção de partidos de vanguarda. Não servem mais ao PSOL.

Por José Luís Fevereiro, economista e membro da direção nacional do PSOL.