O desamparo de Juliana Paes em relação a essa polarização odienta é o mesmo da maioria absoluta dos brasileiros.
Depois de anos radicalizando sua militância com um patético discurso socialista e anti-sistema vindo de quem tinha pago os juros reais mais altos do mundo por 11 de seus 13 anos de governo, o PT agora mudou de jogo.
Ele quer aparecer como o representante ungido, único e oficial de todo um polo democrático, e para isso atira violentamente em qualquer um que recuse a alinhar-se com ele. O objetivo é evidente. Ditar que só duas opções existem na sociedade. Alimentar a polarização.
Fui assistir o tão comentado vídeo de Juliana Paes e, chocado, constatei algo totalmente diverso do que a blogosfera petista alardeava. Vi uma pessoa articulada, defendendo de forma educada e sensata suas opiniões.
Como é que podem classificar de “bolsonarista” alguém que diz que quer um “governo liberal que garanta as liberdades individuais”? Nessa fala ela está se referindo ao liberalismo político e não ao liberalismo econômico de Henrique Meirelles e Marcos Lisboa. E se ela estivesse, será que mereceria esse linchamento?
Ou ela é bolsonarista porque quer “respeito e acolhimento a todas as minorias e suas causas” justas, saúde e educação pública de qualidade, vacinas, distanciamento social ou o fim do ciclo do ódio?
Não, dirão alguns, ela é bolsonarista porque falou em “delírio comunista” da “extrema-esquerda”. Mas quem conhece a militância petista sabe que é exatamente disso que se trata: Delírio.
Ou quer dizer que a esquerda não tem delírios comunistas? Quem não conhece o pessoal da bandeirinha vermelha no Twitter, falando pelo proletariado e a revolução, condenando como Torquemadas ao bolsonarismo, ao gado, neoliberalismo, à direita, ao fascismo qualquer um que não siga suas pobres cartilhas coletivas de chavões?
Ao mesmo tempo, os mesmos sujeitos que têm um comportamento tão sectário e prepotente na rede, defendem um candidato que no poder pagou os juros reais mais altos do mundo, enriqueceu os bancos, manteve nossa desigualdade, e hoje não se posiciona sobre reestatização da Eletrobrás, do BC, fim de teto de gastos. Um sujeito que quer montar chapa com o mesmo PMDB velho de guerra e evitar o impeachment a todo custo.
Se isso não é delírio, está na hora de mudar a definição da palavra no dicionário.
Então não há extrema-esquerda no Brasil? Não há movimentos sociais que buscam a revolução socialista? Não há setores do PSOL, do PT, do PCdoB, não há o PCB, PSTU, PCO, UP pedindo revolução?
Não amigos, ela é bolsonarista para o PT porque não vota no PT, e deixa isso claro.
Nada mais.
Não temos que ser paternalistas com ela e “ensinar” coisas como o policial bom petista geralmente faz. Muito menos ofendê-la como o policial mau. Nós não somos paternalistas ou policiais. Isso aqui é uma democracia. Ela tem a opinião dela, não ofendeu ninguém, respeite-se.
O posicionamento de Juliana contra essa polarização odienta fez os petistas tremerem nas bases.
Porque calou fundo.
E outros virão.
Ninguém ou nenhuma tática conseguirá evitar isso.
Obrigado, Juliana.