O colapso do neoliberalismo no Brasil

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Não precisamos procurar exemplos internacionais para alertar para o desastre que é o neoliberalismo. Em números recentes, vamos ver o colapso que ele causa com o exemplo brasileiro.

No governo do PT entre 2003 e 2014, o Brasil manteve o tripé econômico e os juros reais mais altos do mundo, mas não andou completamente dentro do esquadro neoliberal. Com uma política de recuperação do salário mínimo e o boom das commodities permitindo à União aumentar um pouco seu nível de investimento em infraestrutura e negócios (via estatais), o país cresceu a uma média de 3,5% ao ano.

O PIB real (a preços constantes) saiu de 2,82 trilhões de reais em 2002 para 4,26 trilhões de reais em 2014. Um crescimento de 51% em doze anos.

A massiva propaganda da mídia a partir de 2013 dava conta de que tudo na política econômica estava errado. Inventaram uma inflação inexistente, cujo resíduo era somente resultado da depreciação de nossa moeda e necessidade de reajuste de preços administrados pelo governo. Da mesma forma, a forte retração no nosso ritmo de crescimento vinha da queda do preço das commodities e de nossa progressiva desindustrialização. O gargalo em nosso orçamento era provocado pela loucura das desonerações do governo Dilma.

Pressionada pela ameaça de golpe, Dilma cedeu e aceitou começar o ajuste neoliberal exigido por nossa elite rentista. Fechadas as urnas no fim de 2014, chamou o Chicago Boy Joaquim Levy para assumir o ministério da economia. Começou o choque de juros com a desculpa de combater a “inflação”. Cortou investimentos e congelou salários públicos como caminho para equilibrar o orçamento. Acelerou o programa de “concessões”.

Essas medidas, somadas a devastação industrial causada pela Lava-Jato, levou a uma retração do PIB de 3,55% em 2015. No mesmo ano, o Brasil pagou cerca de 500 bilhões de juros. Desde então, o remédio neoliberal (que o neoliberal diz que não existe e chama simplesmente de “economia”): abertura comercial, diminuição do Estado, diminuição do investimento público, congelamento da carga tributária, proibição de emissão de moeda, privatização, achatamento salarial, desregulamentação da economia, corte de direitos trabalhistas. Ano a ano isso vem sendo reiterado e ampliado, redobrando a dose do veneno com Meirelles e depois Guedes.

O resultado é, além do -3,55% de colapso do PIB em 2015, -3,3% em 2016, 1,06% em 2017, 1,12% em 2018 e uma previsão de 0,8% de crescimento em 2019. Sob o impacto da inflexão neoliberal, o PIB brasileiro amarga nos últimos cinco anos uma média de -0,8% ao ano, contra +3,5% do que a propaganda neoliberal chama de “desastre estatista” e “farra do gasto público” do PT, um governo que praticou os maiores superávits fiscais de nossa história. Já aquilo que é o “atraso”, o desenvolvimentismo, nos legou entre 1932 e 1980 simplesmente 6,75% de crescimento médio do PIB ao ano, nos industrializou e deu o título ao Brasil de país que mais cresceu no século XX. Os neoliberais dizem que hoje o Brasil está condenado a crescer no máximo 2% ao ano. Mas nem isso entregam.

O PIB real, entre 2014 e 2018 saiu de 4,26 trilhões para 4,06 trilhões de reais. A previsão esse ano é que vá a 4,09 trilhões. Em outras palavras, para voltarmos ao nível de 2014, teríamos que crescer cerca de 4,2%. Se levarmos em conta as previsões de crescimento do governo, que nunca se concretizam, atingiríamos somente em 2021 o nível do PIB de 2014. E os neoliberais irão dizer que finalmente recuperaram a economia.

É isto, compatriotas: sete anos de crescimento zero do PIB. E a população crescendo a uma taxa de 0,8% ao ano. Em resumo, na melhor das hipóteses, passaremos sete anos de neoliberalismo ficando 0,8% mais pobres todo ano.

E é só o início das dores.