R$5 milhões da Lei Rouanet para Cláudia Raia e ausência de política cultural para o Brasil

Os 5 milhões da Lei Rouanet para Cláudia Raia e a ausência de uma política cultural para o Brasil
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Muita gente criticando os R$5 milhões da Lei Rouanet para a Cláudia Raia e outros usos no mínimo duvidosos dos recursos da Cultura, que tiveram um aumento quantitativo substancial sem expectativa de retorno qualitativo equivalente. Realmente não é nada positivo, mas o que se chama de “política cultural“, ao menos em nível federal, tem sido basicamente isso há mais de 30 anos.

Desde que o ex-presidente Fernando Collor extinguiu importantes instituições culturais como a Embrafilme, o INL, o Mobral Cultural, a Fename e criou a Lei Rouanet, a atuação cultural do Estado virou, em essência, financiar jabás para lobbies mercadológicos e patrocinar celebridades decadentes. Ainda há instituições públicas que fazem e procuram fazer um trabalho sério, como o Iphan, a EBC e a Funarte, mas atuam praticamente isoladas e sem o conhecimento da maior parte da sociedade.

A Cultura precisa ser vista como o cerne de uma estratégia nacional por definir a identidade do País, sem a qual não se faz mais nada, porque quem não sabe o que é, não pode saber o que quer. Infelizmente estamos muito longe dessa compreensão, e a própria classe artística tem responsabilidade nisso, pois muitos, por interesse ou acomodação, preferem do jeito que está. Lembro que, em 2009, Lula chegou a sugerir a recriação da Embrafilme mas os próprios cineastas e atores foram contra.

O Brasil ainda tem muito a aprender a respeito porque, na verdade, só em dois breves momentos, na Era Vargas, particularmente no Estado Novo, e na Ditadura Militar, particularmente nos governos dos generais Emilio Garrastazú Médici e Ernesto Geisel, houve esse sentido estratégico de cultura, e que, apesar de ter modelado toda uma visão de Brasil de que até hoje nos imbuímos inconscientemente, acabou desvalorizado pela censura, sempre desagradável e por vezes perigosa.