O festival de mentiras de Dirceu a respeito da Amazônia brasileira

O festival de mentiras de Dirceu a respeito da Amazonia brasileira
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O festival de mentiras de José Dirceu a respeito da Amazônia mostra o estado de completa degeneração em que se encontra o PT. Alega a liderança petista em coluna para o Poder360 que o discurso de Bolsonaro a respeito da internacionalização da Amazônia é “falso” e que a situação de caos em nosso território seria derivada da “invasão” de garimpeiros, madereiros e etc em conluio com o crime organizado. Dirceu ainda diz que há “sólidas instituições” para coibir essas práticas, inclusive elencando Organizações Militares responsáveis por tal missão.

Dirceu escolhe ocultar a presença das ONGs estrangeiras disseminando propositalmente o caos na região. Como no caso do sistema financeiro que usa as legítimas causas civilizacionais para propagandear uma ideologia hiperindividualista, as ONGs sequestram o estado de pobreza que se encontra toda a região Norte do nosso país e o legítimo problema ambiental dele derivado para procurar enfraquecer a unidade do nosso território e impedir que desenvolvamos a nossa Amazônia.

O que as ONGs defendem é a estratégia da “indústria aqui, floresta lá”. Isto é, enquanto a Europa e os Estados Unidos retém a tecnologia, querem nos relegar ao papel de uma espécie de “Jurassic Park” cuja função é somente ideológica, para expiar a culpa de sua classe média esclarecida e supostamente cosmopolita. E é totalmente ideológico, porque não é funcional nem para a preservação do meio ambiente. Assim que a acumulação do centro capitalista mundial requerer nossas riquezas, o “Jurassic Park” é desfeito e nosso patrimônio roubado. Basta ver a catástrofe ambiental patrocinada pela norueguesa Alunorte no Pará. Enquanto a monarquia petrolífera da Escandinávia se arroga ao direito de policiar o nosso território, sua planta de alumínio cometeu um dos maiores crimes ambientais da história brasileira – impunemente.

Para Dirceu, não é o imperialismo o culpado: são os ribeirinhos e outras populações superexploradas da bacia amazônica. Nem há a péssima tentativa de sofisticação, que mapeia a madeira retirada da nossa floresta até seus compradores no Primeiro Mundo – feita, veja só a ironia da conjuntura brasileira, justamente pelo bolsonarismo. É uma falsa visão do imperialismo na região porque pega a aparência do problema em vez de ir no seu ser. O imperialismo não quer nossa madeira ou a carne de gado da nossa Amazônia, pontos minúsculos das possibilidades quase infinitas da região. Quer nos manter pobres e divididos, para saquear a verdadeira riqueza no patrimônio biológico da nossa floresta e na vastidão de recursos minerais que existem nessa parte de nosso território.

A verdadeira ação do imperialismo na região é procurar nos manter pobres e divididos. Pobres, porque nos impede de realmente desenvolver a nossa Amazônia com indústria e tecnologia. Para isso nos divide, jogando a culpa em cima dos camponeses que lá moram – quase tão indígenas quanto seus compatriotas que moram nas reservas.

É essa a função das ONGs que mantém um tácito conluio com o bolsonarismo. Tanto um lado como o outro disseminam o caos empurrando a culpa de um lado para o outro, provocando distenções entre os brasileiros que habitam a Amazônia, quando o verdadeiro inimigo ri de nossas brigas fratricídas.

Desenvolvimento, soberania e tecnologia são o caminho para a nossa Amazônia e para todas as populações que lá habitam. É a indústria que mantém a floresta de pé, evitando o desmatamento pelas atividades trabalho-intensiva. É a tecnologia que viabiliza a indústria e que só pode acontecer por meio da ação do Estado Empreendedor. E a soberania é a um só tempo resultado e causa desse tripé – não há estratégia geoeconômica para a bacia que não passe pela consolidação de nosso território.

Existem propostas efetivas que podem ser tomadas. O potássio, o nióbio e outros minerais não são delírios bolsonaristas – são realidades comprovadas, que necessitam de mais investimento em pesquisa e sondagem para se tornar viáveis. Inclusive, há o petróleo na foz do rio Amazonas, riqueza essencial que também está sendo bloqueada pelo imperialismo ONGuista. O que não podemos é repetir o padrão colonial do bolsonarismo e entregar essas riquezas para fundos privados – como foi feito no pré-sal ou nas nossas massas hídricas terrestres, com a entrega da Eletrobrás.

Uma estatal, inclusive com participação indígena, com monopólio sobre os minerais amazônicos, é a via de menor resistência para o desenvolvimento deste potencial. A participação indígena em sua direção pode ocorrer nos mesmos moldes em que há Organizações Militares com oficiais e praças indígenas, como ocorre na chamada “Cabeça do Cachorro”. E não só evitar que essa riqueza seja espoliada como no caso do Pré-Sal, mas também direcionar esses minerais para indústria nacional e realizar as compras de equipamento para mineração no Brasil, aumento nossa demanda agregada e colaborando com um Projeto Nacional de Desenvolvimento sustentável. Essa linha combate a pobreza indígena, fator mais relevante no etnocídio que se traduz na perda de seu modo de vida, que pode e deve ser preservado. E isso se faz com desenvolvimento, não com “Jurassic Park” gringo. Nada disso impede a preservação de suas reservas.

Ainda mais sensível é nosso patrimônio genético e biológico, roubado inclusive com participação ONGuista. Essa espoliação deve cessar e ser explorado por todo o Brasil. Outra estatal, um laboratória nacional de biotecnologia, inclusive com participação indígena, pode ser a via para um desenvolvimento sustentável e soberano neste caso. E devemos desconsiderar e disputar internacionalmente todas as patentes espoliadas dos brasileiros – indígenas, não-indígenas e a imensa maioria de mestiços, sobretudo na Amazônia.

No meio de suas mentiras, Dirceu diz uma particularmente sensível: culpa os camponeses amazônicos pelo tráfico de drogas. O pior dessa mentira nem é o evidente preconceito contra os ribeirinhos. É que oculta a sabida e conhecida participação de órgãos de inteligência estadunidense no tráfico de drogas de toda região amazônica, começando por sua atuação junto aos narco-paramilitares colombianos – agentes americanos disfarçados ou declarados. Os Estados Unidos têm um padrão conhecido de hipocrisia em relação ao tráfico de entorpecentes. Enquanto promove uma suposta “guerra às drogas” por meio do DEA, a CIA mantém aliança bastante notória com traficantes na América do Sul. Tudo parte de sua estratégia de pinça para nos manter perdidos em guerras fratrícidas.

A falta de visão nacional do PT mostra a completa degeneração de sua liderança, já contida em sua fundação lastreada no fragmentarismo pós-moderno. A manutenção da estratégia de caos da tácita aliança entre ONGuismo e bolsonarismo é o que desmata a floresta, acaba com o modo de vida indígena e mantém os ribeirinhos em um estado de miséria. Somente desenvolvimento, tecnologia e soberania realmente pode defender a floresta e todos seus habitantes.

Precisamos pensar estrategicamente a Amazônia brasileira.