Os cem dias de Lula: A Crônica de uma comédia anunciada

Os cem dias de Lula A Cronica de uma comedia anunciada
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Lula completou 100 dias de reinado. Na política, costuma-se dizer que os primeiros meses de um mandato são aqueles em que o governante de ocasião consegue aprovar qualquer coisa. Collor promoveu o maior confisco de recursos da história do Brasil, Bolsonaro desarmou (ou seria o contrário?) o Estado da Constituição de 1988, Fernando Henrique vendeu metade do Brasil pelo preço de um maço de cigarros. Até mesmo Temer, beneficiário de um ajambramento golpista, botou em prática as teses de seu “Ponte para o Futuro”. Lula, em sua “Ponte para o passado”, recriou programas antigos quase obsoletos, reestabeleceu maquinas administrativas ineficientes e não conseguiu aprovar absolutamente nada no Congresso Nacional.

Na Fazenda, Fernando Haddad está preocupado em taxar bugigangas da Shopee e beneficiar o véio da Havan. Concomitantemente, procura engessar os investimentos estratégicos e continuar tributando o imposto de renda dos capitalistas que ganham até dois salários mínimos. A distribuição de renda às avessas de Haddad é assim mesmo. Arrocho para o povão e afagos para o mercado financeiro. E quem for contra é fascista!

A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, inaugurou duas placas na mesma semana. Enquanto isso, editais da “Lei Paulo Gustavo” estão parados no Brasil inteiro. Mas não se preocupe! Nossa ministra já fez ponta de backing vocal em diversos shows enquanto isso. Os artistas brasileiros podem dormir tranquilos. Enquanto passam fome, a ministra escolhida por Janja poderá dar-lhes esperança enquanto canta coisas como “Despertai-vos/Para a cultura egípcia no Brasil/Ao invés de cabelos Trançados/ Veremos turbantes de Tutankamon”. Sem dúvida, se fosse ministra do Egito, já estaria nas catacumbas de Cairo.

Na área da educação, o governo resolveu suspender a reforma do ensino médio, feita em 2016 – reforma essa, proposta quando Haddad ainda trabalhava como preposto das universidades privadas, ocupando o cargo de Ministro da Educação. Agora, anos depois, o mesmo PT critica a reforma pois ataca os interesses dos professores ligados à CUT. É um bate cabeças digno de uma comédia trapalhona de sessão da tarde.

Outro exemplo das pataquadas é a questão da política de preços da Petrobrás. Jean Paul Prates, cujo único compromisso com a esquerda é o nome – herdado do pensador francês -defende a manutenção de privilégios provocada pela política de preços da empresa. Enquanto isso, o ministro do Centrão, Alexandre Silveira (PSD), mais disruptivo, defende o rompimento dessas amarras. O centrão está à esquerda da burocracia petista. Lula cumprirá seu compromisso de campanha ou seguirá pagando lucros pornográficos aos acionistas estrangeiros da Petrobrás?

Os demais ministérios são um amontoado de discursos vazios, manifestações de boa-vontade e demonstrações de virtude. Todos são muito “beatutiful people”, modernos, arejados, cosmopolitas e sensíveis às minorias. No fim do dia, seus jantares são regados à vinhos caros em mesas fartas, onde arrotam termos como “recreativo”, “estrutural”, “empoderamento” e outras adjacências que não enchem barriga de ninguém – a não ser a deles mesmos.

Se os próximos dias forem iguais aos últimos, o governo não sobreviverá moralmente aos 1.360 restantes, entregando o Brasil sabe-se lá para quem . Resta-nos a certeza que na correlação de forças de Lula 3, quem sairá perdendo é sempre quem está acostumado a tal: o povo brasileiro.