A aproximação entre setores do petismo e os duginistas

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Poucos dias atrás, chamei atenção para a aproximação entre setores do petismo e os duginistas.

A aproximação pode ser surpreendente, dado que as principais lideranças duginistas preferiam até a vitória de Bolsonaro à de Lula no ano passado. Mas ela se explica quando levamos em conta a perspectiva do próprio Dugin, o verdadeiro líder desses movimentos brasileiros.

Dugin sempre gostou do PT. Ele só deseja, no fundo, angariar apoio para a política externa russa. Portanto, todo e qualquer governo que favoreça a agenda putinista — ou, de modo ainda mais estrito, a agenda neoeurasiana — será visto com simpatia por Alexandr Dugin, que pretende impulsionar uma multipolaridade que seja mais afim aos interesses do Estado russo.

Quando ainda figurava como acadêmico, Dugin teve interlocução com intelectuais petistas justamente a partir deste ponto. O Centro de Estudos Multipolares [CEM], surgido em 2015 como think tank atrelado a Dugin, também tinha grande simpatia pela candidatura de Haddad, em 2018. Depois do ocaso do CEM e da saída dos trabalhistas das fileiras duginistas [no início do ano passado], as organizações russófilas voltam a se abraçar ao petismo.

É uma consequência inevitável da perspectiva de Alexander Dugin, que visa instrumentalizar os BRICS [tendo como justificativa uma multipolaridade que seja mais afim aos interesses russos]. Mesmo que não gostem do PT, os russófilos duginistas são atraídos para o partido por causa das prioridades da real liderança intelectual do movimento.

É o tal do ”Movimento Russófilo Internacional”, com o qual alguns setores do petismo agora se vinculam de modo explícito.

A aproximacao entre setores do petismo e do duginismo
https://www.brasil247.com/midia/altman-protesta-contra-a-patrulha-ideologica-e-defende-o-direito-de-entrevistar-especialista-no-pensamento-de-dugin-zcn2w4t6