Transparência Eleitoral – Parte II: Clóvis Torres Fernandes: ‘TSE deve olhar o que os outros países dizem’

Transparência Eleitoral - Parte II Clóvis Torres Fernandes 'TSE deve olhar o que os outros países dizem'
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Nesta segunda entrevista da série “Transparência Eleitoral”, temos como convidado o professor titular aposentado da Divisão de Ciência da Computação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Clóvis Torres Fernandes*.

Por diversas vezes são noticiadas denúncias que apontam para a falta de confiabilidade do atual sistema eleitoral. Como sabemos, por ser informatizado, utilizar programas de computador fechado, e baseado em urnas eletrônicas que não permitem materialização do voto (comprovação impressa ao eleitor), jamais pode ser auditado. Daí ter surgido a palavra “inauditável”, um neologismo criado pelo próprio Clóvis Torres para expressar a impossibilidade da realização de auditoria ao sistema eleitoral.

Com base nisso, Clovis – que é um dos mais respeitados especialistas da área – fala nesta entrevista sobre algo que poucos pararam para refletir: não é possível dizer que há fraude, pois não é possível dizer que não houve fraude. Em outras palavras, o atual sistema eleitoral brasileiro não propicia meios eficazes de fiscalização e auditoria pelos eleitores e partidos políticos.

O ex-professor do ITA faz a mesma advertência feita pelo jornalista Osvaldo Maneschy na primeira entrevista desta série sobre a necessidade de dar ao eleitor mais segurança quanto ao destino do seu voto.

Esta entrevista oferece mais um conjunto de elementos que reduz todo o marketing em torno da urna eletrônica brasileira à verdadeira condição de uma mera caixa-preta que desafia a boa-fé dos eleitores e candidatos. Do ponto de vista técnico e científico, o atual sistema é inseguro por não permitir a fiscalização.

Por mais que o TSE invista na propaganda, as evidências apontam para das fraudes que ocorriam quando o voto era manual foram eliminadas, mas o cidadão brasileiro não foi alertado de que, com a informatização, introduziu-se a possibilidade de fraudes eletrônicas mais sofisticadas, mais amplas e mais difíceis de serem descobertas.”

Neste entrevista, vamos saber mais sobre as razões científicas para que o atual sistema eleitoral brasileiro seja revisto na questão da Transparência Eleitoral. Além dos principais pontos de vulnerabilidade ou ameaça à verdade eleitoral e o que diz a comunidade científica internacional sobre este sistema eleitoral que é usado somente no Brasil.

*Prof. Clovis Torres Fernandes: Graduação em Tecnologia de Computação pelo ITA (1978), mestrado em Computação Aplicada pelo INPE (1983) e doutorado em Informática pela PUC/Rio (1992). Aposentou-se como Professor Titular do ITA em nov/2017, sendo Prof. Colaborador do ITA atualmente. Áreas de atuação: Informática na Educação, Engenharia de Software e Segurança em Informática. Criou o SSI – Simpósio de Segurança em Informática, com eventos de 1999 a 2006 congregando academia e indústria, de escopo internacional e com trilhas em português e inglês. Incentivou anualmente a discussão da segurança da urna eletrônica no SSI, com painel formado de pesquisadores nacionais e internacionais, incluindo representantes do TSE. Em 2006, emitiu 2 laudos sobre a segurança das urnas usadas na Eleição de Alagoas, pleito para Governador. Membro fundador do CMInd – Comitê Multidisciplinar Independente, apartidário, criado em 2009 para tratar da adoção e uso do voto eletrônico no Brasil. Em 2014 participou como membro de equipe montada pelo PSDB que examinou a segurança da urna eletrônica em processo de “auditoria” autorizado pelo TSE.

Assista ao vídeo:
Agradeço também o Movimento Paraíso Brasil pela divulgação dessa série.