Tesouro Educa+: Malandro é malandro, otário é otário
Ao mesmo tempo em que foi aprovado o programa escola em tempo integral, muito comemorado com razão pela esquerda, o Governo Federal lançou um novo título do tesouro direto, com nome “Tesouro Educa+”. O lançamento de tal título está sendo amplamente divulgado em jornais e revistas especializados em economia e com alguma ligação com o mercado. Embora pareça trivial, se trata de um importante indício que, na minha opinião estamos ignorando.
Tal título funciona resumidamente da seguinte maneira: quando você tem um filho, ainda bebê, você compra o título, ele valoriza até seu filho ter 18 anos, que é quando você retira o valor que acumulou durante esse tempo, para pagar a universidade privada do seu filho. Ou seja, mais ou menos como funciona nos EUA, e quase toda a população brasileira acha um absurdo quando comenta sobre o funcionamento do ensino superior por lá.
Por que isso é preocupante? Bom, o argumento neoliberal nos últimos anos no Brasil é de que devemos privatizar as universidades para custear a educação integral até o ensino médio. Isso esteve presente nas diretrizes de Temer e Bolsonaro sobre educação. Mas o que mais me preocupa, e deixo como reflexão para todos que aqui estão:
Como esse título “Tesouro Educa+” seria útil, e por que estaria sendo tão divulgado, em um ambiente em que temos universidades públicas e planejamos expandir o acesso a elas? Não seria. Esse título só tem utilidade caso seja privatizada a educação pública de nível superior, seguindo a lógica que os neoliberais sugerem.
Posso estar enganado, mas enquanto alguém que já trabalhou com políticas públicas pra educação e estuda o tema, me parece que teremos uma enorme traição chegando. Que os jovens e a esquerda que se interessa pelo tema saibam dar uma resposta coerente quando a hora chegar…
