Sobre as agressões contra Ciro Gomes nas manifestações

Sobre as agressões contra Ciro Gomes nas manifestações jones manoel
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Temos muitas diferenças táticas, estratégicas, organizativas. Mas nas ruas, não faz sentido e não é aceitável agressões e provocações entre esquerdas/progressistas. Sexta, por exemplo, fiz uma dura crítica a Flávio Dino. Se visse alguém de esquerda indo bater nele, não deixaria

A nossa prioridade, nas ruas, é aumentar a força do movimento de massas, sua radicalidade, debater a greve geral, falar da revogação das contrarreformas, apontar que Bolsonaro representa a burguesia brasileira e o imperialismo etc. Não está brigando fisicamente.

Critiquei duramente e em vários meios quem boicotou o grito dos excluídos. Hoje, em Recife, várias forças que boicotaram o grito estavam nas ruas. Era para ter agredido? Claro que não. O debate, a disputa, o enfrentamento, é político. Brigar nas ruas “entre nós” ajuda em nada.

Discordo de quase tudo que fala Flávio Dino, Marcelo Freixo, Fernando Haddad, Ciro Gomes etc. E não quero que eles apanhem num protesto de massas. Vários relatos – que não confirmei -, falam que tentaram agredir Giselle, a esposa de Ciro. Se isso for verdade, desde quando isso é aceitável? Desde quando?

Enquanto em Recife uma advogada popular é agredida por um fascista e quase morre, tem briga “entre nós”? Sério mesmo isso? É importante ter responsabilidade histórica e não aloprar. Porque quem alopra hoje, pode ser a vítima da alopração amanhã e todo mundo perde.

Eu não acredito, embora já esteja acontecendo, que o assunto preferido das redes sociais vai ser vaias em SP e não o rumo dos atos, sua dinâmica, eficiência, impacto etc. Sério, ainda tenho a capacidade de me assustar como temas laterais ganham atenção gigantesca. Foco na missão!

  1. Ótima reflexão do Jones Manoel! Parabenizo também pela didática e pela não utilização de linguagem de ódio (tão comum nos tempos atuais).

    A desagregação da Esquerda (inclua-se a promoção de anti-petismo, anti-psolismo, anti-pedtismo e outras estratégias utilizadas pela Direita como Bozismo, PSDB, DEM, MDB, MBL, VPR, PIG, etc) só favorece à Direita…

    O pensamento crítico e debate de ideias tem que existir e ser incentivado, porém a linguagem de ódio e o fanatismo (promovido pela internet a uma classe média radicalizada) sem pensamento crítico deve ser decontinuada ou não ser realizada por nenhum espectro da esquerda (PT, PDT, PSB, PCdoB, PCB, PSol, Rede, PCO, etc).

    Infelizmente ao se gastar mais energia no embate entre Partidos de Esquerda, apenas acarreta em ser a “Esquerda que a Direita gosta”! E isso é um divisionismo ou desagregação que não favorece, principalmente ao povo mais pobre e sofrido que merecia uma vida mais humanizada.

  2. Em uma semana eu conheci dois Jones Manoel.

    Conheci, no início da semana, uma versão truculenta, antidemocrática e completamente intolerante de Jones Manoel por declarações dele proferida em uma reunião e estou conhecendo uma versão totalmente diferente daquela ao ler o texto assinado por ele Nest post.

    Na primeira versão que conheci de Jones Manoel, li declarações feitas por ele em uma reunião de operários e fiquei arrepiado. Me arrepiei de medo, de horror, de espanto! Me arrepiei dos piores afetos que podem provocar declarações de puro ódio. O que li foram declarações de Jones Manoel conclamando todos ao ódio por quem ele, Jones Manoel, escolhesse como odiáveis. E o ódio ali pregado por Jones Manoel era ódio destilado em um filtro antidemocrático de elaborado autoritarismo. Não li depois nenhum desmentido de Jones Manoel à notícia do ódio destilado que ele pregava. Se houve desmentido, que ele me atualize e me perdoe por eu não ter deparado com o desmentido.

    O ódio pregado por Jones Manoel que eu vi noticiado me lembrou…bolsonaro.

    Não! Não estou forçando associação para atingir Jones Manoel. Eu sei que associar alguém a bolsonaro é bem drástico e melhor seria não fazer isso, mas realmente eu não consigo associar o que li com lembrança mais precisa para ilustrar. Só quem leu ou vier a ler a pregação de ódio feita por Jones Manoel que eu li vai entender a ilustração com bolsonaro que acabo de fazer para aquilo. O que eu li de Jones Manoel espalhando e estimulando a prática de ódio foi dessa gravidade mesmo! Claro que sempre existe a possibilidade de ter havido exagero em quem deu a notícia é aquilo ser desmentido por Jones Manoel, o que para mim será um alívio, por eu concordar muito com a visão dele manifestada aqui neste post, de pregar a tolerância, e não aquela, da qual eu discordo totalmente.

    Agora, aqui neste post do ‘disparada.com.br’, acabo de conhecer outra versão de Jones Manoel, e desta vez a versão que estou conhecendo é absolutamente oposta à anterior.

    Nesta versão de agora, expressada no texto deste post assinado por Jones Manoel que acabo de ler, o Jones Manoel que se apresenta é equilibrado, faz pregação e exercício de tolerância com quem dele diverge e demonstra boa maturidade política para tratar divergências.

    Acertiva e acertadamente, ao meu ver, Jones Manoel, na versão de sua persona expressada no texto deste post, não renuncia a valores radicais que deveras possua, para com isso disfarçar intolerância que pudesse ter. Não! O Jones Manoel que encontro na versão que aparece neste texto é de tolerância sincera com quem dele pensa diferente, sem renunciar àquilo em que ele acredita e assim conciliar de forma hipócrita com adversários políticos e de ideias.

    O Jones Manoel deste post não é violento, não é intolerante e, no entanto, não está sendo hipócrita em manifestar e incentivar a prática de postura civilizada em relação a convivência com quem possua visões de mundo diferentes da dele, se posicionando aqui e desta vez por disputar politicamente com que pensa diferente estritamente no campo de ideias, de forma civilizada e democrática e sem espalhar e estimular a produção de ódio.

    O Jones Manoel civilizado deste post é o perfeito oposto do Jones Manoel intolerante da reunião que eu conheci ainda nesta semana, ao ler a pregação de ódio que ele teria feito.

    Eu e Jones Manoel, pelo que eu soube, temos a mesma origem na nossa formação política, o PCB, o velho ‘partidão’. Só que somos de tempos diferentes do PCB. E certamente também temos como diferença a facção de cada um no Partido, ao seu tempo. A minha época no PCB foi o fim da luta contra a última ditadura militar no Brasil, em fins de 1970 e inícios de 1980. Com o fim da ditadura, o então presidente do PCB, Roberto Freire, liderou uma atualização (mudança?) na concepção política do partido. Nesta mudança, o PCB mudou também o nome da sigla, passando a se chamar PPS,. Em outra mudança posterior o então PPS, antigo PCB, trocou novamente o nome e passou a ter o nome que tem atualmente, Partido Cidadania23.

    Eu, no PCB, pertencia à mesma facção de Roberto Freire, a facção eurocomunista, de orientação social-democrata e inspirada no Partido Comunista Italiano, atual PD. Uma diferença fundamental de nossa formulação eurocomunista em relação ao movimento comunista internacional era nossa visão de democracia, que tinha e tem a democracia como valor universal e permanente, não defendendo o uso da democracia para avançar para a implantação de nenhuma ditadura posterior, assim que contar com força suficiente para impor o que acredita. Não! A concepção de nossa facção, a eurocomunista, que é o que prega também um dos seus dois sucedâneos, o Partido Cidadania23, é sempre disputar politicamente e fazer avançar os valores progressistas disputando o que acredita sempre apenas no campo das ideias, defendendo permanentemente a democracia. E sem relativizar o que sejam as essencialidades democráticas.

    Hoje eu sou simpatizante do Cidadanua23, mas não sou filiado, nem pretendo ter filiação partidária.

    Alguns tempo depois da transformação do PCB, com a mudança de nome primeiro para PPS e, depois, para Cidadania23, um grupo de filiados ao PCB, não concordando com o novo partido, refundou o PCB com o mesmo nome que tinha, retomando portanto o nome PCB, e com posições ainda mais radicais que o PCB antigo.

    Cada facção fez caminhada para direção diferente no espectro político, Mas, pelo menos do ponto de vista do Cidadanua23, que conheço melhor, existe sempre o respeito à história do PCB, faltando ao Cidadania23, talvez, maior reconhecimento da refundação do velho PCB por outros outrora filiados, dando outra continuidade ao partido, diferente da continuidade dada pelo Cidadania23, e o reconhecimento que a retomada deles, refundadores do PCB, também é legítima, tanto quanto o Cidadania23.

    O fato é que o atual PCB – partido a que pertence Jones Manoel pelo que sei, se não estiver enganado – tem a mesma origem e divide a história do velho PCB com o atual Cidadania23.

    [email protected]

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