Sivuca e as possibilidades da música brasileira

Sivuca e as possibilidades da musica brasileira
Botão Siga o Disparada no Google News

Por Luiz Campos & Sara Cordeiro – No dia 26 de maio de 1930, veio ao mundo Sivuca. Nascido Severino Dias de Oliveira, o filho de Itabaiana ganhou seu primeiro instrumento, um fole de oito baixos, no dia de São João. Talvez algumas pessoas se lembrem dele apenas como um acordeonista, mas o paraibano era muito mais do que isso; compositor, arranjador, cantor, violonista, percursionista, pianista e guitarrista.

Não tocava apenas forró e baião, tendo uma grande influência de jazz, frevo, choro e música erudita. Sivuca foi responsável por levar a sanfona às grandes salas de concerto mundo a fora. Bem jovem saiu de sua cidade natal e mudou-se para Recife. Gravou seu primeiro álbum em 1951 e com o grupo Os Brasileiros ecoou nas rádios e palcos da Europa e Estados Unidos. Sua obra completa conta com 33 álbuns.

Fosse participando de álbuns de outros artistas ou gravando seus próprios discos, Sivuca tem uma obra maravilhosa. Para aqueles que querem conhecer seu trabalho, indicamos, como porta de entrada, seu excelente álbum de de 1973.

Nele pôde-se ter um grande exemplo de artista que soube explorar as possibilidades da música popular brasileira, aliando os ritmos mais tradicionais com a sofisticação dos grandes instrumentistas. Sua música é uma resposta aos odiadores do Brasil e do povo, que julgam que nada de belo pode vir da cultura popular. O gênio paraibano compreendeu que tradição deve ser, ao mesmo tempo, árvore e ave. Com raízes profundas em seu solo, mas com asas que a mantenham dinâmica e atualizada.

A cultura popular, não apenas a música, oferece inúmeras possibilidades de manifestações artísticas extremamente belas e sofisticadas. Exemplos não faltam: Villa-Lobos se inspirando na música do povo, O Movimento Armorial bebendo na fonte do povo nordestino, toda a cena de viola instrumental, Guimarães Rosa inspirado nos falares do povo, inúmeros grupos de dança e muitas outras manifestações. É uma pena que muitos nacionalistas enxerguem a cultura como algo menor na luta pela soberania brasileira. Que a arte de nomes como Sivuca seja um lembrete do quão bela é a identidade do nosso povo.

Por Luiz Campos & Sara Cordeiro

Publicado pela Frente Sol da Pátria