A esquerda brasileira morreu, mas qual?

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Conheço Saflate superficialmente e o respeito como intelectual e como pessoa, por isso espero que a dureza de minha resposta não seja mal recebida. Seu artigo contém observações interessantes, mas tem uma tese central fundamentalmente errada. É claro que a esquerda brasileira como a conhecíamos nos últimos anos morreu, mas qual esquerda? A resposta de Saflate não poderia ser mais míope e errada, afinal de contas, a esquerda que morreu foi a dele próprio.

Talvez por isso mesmo seu artigo um tanto derrotista tenha sido bem aceito exatamente no cemitério da militância petista.

Não, a esquerda que morreu não foi o “populismo de esquerda”. Nem sequer foi a esquerda puramente liberal, que tenta reformas graduais dentro das estruturas representativas da democracia tradicional e praticamente nunca chegou a existir no Brasil. O que morreu foi o que eu chamaria de “esquerda pós-moderna”, ou seja, o PT, criação imortal (?) de Lula, Golbery e da intelectualidade da USP.

Saflate, reconheçamos, é a versão intelectualmente coerente dessa esquerda que, chegando ao poder, mimetizou o populismo na forma e no discurso, mas não para desafiar, de fato, as oligarquias tradicionais e a estrutura escravista do Brasil, e sim somente para conservar as estruturas da sociedade brasileira e se perpetuar no poder se refastelando no banquete do Estado.

A coerência de Safatle, assim como a do PSOL, foi ter renunciado a esta farsa desde o início do governo Lula e, na oposição, manter sua denúncia uspiana do populismo e seu moralismo burguês intactos, assim como a denúncia da falta de reformas progressistas pelo PT.

Mas com o PT fora do poder, o desconforto com o descompasso moral entre prática e discurso cessa e, incrivelmente, o PSOL volta para sua alma mater como uma viúva indiana desesperada que se atira na pira funerária do marido.

A desgraça da esquerda espiritualmente petista, no entanto, é bem maior que seu desastre conservador no exercício do poder. Sua falta de horizonte de transformação econômica no governo acrescentou uma caricatura muito mais funesta a este Frankstein ideológico, que agravou brutalmente o divórcio entre essa esquerda e as aspirações do povo brasileiro: a adesão, mais uma vez somente discursiva (a hipocrisia está no DNA petista, mas não no psolista, os últimos aderiram pra valer), ao identitarismo pós-moderno como substituto retórico para manutenção de um “ethos revolucionário” no petismo, já que as transformações estruturais e universais na sociedade foram definitivamente eliminadas do radar.

Foi uma tentativa desastrada de manter o apelo aos excluídos da sociedade enquanto seu governo, que nunca foi além de políticas compensatórias, aprofundava a desilusão e o fosso entre sua mensagem e prática.

Mas foi então que o fosso se tornou abismo.

Era o nascimento da “esquerda neoliberal pós-moderna brasileira”.

De uma luta por direitos e condições materiais iguais, portanto, universais, o Partido Democrata Norte-Americano do Brasil, o PT (assim como o PSOL), deixou de lutar pela extinção de divisões e fronteiras na sociedade (fronteiras de gênero, etnia, cor da pele e orientação sexual) e passou a lutar para acentuar essas fraturas através de uma reificação de identidades, transformando a luta por direitos e condições iguais para todos numa luta por direitos a serem distribuídos diferentemente por gênero, etnia e orientação sexual.

Os “privilégios” que a esquerda pós-moderna combatia não eram mais os econômicos – agora ela os perpetuava –, mas sim a vantagem de ter nascido num gênero, etnia e orientação sexual historicamente não perseguida.

Essa política fragmentadora dividiu em subclasses intermináveis companheiros de luta dentro dos partidos e de setores da sociedade de tendência esquerdista como um todo, com cada subgrupo em busca de reparação por sua história, ou proteção contra seu presente, de opressão concreta, real.

As políticas afirmativas, de instrumento fundamental, mas frágil e provisório, para integração dos setores oprimidos da sociedade à cidadania, viraram a única resposta social de um governo que economicamente não oferecia nada que não a manutenção das estruturas de desigualdade. Em vez de integrar os oprimidos ao povo brasileiro, essa esquerda procurou sedimentar essa desintegração por via legal.

A luta da esquerda por toda espécie humana se transformou nessa esquerda (pós) liberal e pós-moderna numa contraposição entre mulheres e homens, negros e brancos, gays e héteros. A luta contra a pobreza, o racismo, o machismo e a homofobia em vez de se dar pela defesa e promoção da igualdade social e econômica, se transformou na defesa da diferença e segregação legal via compensações pela estrutura intacta. Em vez de unir e dar voz ao povo brasileiro, as divisões de identidades impostas pela nossa história com a escravidão e o machismo foram alimentadas e esgarçadas.

A busca por falar a língua e usar a estética popular foi substituída pela patrulha “politicamente correta” de expressões populares de nossa linguagem na luta contra preconceitos ocultos. Embora às vezes uma expressão legítima, a substituição da luta política e econômica pela luta linguística marca bem a esterilidade dessa esquerda que se tornou ela própria uma nova forma de opressão “ilustrada” da cultura popular e das formas tradicionais de uma língua. Seu objetivo não é mais justiça econômica e social sintonizada com a pauta popular, mas sim o combate a frases, expressões e formas de falar de populares, adversários e companheiros.

Importando essa abordagem norte-americana de forma totalmente acrítica, essa esquerda se inviabilizou, agora totalmente (agregado ao afogamento na corrupção e na falta de transformações sociais), como força unificadora popular.

Ela é o oposto do populismo de esquerda tradicional, e por isso, morreu.

O “populismo de esquerda”, que nas palavras de Saflate é “um modelo de construção de hegemonia baseado na emergência política do povo contra as oligarquias tradicionais detentoras do poder” é muito mais que uma estética e forma de mobilização de forças sociais, mas um método de transformação da sociedade brasileira que consiste em, como diz Ciro Gomes, “chamar o povo na jogada”, mobilizando-o diretamente na hora dos grandes embates transformativos.

O Governo João Goulart não foi o primeiro governo de esquerda no Brasil, mas sim a grande ausência do artigo de Safatle, aquele que sua alma uspiana está proibida de considerar, o gigante Getúlio Vargas, que, em seu mandato eletivo, fez o primeiro governo claramente de esquerda no Brasil com a criação de grandes empresas estatais como a Petrobrás e a Eletrobrás e a mudança radical de patamar do salário mínimo.

O que os governos Vargas e Goulart tem em comum é o entendimento de que o papel de um governante decente no Brasil é reformar nossas estruturas escravocratas e democratizar a economia e a propriedade, e que para isso, qualquer governo tem que estar preparado para a mobilização popular para o confronto democrático, e não conciliação, com o núcleo das forças oligarcas brasileiras. Porque essas forças nunca farão qualquer acordo que diminua seus privilégios.

Lula sabia disso e ao invés de apostar no acordo com setores produtivos, que ainda existiam, da burguesia nacional para diminuir nosso fosso de privilégios, apostou na conciliação com o sistema financeiro nacional, que é o verdadeiro núcleo do novo oligarquismo brasileiro. E fez isso para que tudo ficasse como está, principalmente, é claro, o PT no poder.

Foi a lição de Vargas e de Goulart que não foi ouvida pela nova esquerda pós-moderna brasileira. E é por isso que ela sim, já está morta, seu legado desmontado e sua base organizacional popular dissolvida, enquanto o legado trabalhista, do “populismo de esquerda” para os uspianos, ainda é tudo aquilo que sobra de Brasil e de direitos dos trabalhadores e que a elite oligarca busca numa corrida contra o tempo exterminar completamente da Constituição.

Essa é a esquerda que ressurgiu das cinzas, a única que já fez algo pelo país e por seus trabalhadores, e que estava impedida de crescer por ter sido mimetizada – na forma e não no conteúdo – por Lula. A esquerda que quer ser a voz de todo o povo, representar suas aspirações, educá-lo profundamente, democratizar a propriedade e a oferta, nacionalizar a economia, dar empregos de qualidade, industrializar o país, cobrar imposto de rico, manter os juros baixos e diminuir a desigualdade.

A “esquerda” está morta. Viva a esquerda genuinamente brasileira!

  1. Excelente texto Gustavo, o conteúdo narra profundamente o que vem ocorrendo na Greve e nas manifestações contra a privatização da Petrobras.
    Os petistas da FUP e os PSOListas e PSTUzistas da FNP para tratar de coisa séria que influenciará a vida de todos os brasileiros, insiste na velha falácia do “enfrentamento” e não compreende a insegurança dos petroleiros que não foram abduzidos pelo Jim Jones do ABC, muito menos o completo desconhecimento do povo com relação a Petrobras e o petróleo nacional.
    Pelo contrário, continuam insistindo no populismo vazio, deseducando ainda mais o povo, ao vender o botijão a um preço irreal.
    Está cada vez mais cansativo.

  2. Nunca concordo com o Safatle. Quanto ao Castanon, concordo em partes, mas vejo uns exageros nas suas críticas, típicos do cirismo mais ressentido.

    Concordo que a esquerda brasileira (principalmente o PSOL) se assemelha cada vez mais aos democratas dos EUA e que as tendências pós-modernas estão entre as bases do fracasso, por terem minado a capacidade de resistência ao golpe. Mas Castanon erra ao absolutizar esse elemento como explicação da realidade.

    Destaco os seguintes trechos:

    *_governo, que nunca foi além de políticas compensatórias_*

    _*(…)*_

    *_Lula (…) ao invés de apostar no acordo com setores produtivos, que ainda existiam, da burguesia nacional para diminuir nosso fosso de privilégios, apostou na conciliação com o sistema financeiro nacional, que é o verdadeiro núcleo do novo oligarquismo brasileiro. E fez isso para que tudo ficasse como está, principalmente, é claro, o PT no poder._*

    *_Foi a lição de Vargas e de Goulart que não foi ouvida pela nova esquerda pós-moderna brasileira._*

    Não, os governos Lula e Dilma não foram apenas políticas compensatórias. Foram governos que frearam o processo de privatizações, recompuseram o Estado brasileiro o expandindo, expandiram a infraestrutura energética (acabando com os “apagões” de FHC), deram uma atenção às regiões menos desenvolvidas do país, com as “políticas compensatórias” deram a uma parte historicamente abandonada da população acesso a cidadania, através por exemplo da confecção de documentos pessoais, fortaleceram economias locais com o consumo incrementado por essas políticas, fortaleceram empresas nacionais, públicas e privadas, criaram centenas de escolas técnicas e campi universitários, impulsionaram a descoberta do Pré-Sal com tecnologia nacional e sobretudo colocaram o Brasil em papel de destaque internacional nas relações Sul-Sul, no multilaterialismo, BRICS, G20, UNASUL, Celac, etc. O período em que Brasil foi governado por Lula e Dilma foi importante para dar apoio às experiências vizinhas politcamente mais avançadas, Cuba, Venezuela, Bolívia…

    Por tudo isto e não pela corrosão pós-moderna absolutizada como elemento explicativo da realidade por Castanon, os governos Lula e Dilma foram alvo de duas tentativas de golpe através conluio entre mídia, Judiciário e Legislativo em torno da pauta da corrupção, certamente operados pela inteligência norte-americana. E esse conjunto de aspectos na verdade aproxima Lula e Dilma de Vargas e Goulart, os méritos e os inimigos. Ciro já foi mais crítico à manipulação da pauta da corrupção, ao que ele já chamou de “moralismo difuso” se referindo à oposição de direita, mas também ao próprio PT quando de seu tempo de oposição aos tucanos. Hoje Ciro (e Castanon) tentam colher votos que o moralismo difuso da ocasião arrancou do PT, dando em boa parte razão aos seus algozes.

    Voltando às duas tentativas de golpe, a primeira não vingou – o escândalo do chamado “mensalão” – pois a economia do país ia bem e o povo experimentava melhorias em seus padrões de vida e consumo, o que permitiu ao PT contornar a situação. Já a segunda tentativa vingou – a Lava Jato – não só porque se deu em meio aos impactos da crise mundial sobre o Brasil, mas porque dessa vez se tratava de quebrar justamente aquilo que Castanon não enxerga, os vínculos dos governos Lula e Dilma com setores da burguesia produtiva, especialmente os da engenharia nacional. Claro que os erros da condução da política econômica agravaram os problemas, especialmente a nomeação de um executivo indicado pelo Bradesco para o Ministério da Fazenda, que resultou em aumento dos juros para conter uma inflação artificial produzida por reajuste de preços tarifados, mera concessão aos banqueiros que Dilma acreditou ingenuamente que faria o capital financeiro recuar de aventuras golpistas.

    Mas é precisou que se reconheça que o que levou Haddad ao segundo turno, muito mais do que os votos dos adeptos do pós-modernismo (que obviamente são uma absoluta minoria da população, ou não faríamos tanta chacota deles) foram os votos de parte importante dos trabalhadores pobres, sobretudo nordestinos, ainda gratos pelas “políticas compensatórias” dos governos Lula e Dilma, que entre outras coisas fizeram pela primeira vez na história o consumo de energia do Nordeste superar o do Sul, assim como pela primeira vez também reverteram o fluxo migratório entre São Paulo e Nordeste, com mais pessoas saindo do primeiro em direção ao segundo do que o contrário

    Enfim, Castanon tem razão em boa parte do que escreve, mas o ressentimento das eleições de 2018 embaça sua visão e faz ele errar a mão.

  3. Caro André Queiroz, também acho suas queixas exageradas, típicas do petismo.
    Você adota a mesma personalização despolitizante petista no enfrentamento de críticas teóricas ou factuais, atribuindo as motivações alheias a sentimentos de “inveja” e “ressentimento”, forma de pensar e ler o mundo aliás, também herdada da pequena burguesia.
    Não absolutizo de forma alguma o pós-modernismo como fator determinante do golpe muito menos da morte da esquerda pós-moderna petista brasileira, só o enfatizo porque foi o elemento que sumiu da análise de Safatle. Digo claramente que esse foi um de três elementos, somados a corrupção e a falta de reformas estruturais.
    Os trechos destacados são a mais pura expressão da realidade:

    *_governo, que nunca foi além de políticas compensatórias_*
    Nada estrutural, nenhuma reforma legal ou institucional, nenhum desenvolvimento industrial ou resolução de qualquer gargalo de soberania ou desenvolvimento, com exceção do energético, manutenção da concentração de renda intacta, a ponto de sequer ter promovido um aumento da alíquota de imposto de renda.

    *_Lula (…) ao invés de apostar no acordo com setores produtivos, que ainda existiam, da burguesia nacional para diminuir nosso fosso de privilégios, apostou na conciliação com o sistema financeiro nacional, que é o verdadeiro núcleo do novo oligarquismo brasileiro. E fez isso para que tudo ficasse como está, principalmente, é claro, o PT no poder._*
    Mais pura expressão da verdade. A aliança com a engenharia nacional nunca teve como objetivo confrontar as estruturas de desigualdade do país, que é o argumento do texto, mas só promover campeões nacionais que participassem do jogo da atual ordem econômica mundial.

    *_Foi a lição de Vargas e de Goulart que não foi ouvida pela nova esquerda pós-moderna brasileira._*
    Sim, não entenderam nada, não enfrentaram a elite, não promoveram reformas estruturais, e da mesma forma foram derrubadas pelos EUA sem nenhum esboço de reação.

    Frear o processo de privatização não é uma realização, é simplesmente inação, ou você comemora o fato de eles não terem privatizado? Porque vamos ser honestos aqui, eles tocaram vários processos de concessão. E sequer recompraram as ações da Petrobrás no momento de maior baixa histórica da companhia. Uma vergonha.
    A única coisa que o PT tem a apresentar de infraestrutura ao país é a transposição do São Francisco, que não terminaram, e três hidroelétricas, a maior das quais um elefante branco que consegue dar prejuízo no meio da Amazônia.
    É por isso que toda vez que um petista fala de seu governo, como você, recorre a… políticas compensatórias. Exatamente o que eu alego no artigo.
    É uma ignomínia afirmar que, nos governos de maior desindustrialização da história do país, o PT fortaleceu empresas nacionais. Ignomínia.
    Do que adiantou de estrutural e concreto para a soberania nacional a política externa do PT? Não estou dizendo que ela foi ruim, como a de Bozo, mas ela resultou no que de aumento do poder da nação a não ser o alinhamento ao BRICS que, desacompanhado de um investimento em inteligência e contrainteligência redundou no golpe? Irresponsabilidade de crianças.

    É por tudo isto, que pasmem, são os melhores aspectos do governo petista, e não pela “corrosão pós-moderna” que o governo se desgastou. Porque se é verdade que a região Nordeste mudou de face no governo petista, é isso, e não o resto, é isso somente que garantiu o paulista neoliberal Haddad no segundo turno (que promoveu a maior enxurrada de transferência de recursos públicos para a educação privada da história), enquanto a classe média e média baixa do resto do país, que empobreceu dramaticamente no governo neoliberal de Dilma, varreu o PT do mapa brasileiro.
    Portanto, apesar da crítica educada, ela é bastante desonesta em dizer que o artigo absolutiza a questão pós moderna como responsável pela derrocada do PT e da esquerda, quando ele somente dá atenção a ela pois é negligenciada pela maioria dos analistas políticos de esquerda, covardes e acovardados por essas hordas autoritárias que destruíram nosso ambiente partidário e militante e não permitem qualquer elemento de crítica.
    O golpe no PT não foi feito por uma oligarquia ameaçada, essa é uma fantasia petista, mas por uma oligarquia que queria voltar ao poder e foi tocada a chicote pelos EUA que não queriam mais o país alinhado a China e a Rússia. O que aproxima Lula e Dilma de Vargas e Goulart é o desalinhamento geopolítico com os EUA, nada mais. O resto é fantasia do filme hollywoodiano de Petra.
    Dizer que exploramos a manipulação da temática da corrupção é ultrajante. Se fizéssemos, talvez estivéssemos no Planalto, e não aqui. O que não significa que sejamos ladrões, como foi o governo petista (para não entrar em nomes), e que não tenhamos nojo da roubalheira de nível baixíssimo e generalizado no segundo governo Lula.
    Os algozes do PT têm toda a razão quando dizem que o governo do PT foi muito corrupto e o partido usou da corrupção e do poder do dinheiro para hegemonizar a esquerda e o centro, ou não? É sério isso? Resumindo André, nós não somos moralistas mas não somos ladrões!
    Por fim, “impactos da crise mundial sobre o Brasil” é o escambau, André! Escambau porque é o que se permite publicar. A crise foi brasileira, brazuca, causada pela inação de Dilma perante a Lava-Jato e seu desastroso choque neoliberal, não houve componente externo em 2015, as commodities já vinham naqueles níveis a dois anos, e não tem dimensão para sozinhas causarem a maior crise de nossa história.
    A maior crise de nossa história foi causada pelo PT.
    A maior crise de nossa história foi causada pelo PT.
    A maior crise de nossa história foi causada pelo PT.
    Escreva 100 vezes no caderno.

    Por fim, André, acho que está na hora de elevarmos o debate político para além das categorias de “inveja” e “ressentimento”, porque eu sou ressentido com o PT sim, mas o que importa são meus argumentos que você não consegue refutar.
    E sou ressentido de uma forma que você sequer pode imaginar, porque eu sou brasileiro de esquerda, amo meu país e meu povo. Não porque perdemos as eleições e eu meu “carguinho”, como o horizonte moral pequeno burguês permite avaliar as motivações alheias. Meu ressentimento é porque o PT destruiu meu país duas vezes: primeiro no poder, e depois entregando o país ao pior grupamento político imaginável (fascista, teocrático e neoliberal) só para não perder a hegemonia da esquerda brasileira que, advinhe: ele também destruiu.
    Ser ressentido com o PT, hoje no Brasil, é uma mera questão de dignidade.

  4. André Queiroz, a limitação crítica dos ciristas é um parti pris contra o PT e contra tudo o que seja esquerda neste e em outros mundos. Castañon não foge à regra. É lamentável que um professor da Universidade Federal de Juiz de Fora seja de tal modo míope ao que deve e tem que ser combatido.

  5. Ora, mais parti pris que se tem contra Ciro Gomes? Me pergunto se é o PaulistaExplaining que não consegue se relacionar com qualquer um que não seja “abençoado” pela “cultura da paulicéia”. O mais irônico disso tudo é que Ciro é nascido em Pindamonhangaba, mas é sertanejo por formação.

    Coisa dificil, mesmo, de se combater é a cera de ouvido: ouvir as relações de Golbery com o PT de Lula – desde seu nascedouro – enquanto Brizola fundava o PDT no exílio, isto ninguém quer. Para o pensar dos totalitários, quem não baixa a cabeça ganha logo pecha de Trotski, “traidor do movimento”, ora que modorra, que filme mais velho! E a meu ver, Ciro baixou a cabeça até demais. Decepção com Ciro? Só a de vê-lo apoiar Lula no 2º turno de 2002, mesmo que contra um opositor digno de toda e qquer oposição… e ajudar nos seus governos…até quando aprendeu a lição brizolista, de que “O PT cacareja pra Esquerda, mas põe seus ovos pra Direita”. Até o véio Briza subiu em palanque com o Lula; uma pena, eu sei – mas ele não viveu pra ver no que deu…

    Educador por educador, seja uspiano Safatle ou juiz-forano Castañon, faço a minha vênia para o monte-clarense, saudoso, Darcy Ribeiro, que dizia que “O PT é a Esquerda que a Direita gosta”. É isto.

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