Por um outro Rio de Janeiro

Após ação trágica, comunidade do Jacarezinho no RJ amanheceu com protestos Foto AP Photo Silvia Izquierdo
Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo
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Cenas e notícias da Chacina do Jacarezinho, a mais letal operação da história do Rio, chocaram o país e o mundo. Um verdadeiro banho de sangue e vísceras marcaram a história da insegurança pública brasileira.

O ato em si foi uma verdadeira maldade. Nenhuma inteligência, contenção de danos, tática e preservação do direito à vida foi considerada.

O responsável direto, além da chefia da segurança pública, é o Governador Cláudio Castro – alinhado diretamente ao Bolsonaro, com quem esteve no dia anterior.

Porém o problema vai além do governador bolsonarista.

O Rio de Janeiro assiste uma deterioração civilizatória.

E, assim, torna-se cada vez mais urgente a tarefa do campo progressista de apresentar um programa coeso, eficaz, cidadão e anti-racista de segurança pública.

Ainda que não seja especialista no assunto, vejo que a política tem a seguinte tarefa: reunir intelectuais, movimentos sociais, associações de moradores, agentes sociais de expressão, profissionais da segurança pública progressistas – expandindo-se aos descontentes – e comunicadores.

Não basta apenas dar a palavra a estes. Tais atores sociais precisam estar no centro do debate. Só assim saíra um programa que defenda o ser humano, sobretudo negros e pobres, de modo eficaz e didático à grande maioria da população.

Além de mudar as práticas de hoje, é preciso que algo entre no lugar, em constante diálogo com a sociedade. E isso exige TAMBÉM uma estratégia de comunicação.

Porém a tal deterioração civilizatória não está apenas no campo da segurança.

O RJ precisa de um governo progressista e democrático. Um governo que entenda que a educação pública em tempo integral não é algo inviável e distante. Precisamos de um governo que traga investimentos e que também invista.

Um exemplo interessante são os restaurantes populares. A construção, manutenção e operação desse projeto gera desenvolvimento econômico para o RJ.

Ativando a construção civil, criando empregos e beneficiando o agricultor fluminense, mataremos a fome de incontáveis cidadãos. Se expandirmos para 32 restaurantes, o custo anual vai na ordem de 120 milhões, desconsiderando uma parte que retorna via ICMS. Pouco diante do orçamento de mais de 70 bilhões e de uma dívida ativa na casa do 106 bilhões.

Imitando o Ciro Gomes, mostrei, com uma simples conta, como o RJ pode, apesar da crise, jogar dinheiro para o desenvolvimento econômico e social.

Por isso a necessidade política de dialogar, somar forças e articular a viabilidade de um projeto progressista e transformador, tal qual Brizola e Darcy Ribeiro, por exemplo, sonharam e começaram a executar.

O Rio de Janeiro não merece ver seu povo morto por vírus, bala ou fome.