Cenas e notícias da Chacina do Jacarezinho, a mais letal operação da história do Rio, chocaram o país e o mundo. Um verdadeiro banho de sangue e vísceras marcaram a história da insegurança pública brasileira.
O ato em si foi uma verdadeira maldade. Nenhuma inteligência, contenção de danos, tática e preservação do direito à vida foi considerada.
O responsável direto, além da chefia da segurança pública, é o Governador Cláudio Castro – alinhado diretamente ao Bolsonaro, com quem esteve no dia anterior.
Porém o problema vai além do governador bolsonarista.
O Rio de Janeiro assiste uma deterioração civilizatória.
E, assim, torna-se cada vez mais urgente a tarefa do campo progressista de apresentar um programa coeso, eficaz, cidadão e anti-racista de segurança pública.
Ainda que não seja especialista no assunto, vejo que a política tem a seguinte tarefa: reunir intelectuais, movimentos sociais, associações de moradores, agentes sociais de expressão, profissionais da segurança pública progressistas – expandindo-se aos descontentes – e comunicadores.
Não basta apenas dar a palavra a estes. Tais atores sociais precisam estar no centro do debate. Só assim saíra um programa que defenda o ser humano, sobretudo negros e pobres, de modo eficaz e didático à grande maioria da população.
Além de mudar as práticas de hoje, é preciso que algo entre no lugar, em constante diálogo com a sociedade. E isso exige TAMBÉM uma estratégia de comunicação.
Porém a tal deterioração civilizatória não está apenas no campo da segurança.
O RJ precisa de um governo progressista e democrático. Um governo que entenda que a educação pública em tempo integral não é algo inviável e distante. Precisamos de um governo que traga investimentos e que também invista.
Um exemplo interessante são os restaurantes populares. A construção, manutenção e operação desse projeto gera desenvolvimento econômico para o RJ.
Ativando a construção civil, criando empregos e beneficiando o agricultor fluminense, mataremos a fome de incontáveis cidadãos. Se expandirmos para 32 restaurantes, o custo anual vai na ordem de 120 milhões, desconsiderando uma parte que retorna via ICMS. Pouco diante do orçamento de mais de 70 bilhões e de uma dívida ativa na casa do 106 bilhões.
Imitando o Ciro Gomes, mostrei, com uma simples conta, como o RJ pode, apesar da crise, jogar dinheiro para o desenvolvimento econômico e social.
Por isso a necessidade política de dialogar, somar forças e articular a viabilidade de um projeto progressista e transformador, tal qual Brizola e Darcy Ribeiro, por exemplo, sonharam e começaram a executar.
O Rio de Janeiro não merece ver seu povo morto por vírus, bala ou fome.