A esquerda pavloviana

a esquerda pavloviana pavlov
Botão Siga o Disparada no Google News

Um de meus grandes ídolos, Leonel Brizola, falava de forma anedótica “Quando estiveres em dúvida sobre que posição tomar, veja a posição da Globo: se ela é a favor, somos contra. Se ela é contra, somos a favor”.

A condicional é o que muitos esquecem aqui. “Quando estiver em dúvida”. É uma heurística, ou seja, um atalho rápido para tomar uma decisão em situações nebulosas.

O significado disso era dizer que para ele a Globo estava sempre contra o interesse nacional. É claro que Brizola não se orientava por Roberto Marinho. Mesmo porque, se assim fosse, bastaria que Marinho simulasse uma posição para o fazer se comportar como queria.

Hoje temos um genocida no poder que mais do que orientar pessoas perdidas no debate político, causa, literalmente, condicionamento clássico pavloviano. E não é uma metáfora. O condicionamento clássico consiste em associar um estímulo qualquer, neutro, a um reflexo do organismo. É aquilo, o sujeito vai a um churrasco, come tudo, bebe tudo, aí minutos antes de começar a passar mal come uma azeitona. Ele acha que foi culpa da azeitona. Pior, azeitona começa a provocar enjoo nele.

Bolsonaro praticamente só aparece para falar ou fazer coisas grotescas. Seu nome está associado a mentiras sem fim sobre a COVID. E a COVID levou entes queridos nossos. A maioria de nós tem reações reflexas de ódio e nojo quando vemos sua figura. E isso é associado automaticamente a qualquer coisa que ele fala.

É assim que ele pauta o debate político. Chega ao ponto de ele fazer um post em defesa da família e a esquerda começar a criticar. Defende as pautas de interesse da maioria do povo e a esquerda automaticamente o ataca. Ele venceu. Pautou, e levou os adversários para o outro lado da cerca popular.

Não duvido que o Governador bolsonarista do Rio de Janeiro tenha promovido o massacre do Jacarezinho por ordem de Bolsonaro. Um ato brutal, que mobiliza a pauta, leva Bolsonaro a defender a polícia e a esquerda pavloviana automaticamente a denunciar o massacre de pessoas, o que, evidentemente, temos que fazer. Mas em que termos? Bozo sabe que, para a maioria da população, não eram pessoas, e sim, traficantes. Bozo vence.

Ao mesmo tempo, para desviar o foco da CPI, Bolsonaro defende o “voto impresso”. A militância da esquerda pavloviana, que só sabe reagir classicamente, começa a reproduzir mentiras absurdas, treinada que é pelos blogs petistas e imprensa corporativa. Fala de volta de voto de papel, defende a segurança do sistema mais atrasado do mundo. Aí quando os bolsonaristas leem o projeto, só veem nele a mudança para um sistema mais avançado, nada de levar comprovante para casa, voto de papel ou recibo.

Quem está relinchando? É a Bia Kicis?

Quando a militância de esquerda se coloca automaticamente contra um projeto que já foi aprovado três vezes pelo Congresso e o STF se nega a implantar, se coloca contra cerca de 60% da população brasileira que desconfia do processo eletrônico brasileiro. Chama de boçais. Terraplanistas. Bozo wins. Again.

Pode ser difícil, mas está na hora de sair do reflexo condicionado. Bolsonaro transformou a esquerda em cães pavlovianos.

Assim, quem ganha é o canil.

Deixe uma resposta