As pautas identitárias e a volta da luta de classes

“A LUTA DE CLASSES existe, e nós a estamos vencendo”, proclamou sem hesitação Warren Buffet, o principal concorrente de Soros entre os manipuladores individuais do dito “livre mercado globalizado”. Declaração bastante importante para quem, no mundo do trabalho, se enfurne no pós-modernismo alienante, tentando desqualificar a perspectiva revolucionária como algo relativo ao século XIX.
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“A LUTA DE CLASSES existe, e nós a estamos vencendo”, proclamou sem hesitação Warren Buffet, o principal concorrente de Soros entre os manipuladores individuais do dito “livre mercado globalizado”. Declaração bastante importante para quem, no mundo do trabalho, se enfurne no pós-modernismo alienante, tentando desqualificar a perspectiva revolucionária como algo relativo ao século XIX.

ESSE FENÔMENO encontra seu caldo de cultura na realidade da redução significativa do proletário industrial na sociedade pós-fordista, robotizada e responsável pela implantação de uma inequívoca informalidade individualizante.

Ou seja, no estilhaçamento incontestável das tropas que constituiriam o exército anticapitalista da primeira e segunda revolução industrial – o proletariado.

HOJE, VIVEMOS a realidade de um mundo oprimido profundamente disperso, com necessidades materiais e ideológicas as mais variadas, com a consequente disparidade de níveis de consciência.

VIVEMOS, portanto, um cenário muito mais adverso, do ponto de vista do mundo do trabalho, do que o vivido por Marx e Engels, quando concluíram que a ideologia dominante numa sociedade é a ideologia das classes dominantes. E isso com uma burguesia bem menos poderosa em instrumentos de controle.

DO PONTO DE VISTA do capital, Warren Buffet e seu proclama apenas comprovam que o adversário a vencer atualmente é muito menos vulnerável do que o era ao tempo em que “um espectro” rondava a Europa; “o espectro do comunismo”. Uma categoria que hoje nem com microscópio se pode encontrar em propostas e resoluções de partidos de esquerda que disputem a arena institucional.

PELO CONTRÁRIO, e com muito peso no Brasil, é a ideologia de uma direita reacionária que se impõe e se explicita de forma gritante entre setores amplos dos segmentos sociais médios e subalternos. Quase hegemônica. Mais que nunca, confirma-se que a ideologia dominante é a ideologia das classes dominantes, como afirmaram Marx e Engels.
COMO REVERTER esse cenário de molde a que avancemos para uma sociedade superior ao invés de caminhar para a barbárie e a destruição consumista do planeta, previsível se mantido o atual modelo prevalecente de relação social?
Não será certamente pela priorização das pautas identitárias.

COTAS RACIAIS E DE GÊNERO, aborto livre, drogas descriminalizadas, homofobia criminalizada, são no conjunto vitórias importantes. Mas vitórias dentro de limites que não colocam em questão a opressão maior do grande capital sobre os interesses da maior parte da sociedade; a parte da sociedade que vive de seu próprio esforço. São vitórias que o regime capitalista já incorporou e até se propõe defensor, justamente para que a luta se afaste de eixos que coloquem o regime em causa.

TAIS VITÓRIAS só serão perenes e irreversíveis se inseridas na luta totalizante contra a opressão da burguesia sobre o mundo do trabalho. Numa sociedade que abra caminhos claros de desconstrução e superação da ordem capitalista vigente. Da construção de uma sociedade comunista que, nas realidades distintas do mundo, permitira á universalização da solidariedade humanista a partir das formas diversas como essa solidariedade se afirmará em cada realidade nacional ou regional específica.

UMA LUTA, ENFIM, levando em conta não apenas a crítica da economia política do capitalismo, mas também os cenários culturais e subjetivos consolidados, que se desenvolveram a partir das relações sociais existentes nessa pluralidade de cenários comunitários.

É NESSE EIXO REFERENCIAL, concreto, que entendo estar a via mais eficaz de lutas com perspectivas revolucionárias. Somando a capacidade formuladora de partidos políticos com a energia mobilizadora dos movimentos sociais de visão anticapitalista.

DANDO FORÇA e exponenciando as lutas de rua para que pressionem o institucional de molde, por exemplo, a transformar a próxima campanha presidencial em degrau importante da eliminação da ordem miliciano-militar vigente, com setas apontadas para um outro Brasil.

LUTA QUE SEGUE