Olavo de Carvalho passa, o olavismo fica

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Por Christian Lynch – Olavo de Carvalho foi o intelectual reacionário mais influente da história do pensamento brasileiro. Mais que Brás Florentino, Cândido Mendes, Jackson, Tristão, Corção etc. Criou hegemonia. Nenhum foi reivindicado jamais como intelectual oficial nem fez ministros de Estado como Olavo.

É um feito. A corrente reacionária sempre foi minoritaríssima no Brasil e nunca havia feito parte de uma coalizão governamental em posição dominante. Sempre perderam à direita para conservadores mais moderados, culturalistas (como Freyre) ou estatistas (como Oliveira Vianna).

Nos últimos vinte anos, Olavo virou ainda mais à direita. Migrou para o neofascismo contemporâneo e passou a agir diretamente por meio da rede social. Criou o caldo de cultura autoritária e reacionária que tornou possível a eleição de Bolsonaro.

Por quanto tempo isso vai durar? Os discípulos verdadeiros de Olavo originalmente eram culturalistas apolíticos, e até hoje estão por aí numa espécie de olavismo platônico. Os lacradores neofascistas da internet pertencem a um segundo momento.

No curto prazo, bolsonarismo e olavismo continuarão juntos. As tretas recentes são tentativas de reacomodação. Bolsonaro precisa intelectualmente dos olavistas e estes, sem aquele, não tem qualquer possibilidade de poder.

Olavo passa, mas o olavismo continua como visão reacionária de mundo e projeto efetivo de poder.

Por Christian Lynch