O PSDB e a corrosão antipolítica do business

O PSDB e a corrosão do business antipolítica joão doria
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Por Edson Bissiati – Definitivamente política não é uma ciência exata, muito menos um lugar onde a metodologia business pode deitar raízes. Pois bem, tal questão se defronta em cheio com a bagunça política que tem sido o PSDB. Temos visto um partido que ganhou duas eleições presidenciais no primeiro turno, a caminho do definhamento político. Isto pode ser observado em 2018, quando o então candidato do partido à presidência da República, Geraldo Alckmin, obteve 5% dos votos válidos no 1º turno – sendo esse o pior desempenho do partido numa disputa presidencial até os dias atuais.

Além disso, o partido viu sua bancada na Câmara dos Deputados definhar, de 54 membros em 2014 – a terceira maior bancada – para 28 deputados em 2018. Os números só demonstram um processo em curso, que é a identidade de fundação pessedebista perder espaço para uma abordagem performática, antipolítica e corrosiva, do ponto de vista da formação partidária. Situação esta protagonizada, principalmente, por João Dória, atual governador por São Paulo e pré-candidato do partido à presidência nas eleições de Outubro. Mencionar Dória, implica ilustrar parte primordial do lamaçal – quiçá o maior elemento de implosão da legenda – em que está metido o PSDB. Afinal, foi o atual governador de São Paulo, que em 2018, não só “passou a perna” em seu padrinho político e liderança histórica do partido, Geraldo Alckmin (sem partido), como também, se aliou a Bolsonaro (PL) no 2° turno encampando o medíocre slogan “BolsoDória” para, assim, surfar na onda do bolsonarismo e se eleger governador.

Posteriormente, João Dória catalisou um racha interno fatal, tomando a hegemonia do diretório estadual do partido em SP e protagonizando querelas decisivas com Paulo Serra e Geraldo Alckmin, basta observar o esforço dos dois ex-candidatos à Presidência em fortalecer o nome de Eduardo Leite no interior de São Paulo. Este descontentamento se estendeu para a seara nacional do PSDB, nomes como Tasso Jereissati, Aécio, e o próprio Alckmin. Toda essa confusão teve consequências: o governador sulgrandense Eduardo Leite (PSDB) ganha força dentro da ala insatisfeita com Dória e seu nome passa a ser ventilado para a disputa presidencial de 2022. Então, com um cenário partidário polarizado internamente, o PSDB numa tentativa de reverter o “racha” e ressignificar o sentido para uma “disputa democrática” interna, se projeta no debate político nacional adotando o modelo de prévias para definir seu candidato a presidente do Brasil.

Porém, o processo apenas trouxe para a superfície o caos em que o partido se encontrava. O resultado, para além da pancadaria entre os membros, foi uma acentuação da cisão interna do tucanato brasileiro, marcado por denúncias de fraudes de ambos os lados e um bagunçado processo de votação. João Dória, contando com o forte peso do diretório paulista na somatória dos resultados, sai vencedor das “prévias” e se torna o pré-candidato oficial do partido ao Planalto. Entretanto, o apaziguamento dos ânimos que muitos esperavam com o encerramento das “prévias”, e uma possível união partidária entorno da candidatura de Dória, não se concretizou. O nome de Doria continua “empacado” no cenário eleitoral, gerando assim pressão para a deserção de seu nome a candidatura presidencial.

Além disso, temos que notar que durante este processo, Geraldo Alckmin co-fundador do PSDB se desfiliou do Partido e hoje é quase certo que será candidato a vice-presidente numa chapa com o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), clássico adversário dos tucanos.

Diante de tudo isso, o que podemos ver é uma paulatina transformação de um partido que foi protagonista desde o processo de Redemocratização, seguindo o caminho de se tornar uma mera legenda de aluguel. Os atuais mandatários tucanos estão se deparando com o peso corrosivo da antipolítica e do discurso empresarial que Dória trouxe. É como diria Maquiavel, a fortuna é devastadora, principalmente para aqueles que não sabem controlar os seus impulsos.

Por Edson Bissiati