O Decálogo do Lulismo

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Por Cesar Benjamin – 1. Adote uma política econômica que enriquece os rentistas e deixa a taxa de câmbio fora do lugar, barateando produtos importados. O desmonte da indústria brasileira levará algum tempo, mas a sensação de bonança, dada pelo consumo, será imediata.

2. Abandone a ideia de um reformismo progressista. Troque medidas estruturais (reforma agrária, tributária e educacional, investimentos em infraestrutura e saneamento) por medidas de curto fôlego, baseadas em abundância circunstancial de recursos fiscais. Distribua dinheiro vivo e amplie as possibilidades de crédito para o consumo privado. As pessoas adoram.

3. Loteie politicamente a Petrobras e a Eletrobras. Permita que se tornem áreas preferenciais da corrupção. Contra a opinião do corpo técnico, imponha projetos desastrosos, decididos pela política e pela propina. Para fortalecer a sensação imediata de bem-estar, manipule preços e tarifas de combustíveis e de eletricidade, mesmo que isso leve as duas maiores empresas brasileiras à beira da insolvência.

4. Dê bilhões de reais aos empresários da educação privada para expandir rapidamente as fábricas de diplomas. Diga que está democratizando a educação. Estrangule o ensino superior de qualidade. Crie algumas universidades inviáveis, sem suporte de pesquisa e desenvolvimento.

5. Dê bilhões de reais para os empresários da construção civil, na forma de um programa de habitação popular que não contempla critérios arquitetônicos e urbanísticos mínimos. O importante não é produzir bairros e residências, mas números e lucros. Estabeleça relações íntimas, muito íntimas, com os grandes grupos da engenharia pesada que dependem de recursos públicos.

6. Para surfar na demanda chinesa, dê toda força ao agronegócio. Aproveite a folga cambial para financiar importações de bens de consumo. A reprimarização da economia só trará malefícios depois de vários anos.

7. Fale sempre de você mesmo. Despreze a organização e a mobilização do povo. Aposte na desinformação e na despolitização. Coopte os movimentos sociais. Promova sindicalistas a gerentes de empresas estatais e faça convênios (baratinhos) com movimentos sociais. Isso basta para comprar a lealdade deles.

8. Construa novas alianças políticas. Entregue a oligarquias locais a gerência de programas sociais descentralizados. Dê o sistema elétrico para o grupo de José Sarney, “de porteira fechada”. Ofereça a área mais lucrativa da Petrobras a Fernando Collor. Não esqueça Paulo Maluf no controle da Habitação. Viaje o Brasil inteiro, diversas vezes, para impulsionar a carreira de políticos como Sérgio Cabral e Jader Barbalho. Fortaleça o PMDB e o PP, pois é fácil lidar com eles.

9. Cerque-se de arrivistas e picaretas. Leve a esquerda a abandonar valores e ideias. Estimule o pragmatismo no mais elevado grau. Transforme a militância em uma via para uma fulminante ascensão social, por quaisquer meios.

10. Quando tudo isso se esgotar, quando tudo der errado, quando a mágica acabar, exiba o crescimento da direita e peça, de novo, o apoio da esquerda.

Por Cesar Benjamin

  1. Penso que se correta a análise de César Benjamim em relação ao Lula,ele deveria colocar em execução seu ideal é correto plano para uma sociedade socialista.
    saindo da análise direto para uma ação concreta,governar o país e organizar as massas,apoiaria sem dúvida
    Se as esquerdas se unissem despidas de suas vaidades e supremacia,a direita não estaria tão bem!

  2. Tudo isso está certo, mas talvez fosse interessante mencionar a questão do “pragmatismo” em nome da governabilidade. Cercar – se da cambada mais cleptocrata e safada e entregar tudo o que pedem na chantagem, trair seus discursos, militância e promessas em nome disso, promovendo uma meritocracia às avessas, sendo quanto mais safado e malandro, mais credenciado aos mais altos postos.

  3. Complamente equivocada a análise desse senhor. Juntou uma série de teorias que não encontram fundamento na realidade ( se mostra generalista nos aspectos que se referem à investimento em cultura, educação, tecnologia… e se apresenta simplista quando se refere a alianças politicas). O PT errou, sim, em muitos aspectos, mas muito menos do que errou qualquer outro partido. O ódio desse senhor ao Lula é antigo, e parece que por questões pessoais. O tempo, por si só, não consegue eliminar mágoas.

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