A nova pesquisa Ipec sobre o governo Lula

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Segundo o Ipec, Lula chega ao fim de março com 41% de aprovação [bom/ótimo] e 24% de reprovação [ruim/péssimo]. 30% consideram o governo regular. São números próximos ao de Bolsonaro, que neste período do mandato teve os números mais fortes de popularidade. Normal, já que o primeiro semestre costuma ser uma lua de mel com o eleitorado.

Os principais índices de Lula continuam mais elevados no NE [53% de aprovação]. No SE são apenas 36% de bom/ótimo. A resistência evangélica continua enorme: 31% aprovam e 32% desaprovam.

Os números atuais não são ruins por si mesmos. O contexto parece que é, já que a economia desacelera e a expectativa é de crescimento de 1,5% em 2023. Lula quer ”comprar” fisiologicamente o voto da IURD, uma tática que usou na sua primeira passagem e que não teve tanta eficácia: nem 5% dos evangélicos pertence à seita de Edir Macedo, que é muito mal visto por boa parte deste recorte religioso.

Quanto mais abraços ao identitarismo, maior a probabilidade de uma popularidade baixa já no terceiro trimestre.

De resto, Lula terá também um ”núcleo duro” de simpatizantes, espelhando Bolsonaro. Mas a força mobilizadora nas classes populares é anti-progressista. E se reúne constantemente e com capilaridade em igrejas nas principais metrópoles, com símbolos identitários e linguagens comuns, meios de comunicação próprios etc.

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Só 22% do eleitorado responsabiliza Bolsonaro pelos atos de 8 de janeiro. Mais da metade dos entrevistados opina que o ex-Presidente é completamente inocente no episódio. Portanto, esse ponto é incapaz de sustentar a popularidade e a coesão do atual governo, como planejado por parte do sistema político.

A Democracia Militante estabelecida para garantir o mandato de Lula terá muitos problemas pra encontrar uma narrativa que a legitime aos olhos da população. Insistir nesta concentração de poderes é aumentar a crise de legitimidade da Nova República.

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Segundo a pesquisa Ipec, 44% eleitorado acreditam que o país corre o risco de se tornar comunista. Entre os evangélicos, vai a 57%, mas entre os católicos está também em cerca de 40%. No SE, metade do eleitorado acredita neste risco. Faltou a pesquisa averiguar o que se entende por comunismo no eleitorado, já que a palavra costuma fazer referência à Venezuela, mas também ao medo de perseguição religiosa e ao moralismo militante da esquerda identitária.

De qualquer modo, o termo é mais complicado do que nunca em eleições majoritárias, dado o repúdio que gera na população.

A nova pesquisa Ipec sobre o governo Lula