Robert McNamara foi presidente do Banco Mundial entre 1968 -1981. Foi um dos primeiros intelectuais da burguesia que percebeu que mais eficiente que golpes de Estado e matar geral, era colonizar por dentro as esquerdas, adotando pautas “sociais” sem reformismo/radicalidade.
Então ao invés de só financiar organizações conservadoras (ou matar) contra o movimento de mulheres, negros, povos indígenas, camponeses, sindical e afins, tinha que investir grana para criar um campo liberal, ocidentalista e sem reformismo/socialismo nessas lutas.
Ele também percebeu que muito mais eficiente do que colocar os meganha da CIA para comprar a galera, uns entreguistas declarados, era melhor usar diversas formas de financiamento cruzado, sem controle de execução de projetos e sem infiltrar agente da CIA em todo canto.
Não precisava infiltrar um agente da CIA em movimento negro se você pode a partir de editais, ONGs, projetos acadêmicos e afins, encher de dinheiro um campo liberal do movimento negro. Pense na lógica eficiente envolvida nisso.
Lança um edital para defesa dos direitos humanos. Uma organização marxista nunca vai ganhar isso. Uma não radical/reformista vai. Dinheiro, emprego, formação de quadros para política institucional, capacidade de mobilização, pautar o debate público e afins.
No final, pela própria força da infraestrutura da circulação de ideias, você isola os radicais sem precisar matar (mas se precisar, de boas). E tipo: não tem como denunciar ninguém como agente da CIA. A galera não é mesmo agente da CIA. É, no geral, gente bem honesta e dedicada.
Criar, fomentar e irrigar de dinheiro e estrutura campos políticos variados em detrimento dos radicais, reformistas, nacionalistas anti-imperialistas e afins. Nada é mais eficiente que isso. Robert McNamara era um gênio e entendeu bem o jogo depois da derrota no Vietnã.
Ao meu ver, ainda que talvez não do ponto de vista teórico, na formulação da ideia, mas desde uma perspectiva estratégica, é Robert McNamara o pai do social-liberalismo.
