Sobre o mito do ‘imperialismo chinês’

Sobre o mito do imperialismo chines
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Um país altamente industrializado oferece crédito de US$ 10 bilhões para um país subdesenvolvido. Deve ser usado para contratar companhias deste para construção de infraestrutura, e o pagamento deve ser feito em petróleo.

Quais seriam os países?

Pois bem, a situação lembra muito as relações desenvolvidas nos últimos anos entre a China e Angola, e mesmo outros países africanos. Muitos teóricos ocidentais tacham tal relacionamento de “imperialista”. Mas na verdade, o exemplo é de proposta feita pelo Japão à China em 1978.

Após negociações, Deng Xiaoping assinou o acordo com o primeiro-ministro japonês Tanaka. Com o crédito, foram construídos portos modernos, plantas energéticas e infraestrutura avançada em território chinês, no contexto das políticas de Reforma e Abertura.

O Japão não impôs tal medida à China, assim como a China não impôs medida semelhante para Angola. Constituiu boa oportunidade para ambos: acesso rápido à linha de crédito e construção de infraestrutura X exportação de serviços de engenharia e garantia de petróleo ou commodities.

Não são as assimetrias em si que constituem o fenômeno do “imperialismo”, mas sim as imposições externas ou desestabilizações da política interna impostas por interesses estrangeiros. O antigo acordo serviu ao desenvolvimento chinês, assim como o de hoje serve para Angola.

A comparação foi exposta pela professora Deborah Brautigam, especialista nas relações China-África, que desmente muitos dos principais mitos sobre o “imperialismo chinês”. Serve também para pensar o papel do BNDES na América Latina, tão criticado pelos neoliberais de todos os matizes.