Louis Rougier e os novos guerreiros da Razão

Louis Rougier e os novos guerreiros da Razao
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Vocês já ouviram falar de Louis Rougier?

Filósofo francês inspirado em Henri Poincaré que estudava a nova física e as teorias mais modernas da ciência de sua época, um dos poucos de seu país a ter intercâmbios proveitosos com o Círculo de Viena e o positivismo lógico na primeira metade do século passado.

Este cientificismo era articulado a uma forte crítica ao cristianismo, o que inspirou posteriormente teóricos do neo-paganismo de direita, tais como Alain de Benoist (que chegou a declarar que ele era “nosso Sartre”), militantes do nacionalismo francês contrário à independência da Argélia.

Na política, se filiava à filosofia política liberal na tradição de Montesquieu, Tocqueville, Guizot. Participou das iniciativas precursoras do novo liberalismo que iria ganhar força posteriormente, tais como o Colóquio Walter Lippmann e a sociedade Mont Pèlerin, apoiado por nada menos que Friedrich Hayek.

Ciência, racionalismo anti-religioso, liberalismo… Um homem racional, sensato e ponderado? Bem, o sujeito foi participante ativo do governo da França de Vichy, aquela que se rendeu ao nazi-fascismo de forma vexaminosa. Às ordens do marechal Pétain, chegou até a encabeçar missões oficiais na Inglaterra de Churchill.

É que o guerreiro da Razão curtia determinismos biológicos a justificar desigualdades naturais entre os povos, fazendo-o acreditar que o Ocidente europeu (ameaçado pelo perigo bolchevique) era incomparavelmente superior às outras civilizações.

O padrão não lembra certas figuras contemporâneas? Racionalistas, agindo em nome da ciência positiva (da economia, biologia, psicologia, etc.), ateus e liberais, que, na hora decisiva, fecham com o fascismo. Tenho certeza que já viram esse tipo de personagem por aí, pululando pelos grupos e páginas que discutem ciência e ateísmo.