A inflação mundial e não-governo de Bolsonaro

A inflação mundial e não-governo de Bolsonaro
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A inflação é mundial e evidencia um golpe especulativo geral. Mas o governo é nacional e sua função é mobilizar os recursos do país para protegê-lo das crises internacionais. Um governo que se exime da função de governar e deixa o país à deriva na crise mundial, como o do Bolsonaro, não pode ser chamado de governo, pois efetivamente não governa.

Nessas condições, o governo não é mais do que um cabide de emprego. No caso do Bolsonaro, é um cabidão para arrumadores de desculpas, que passam seu tempo confabulando narrativas, a única função criativa que os dogmas da Escola Austríaca lhes permitem ter.

Quem de fato governa e exerce a autoridade que o cargo presidencial lhe confere não inventa historinha, arregaça as mangas e faz o que tem que ser feito, como Getúlio fez para superar os efeitos da crise de 29, como Geisel fez para contornar o choque do petróleo e como Lula fez para conter a crise de 2008: investimento público na veia, substituição de importações, construção e ampliação de infraestruturas e indústrias de base, diversificação da matriz energética e agropecuária, criação de empregos e ampliação do mercado consumidor interno.

E assim se governa um país, ainda mais um como o Brasil, que tem de tudo para todos, bastando vontade política para aproveitar. Às favas as ideologias, todas elas diversionistas e fraturantes, úteis apenas para quem quer o país de joelhos. Toda crise exige que o governo exerça sua autoridade perante os achacadores de dentro e de fora do país. Se não tiver governo para fazer isso, então que se demita e que Wall Street e a City assumam logo o controle do país, sem intermediários. Pelo menos servirá para mostrar quem é que de fato manda.