O presidente Gustavo Petro acaba de aprovar na Colômbia um “PND” (Plano Nacional de Desenvolvimento) de R$ 1,2 tri. O projeto tem pontos ousados, como a previsão de 2,9 milhões de hectares para a reforma agrária e redução da participação privada no sistema de saúde colombiano.
A aprovação foi complicada e custosa. Petro tentou aprovar um projeto anterior, mais ambicioso, e foi derrotado. Teve que trocar 7 ministros do seu governo, incluindo o da Fazenda. Desmanchou e recompôs sua coalizão governista, mais de uma vez.
Houve também muito esforço de mobilização. Petro fez um grande ato pela aprovação do projeto no dia 1º de maio. Pressionou o congresso colombiano nas ruas pela aprovação do projeto. Se colocou como um político “anti-establishment”, contra as elites políticas da Colômbia.
Cabe destacar também que o PND colombiano colocou a economia como prioridade, sacrificando questões divisivas para a sociedade colombiana. Petro ignorou, por exemplo, as recomendações da “Comissao da Verdade” colombiana para investigar os crimes na guerra rural do país.
Pode-se dizer que Petro seguiu quase que o caminho oposto seguido no Chile. No Chile, o governo Boric colocou questões como o estado plurinacional e o direito ao aborto (que em nenhum país do mundo é lei constitucional) na frente de discussões como saúde e aposentadoria públicas.
O resultado foi que a Constituição formulada pela esquerda chilena foi rechaçada em referendo por 62% da população. Em nova eleição nessa semana, a extrema-direita ganhou maioria acachapante da Assembleia Constituinte e vai formular a nova constituição sem vetos da esquerda.
Aqui no Brasil o governo Lula ainda parece indeciso sobre seu rumo. Mas nesse momento, com política fiscal conservadora e discurso progressista nos costumes, parece mais próximo do caminho chileno. Resta ver os impactos das diferentes estratégias das esquerdas latino-americanas.
