Futuro sombrio: o Brasil não se recuperará, nem se desenvolverá (em 50 atos trágicos)

1. O futuro do Brasil é sombrio. Passados 500 e poucos anos desde a invasão portuguesa, o Brasil ainda não se constituiu como nação. O ajuntamento de brasileiros nem de longe constitui uma nação. Em meio à maior pandemia da história, com mais de 250 mil mortos, cerca de 13,5 milhões caíram para a extrema pobreza e a sociedade civil organizada não foi capaz sequer de gritar em alta voz. O governo atual que injetou 1,3 trilhões de reais no sistema bancário é incapaz de elaborar uma política pública de combate à fome, apenas uma. Pelo contrário, gasta com cerveja, churrasco e leite condensado para os quartéis.
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1. O futuro do Brasil é sombrio. Passados 500 e poucos anos desde a invasão portuguesa, o Brasil ainda não se constituiu como nação. O ajuntamento de brasileiros nem de longe constitui uma nação. Em meio à maior pandemia da história, com mais de 250 mil mortos, cerca de 13,5 milhões caíram para a extrema pobreza e a sociedade civil organizada não foi capaz sequer de gritar em alta voz. O governo atual que injetou 1,3 trilhões de reais no sistema bancário é incapaz de elaborar uma política pública de combate à fome, apenas uma. Pelo contrário, gasta com cerveja, churrasco e leite condensado para os quartéis.

2. Milhões de brasileiros e brasileiras estão passando fome enquanto em nossas terras estão pastando os maiores rebanhos do mundo. Não há solidariedade social. Uma nação não se constitui apenas com instituições fortes, mas sobretudo com um forte senso de solidariedade. Não há qualquer solidariedade no Brasil atual. Enquanto milhões passam fome, até as igrejas brigam para que o governo autorize o funcionamento de seus cultos visando unicamente a arrecadação financeira de seus fiéis.

3. Todas as nações do mundo que se desenvolveram apostaram as suas fichas num amplo processo de industrialização e de produção de bens com valor agregado. Há trinta anos, o Brasil passa por um violento processo de desindustrialização que só se agrava

4. As entidades patronais dos industriais apoiam o atual governo, cuja política de câmbio destrói a indústria nacional.

5. Aliás, os industriais brasileiros estão à serviço de quem?

6. A economia brasileira caminha a passos largos para ser reduzida à pó, isto é, a uma economia agroexportadora e baseada num mercado precário de serviços. Popularmente falando, em uma década o Brasil não passará de um fazendão exportador de grãos, carne e leite, cercado de megacidades caóticas, poluídas, dinamizadas por um mercado precário de serviços, recheadas de pobreza extrema, regidas por um sistema de semi-castas sociais. Tudo isso em meio ao caldo cultural neopentecostal.

7. Muito em breve o endividamento social brasileiro explodirá num curto-circuito do crédito. As pessoas entrarão em desespero porque não conseguirão pagar seus boletos. Colapso. A vida à crédito conduzirá paulatinamente o corpo ao esgotamento – e pior: o corpo buscará, como um viciado, mais um boleto para ser pago.

8. Todas as nações do mundo que se desenvolveram aproveitaram a janela de oportunidades que é a chamada “janela demográfica”, ou seja, o espaço de tempo em poucas décadas em que a população economicamente ativa é maior do que a população inativa. Em rápidas palavras, trata-se do período em que a força de trabalho do país atinge sua pujança. Se o país não aproveitar esse tempo, muito dificilmente conseguirá se desenvolver, tendo em vista o acelerado envelhecimento da população que ocorre logo após a janela. Para o Brasil, essa janela se fechará em 2035, isto é, em 14 anos. Até o momento não há nenhum indicativo de que o país conseguirá aproveitar o período traçando as linhas gerais de um projeto de superação de seus problemas históricos, pelo contrário, o atual presidente Jair Bolsonaro tem chances reais de ser reeleito – e se isso se concretizar, seu desastroso governo só terminará em 2026, diminuindo esse espaço de tempo para 9 anos.

9. Em 9 anos o Brasil não conseguirá colocar em marcha um projeto de desenvolvimento ou qualquer outro projeto. Isto é fato. Ao fim e ao cabo teremos uma geração de velhinhos, miseráveis, vendendo panos de prato nos faróis.

10. Não existe essa figura bizarra chamada de burguesia nacionalista. A burguesia brasileira está entranhada no entreguismo. Não existe setor produtivo. Aprendam, jovens: o setor produtivo é apenas uma das faces do velho Janus. A outra é o setor rentista! O velho Janus, todavia, é o mesmo.

11. PSDB é o nome da célula cancerígena que está na origem de nossa metástase. Foi essa claque que colocou o país à venda e roçou os pés no autoritarismo e no golpismo sem o menor pudor. Se o bolsonarismo nasceu da lama petista, só o fez porque o PSDB conduziu a luta parlamentar ao mais baixo nível da história. Esse é o modus operandi do petucanismo.

12. A classe-média-alta brasileira é movida pelo medo. O medo, entre outras coisas, advém de uma terrível incapacidade de entender o mundo. A classe-média-alta brasileira odeia pobre porque tem medo de se tornar pobre.

13. A classe-média-alta brasileira, a “massa cheirosa” de Eliane Catanhêde, por causa do medo, sempre tenderá ao conservadorismo. Não há qualquer horizonte de apoio a um projeto progressista, de emancipação, seja qual for o nome que se dê a isso.

14. O governo atual entregou o Banco Central do país nas mãos do sistema financeiro. Significa dizer que, não importa quem seja eleito Presidente da República, não haverá qualquer mudança estrutural da política econômica frente ao papel especulativo do Banco Central.

15. A cadeia logística do petróleo brasileiro já foi privatizada. Está nas mãos de grandes petroleiras internacionais.

16. A cadeia logística do setor elétrico/hidrelétrico brasileiro está em vias de privatização.

17. A logística aeroviária brasileira já está nas mãos de grandes companhias internacionais.

18. A logística rodoviária brasileira encontra-se nas mãos de grandes consórcios privados.

19. As Forças Armadas batem continência à bandeira estadunidense.

20. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encerrou suas principais linhas de financiamento, e em breve será desmontado. Possivelmente deixará de existir, ou será reduzido à figura simbólica.

21. Não há horizonte legislativo para reverter as mudanças estruturais postas em marcha pelo governo entreguista de Jair Bolsonaro. Aliás, o campo progressista nunca obteve maioria parlamentar.

22. A Constituição Federal que vigorou no país entre 1988 e 2016 não passa de um fantasma, um esqueleto formal, paulatinamente desmontado pelo atual governo. É sombra insubstancial. Equivale dizer: o pacto capenga da Constituinte esboçado no “Compromisso com à Nação” de 7/08/1984 simplesmente desabou. A transição lenta e gradual deu lugar a um retrocesso acelerado e total.

23. O atual governo é fruto de uma estratégia de tomada de poder. Bolsonaro terminará seu mandato com milhares de militares em postos-chave da República. Os militares voltaram ao poder, não pela força dos tanques e baionetas, mas pela força da manipulação cibernética, supervisionados por Steve Bannon, comissionado para tal.

24. As Forças Armadas brasileiras não respondem ao Presidente da República, muito menos à Constituição Federal. As Forças Armadas brasileiras respondem ao Pentágono e ao Departamento de Estado norte-americano. Soberania brasileira não passa de balela.

25. Por que os militares tomaram o poder? Por duas razões: reescrever a história e encher os bolsos de dinheiro.

26. Os militares assistiram boquiabertos à farra das privatizações conduzida por FHC. Viram, de olhos abertos e em pleno céu ensolarado, muita gente colocar dinheiro no bolso, enquanto contavam as moedinhas do orçamento. Não se engane: os militares perderam qualquer nacionalismo (e, também a vergonha na cara!). Querem eles mesmo fazer uma farrinha particular. Não seja tolo: a PETROBRAS é a cereja do último bolo. Cadê o Pré-Sal?

27. Não, não há qualquer possibilidade de Lula voltar ao poder. Lula não será candidato, porque se ganhar, não assumirá. Acabou o pacto conciliador!

28. Sem a mesa de negociação, o lulismo sai enfraquecido. Sem mesa de negociação, o lulismo aos poucos desaparecerá.

29. Não há qualquer possibilidade de a esquerda voltar a governar em curto/médio prazo. O próximo presidente será de centro-direita, eleito sob um pacto que excluirá a esquerda e se comprometerá com a “agenda de reformas”. Preparem-se para o show! É 16 anos fora do poder!

30. Sim, o PT virou um partido da ordem. Nada mais.

31. Não há qualquer perspectiva revolucionária na esquerda brasileira. Nem tanto pela falta de força popular, mas sim pela completa incapacidade de formulação teórica. Desde junho de 2013 a esquerda está perdida, completamente perdida.

32. O Poder Judiciário está sob tutela dos militares, conforme revelou o ex-comandante do Exército General Villas Boas.

33. Uma vez que a Operação Lava-Jato realizou sua tarefa, ela deixou de existir. Qual tarefa? Mobilizar, junto a outras forças, o aparato judiciário para um golpe branco de Estado, o que ocorreu em 2016.

34. Essa semana, foi divulgada uma notícia de que a Associação de Juízes Federais está dando cursos para juízes aposentados aprenderem a imigrar para Miami. Salve o tio Sam! Na cara de pau!

35. Não há imprensa livre: há imprensa endinheirada.

36. O condomínio do poder não está rachado. Isso é conversa pra boi dormir. Em momentos de tensão, os interesses sempre convergirão.

37. O condomínio do poder no Brasil está forjado na argamassa do sangue preto e periférico. Ele não ruirá tão cedo!

38. Realocar a luta social para dentro do Parlamento é, hoje, o mais belo ato de covardia.

39. Invocar o “sucesso” da política brasileira das últimas décadas, seja com a Constituição, o Plano Real ou a pequena melhora nos indicadores sociais sob Lula é infantil e desonesto. Desconsidera, por exemplo, que esse sucesso é parte da engrenagem que nos conduziu até aqui.

40. Que Bolsonaro é uma atração de grande apelo e pouco valor, todos nós já sabemos. A questão é o que se realiza por baixo de suas calças, isto é, o conjunto de desmontes e reformas cujo objetivo final é um só: levantar muros para a elite brasileira se cercar e se proteger do oceano de zumbis-miseráveis no qual o Brasil se tornará.

41. Vejo o futuro: a explosão das favelas e o período neocolonial. Tudo o que estava aparentemente morto, ressurgirá.

42. A favelização do Brasil está em marcha desde 2016. O cálculo, produzido com ampla participação dos liberais e militares é o seguinte: se não há saída para a miséria, logo a miséria é a última saída. Deixar a favela se reproduzir em alta velocidade! Ondas e mais ondas de miserabilidade. Territórios inteiros devastados e mergulhados no caudaloso rio da precariedade – DESDE QUE – os condomínios e ilhas de excelência sejam protegidos (à bala, claro).

43. Favelados com celulares nas mãos continuam sendo favelados. A favela é pop. A glamourização da miséria é o próximo passo patrocinado pelos (neo)liberais brasileiros.

44. Pequenos enclaves de riqueza, cercados de uma agitação violenta de miseráveis. Pequenos enclaves protegidos por armas de fogo: Condomínio Grande e Senzala.

45. Truco! Desce! A ruptura veio pela direita e não pela esquerda. Lembre-se: a periferia que não aguenta mais, quer romper com essa vidinha miserável, ainda que para isso seja necessário vender a alma. A direita entendeu a prosa. A esquerda nem sabe do que se trata!

46. Não haverá frente ampla! Amplas mesmo só as reformas (neo?)liberais. Eis a pauta inegociável. A democracia, oras, é descartável.

47. As nuvens do liberalismo carregam dentro de si a tempestade da guerra. O que está em marcha é uma guerra contra os pobres. Não há mais luta de classes por causa da assimetria da luta. Os liberais brasileiros são o que são. Não espere nada deles!

48. Dentro em breve, quando as devidas “reformas” forem feitas, o sistema político será engessado. Isso para que apenas os lacaios das multinacionais coordenem a manutenção do Brasil neocolonial. Gerenciamento! Não me espantaria um Brasil parlamentarista com voto distrital, acrescido de alguma jaboticaba eleitoral.

49. Por fim, na última curva do rio, a máfia vitoriosa lançará mão da Amazônia. Assistiremos, em poucas décadas à mais radical dilapidação do Meio-Ambiente de toda a história. Um genocídio da população indígena com total destruição da sóciobiodiversidade. A pretexto de salvar o país da miserabilidade total, militares, liberais, pastores e magistrados se unirão novamente: dessa vez para vender a Floresta. Eis o golpe final.

50. “Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano…” (George Orwell).

  1. Faz tempo que não lia uma definição tão boa desse Latifúndio chamado Brasil, esse projeto de nação que não deu certo! Graças a Deus e a minha perspicácia, eu saquei em idade bem jovem que isso daí não tinha futuro e saí fora a tempo! Mas quantos que não tem a mesma chance né?! Aproximadamente una 200 e poucos milhões de pessoas!

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