Sobre o fetichismo da práxis como ‘motor’ da história

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Esse fetichismo da práxis de certos marxistas cria uma narrativa histórica em que existe um processo, um “motor” imanente na história que se bem mobilizado gerará a emancipação. Luta de classes, desenvolvimento das forças produtivas, etc. Como se uma sociabilidade sempre derivasse de “embriões” já estabelecidos nas sociedades passadas.

Se você aceita essa premissa, faz sentido falar em transição e teoria revolucionária. Caso contrário, uma teoria crítica pode no máximo, se não quiser ser idealista, tentar prever como a realidade funciona, quais as mediações que nos conectam e fazer a própria crítica da práxis, ou seja, determinar se certa práxis reproduz ou não as categorias capitalistas.

A teoria que se subordinada à práxis é uma pseudo-atividade. Essa postura cria muletas, algo que posso me agarrar e resolver a contradição entre a impotência e potência do sujeito, cria estátuas de adoração.

Já a teoria crítica não produz esquemas prontos e acabados, mas é algo em processo constante de desenvolvimento conforme a própria dinâmica do capital, que uma crítica truncada do marxismo tradicional não suporta, pois devemos ter uma fórmula mágica pronta para aplicar na práxis.

Para eles o capital é estático, as duas classes sociais em conflito, a propriedade privada mantendo a exploração, cada classe tentando impor sua dominação pelo controle dos aparelhos ideológicos de Estado e de seu aparelho repressivo.

Em particular, não tenho pretensão de criar esquemas prontos de projetamento que tirei da minha mente, ideologias escatológicas ou profetismos de como gerar a sociedade comunista. Não será uma teoria iluminada que esclarecerá os caminhos da ruptura ontológica, mas os movimentos práticos em seus tensionamentos com a realidade, criando situações para tal.

Desci da montanha e não quero voltar à posição de sacerdote da emancipação. Não há certeza de que a emancipação virá, mas a realidade com seus sintomas demonstram que um espectro ronda entre nós: o espectro do capital. Boa sorte aos bem aventurados.